Thomaz Mazzoni, de A Gazeta Esportiva, foi o primeiro jornalista a alertar que Pelé estava próximo do milésimo gol no segundo semestre de 1969. A partir daquele instante, a imprensa esportiva começou a fazer a contagem regressiva. Em 19 de novembro de 1969, o Santos enfrentou o Vasco, no Maracanã, e a marca tão esperada veio em cobrança de pênalti. O goleiro do time carioca, o argentino, Andrada, pulou no canto esquerdo e, por pouco, não defendeu. Na autobiografia de Pelé (Sextante/2006), o Rei não esconde a emoção de relembrar aquele momento: “(…) Corri direto para o fundo da rede, peguei a bola e a beijei. O estádio era uma explosão de rojões e gritos. De repente, me vi cercado por uma imensa multidão de repórteres. Havia microfones diante do meu rosto, e então dediquei o gol às crianças do Brasil. Disse que precisávamos cuidar das nossas criancinhas. Comecei a chorar e fui parar em cima dos ombros de alguém, segurando a bola no alto como um troféu. O jogo ficou paralisado por 20 minutos, enquanto eu dava uma volta no campo. Alguns torcedores vascaínos correram na minha direção e me deram uma camisa do Vasco com o número 1.000 estampado nas costas. Achei aquilo estranho, mas não tive escolha a não ser vesti-la ali na mesma hora. (…).” Siga o canal da Jovem Pan Esportes e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Pelé foi muito criticado, pois achavam que ele estava fazendo demagogia ao citar as crianças pobres. Ele justificou: “(…) Por que mencionei as criancinhas? Era o aniversário da minha mãe naquele dia, e talvez eu devesse ter dedicado o gol a ela. Não sei por que não pensei nisso. Na hora me vieram à cabeça as crianças. O que aconteceu foi que me lembrei de um incidente ocorrido em Santos alguns meses antes. Eu saía do treino um pouco mais cedo quando vi uns garotos tentando roubar um carro estacionado perto do meu. Eram meninos pequenos, a quem normalmente você daria uns trocados para lavar o seu carro. Perguntei o que estavam fazendo e eles responderam que eu não me preocupasse, só estavam roubando carros com placas de São Paulo. Eu falei que não iam roubar carros de lugar nenhum e mandei sumirem dali. (…).”Os anos se passaram e aquela reflexão até hoje causa polêmica e questionamentos. Entretanto, Pelé fez o que achou certo em um dos momentos mais emblemáticos da carreira. Leia também Superação de Ronaldo para jogar a Copa de 2002 foi sem precedentes no futebol Fora da Copa de 2002, o tetracampeão Romário foi comentarista da Jovem Pan