O Brasil disse na terça-feira (18) que ainda espera chegar a um acordo sobre algumas das questões mais controversas da cúpula climática COP30 antes do previsto, mas admitiu que ainda há grandes diferenças entre os países em questões como combustíveis fósseis.A cúpula de duas semanas na cidade amazônica de Belém reúne governos de várias partes do mundo para fortalecer a complexa estrutura da ONU que sustenta a ação global para deter o aumento da temperatura e lidar com os danos causados por ele.O Brasil, país anfitrião, quer um acordo em duas etapas: um pacote na quarta-feira, incluindo itens que, há uma semana, eram considerados espinhosos demais para serem incluídos na agenda formal, e outro que encerre as questões pendentes até sexta-feira.SAIBA MAIS: Descubra o que os especialistas do BTG estão indicando agora: O Money Times reuniu os principais relatórios em uma curadoria gratuita para vocêConfirmando que os negociadores trabalhariam até tarde da noite pelo segundo dia consecutivo, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, disse que ainda esperava que o primeiro acordo fosse aprovado na quarta-feira, mas que poderia ser “muito tarde”.Nesta terça-feira, invocando o conceito brasileiro de “mutirão”, a presidência da COP30 divulgou um primeiro esboço de um possível acordo de cúpula intitulado “Mutirão Global: unindo a humanidade em uma mobilização global contra as mudanças climáticas”.Guterres e LulaO secretário-geral da ONU, António Guterres, retornou a Belém nesta terça-feira e se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira.Lula disse que a reunião visa “fortalecer a governança climática e o multilateralismo”.Dentre a lista de tópicos mais difíceis, está a definição de como os países ricos vão fornecer financiamento para que os países mais pobres façam a transição para energia limpa e o que deve ser feito com relação à lacuna entre os cortes de emissões prometidos e os necessários para impedir o aumento das temperaturas.Algumas nações, incluindo o Brasil, querem um roteiro para ajudar os países a implementar um acordo alcançado na COP28 em 2023 para eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis, embora a minuta do acordo tenha listado isso apenas como uma inclusão opcional.“A referência atual no texto é fraca e é apresentada como uma opção. Ela deve ser reforçada e adotada”, disse Tina Stege, enviada climática das Ilhas Marshall, em uma coletiva de imprensa ao lado de representantes de mais de uma dúzia de países que a apoiam.Mais tarde, Corrêa do Lago indicou que a opção que prevê que os países apresentem planos para reduzir o uso de combustíveis fósseis já havia sido rejeitada por vários outros países por ser considerada muito onerosa.“A maioria dos países ou é muito favorável ou é uma linha vermelha”, disse ele.Diferenças permanecemDois negociadores e dois observadores externos, que têm permissão para participar das negociações, descreveram separadamente à Reuters uma ampla gama de divergências que ainda não foram resolvidas.Questões como o fornecimento de financiamento há muito tempo colocam os países desenvolvidos, muitos dos quais estão lidando com finanças públicas apertadas e prioridades domésticas concorrentes, incluindo segurança, contra as nações mais vulneráveis, como pequenos Estados insulares sob a ameaça existencial da elevação dos mares.Algumas dessas diferenças foram capturadas em esboço da presidência da COP30, que apresentou uma ampla gama de opções para a redação final das principais questões, dando poucos sinais de onde o acordo final chegaria.Um observador afirmou à Reuters que os delegados estavam com dificuldades para avançar em direção a acordos.“Os textos propostos divulgados hoje mostram algum progresso, mas ficam bem aquém do nível de ambição que esta COP exige”, disse Rachel Cleetus, diretora sênior de políticas para o programa de Clima e Energia da Union of Concerned Scientists.