Carlos Manzo tinha 40 anos, era casado e tinha dois filhos. Iniciou sua carreira política pelo partido Morena, o mesmo da atual presidente do México, Cláudia Sheinbaum.Em 2024 ele rompeu com sua antiga legenda e foi eleito prefeito de Uruapan, cidade conhecida por ser a capital do abacate exportado para os EUA e por estar assolada pelos cartéis de drogas, como o Jalisco Nueva Generación e o La Nueva Familia Michoacana.Manzo fez do combate ao crime e à corrupção sua principal marca e ficou famoso por patrulhar pessoalmente as ruas da cidade equipado com armas e colete à prova de balas.Entretanto, no último dia 1º de novembro, Manzo foi assassinado enquanto comemorava com populares os preparativos para a celebração do Dia dos Mortos.A reação da população foi uma série de manifestações violentas que começaram no estado de Michoacán, com invasão e incêndio da sede do governo local, e que chegaram neste sábado à praça do Palácio Nacional, sede do governo mexicano, deixando um saldo de mais de cem feridos.A presidente Sheinbaum classificou as marchas como “inorgânicas” e sugeriu que foram financiadas por políticos da oposição. Além disso, seus apoiadores vêm na adesão da chamada “geração Z” um sinal de que há manipulação e atuação das Big Techs para desestabilizar o governo.O fato, no entanto, é que Manzo vinha cobrando publicamente Sheinbaum por mais recursos e empenho do governo federal no combate às facções. Essa combinação criou um ponto de inflexão, transformando a indignação localizada em um movimento de protesto nacional, colocando o governo sob intensa pressão. Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política (UnB)