COP30: o que os números sobre a indústria da moda nos dizem?

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Desde o dia 10 de novembro, Belém recebe a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), reunindo centenas de países que discutem ações globais contra o aquecimento do planeta e seus impactos.Por lá, quase 200 líderes mundiais debatem tópicos importantes da agenda, como o cumprimento do Acordo de Paris, metas de redução de emissões de gases que potencializam o efeito estufa, transição energética e financiamento climático. Leia Mais Moda regenerativa: como pensar em sustentabilidade no mundo fashion? Dia Mundial do Meio Ambiente: conheça marcas com iniciativas sustentáveis Camiseta que captura CO2 do ambiente e o elimina na lavagem é lançada  Paralelamente, a moda também tem um papel importante no evento, gerando uma série de discussões, uma vez que carrega na bagagem o título de ser uma das indústrias mais poluentes do mundo, responsável por uma parcela significativa na geração de resíduos têxteis anualmente.Em meio à crescente pressão por ações concretas, o setor de moda no Brasil avança de forma bem tímida. No início do mês, o Índice de Transparência da Moda Brasil – Edição Clima, lançado pelo Fashion Revolution Brasil, mostrou que grande parte das empresas segue relutante em assumir compromissos claros com a sustentabilidade e direitos trabalhistas.Ao todo, o relatório buscou entender o comprometimento de 60 marcas, considerando cinco índices principais: transparência em emissões de carbono, rastreabilidade, desmatamento, uso de energia renovável e transição justa. Assim, a pontuação média geral foi de apenas 24% – revelando um cenário de opacidade crítica. Apenas duas se destacaram com boas práticas, Renner e Youcom, que conseguiram atingir 74%.Das marcas avaliadas, 27 não divulgaram dados básicos sobre emissões de gases de efeito estufa, uso de energia renovável ou estratégias para proteger trabalhadores da cadeia de produção.“É impossível ignorar a relação entre a moda e a crise climática. A menos de cinco anos do prazo estabelecido pelo Acordo de Paris, o setor precisa agir com urgência. O Índice tem como objetivo mapear e incentivar a transparência das maiores marcas que operam no Brasil. Queremos que ele funcione como um instrumento de mobilização e pressão, para que o setor assuma sua responsabilidade com o meio ambiente e com os trabalhadores”, afirma Isabella Luglio, coordenadora de pesquisa no Fashion Revolution Brasil, em comunicado à imprensa.Houve, no entanto, progresso na transparência sobre emissões de gases de efeito estufa, nas metas de descarbonização aprovadas pela Science Based Targets Initiative, e na divulgação da quantidade de energia renovável utilizada, mas temas críticos continuam invisíveis como compromissos robustos de desmatamento zero e investimento em mitigação.A seção com pior desempenho foi a de transição justa: 65% das marcas ficaram com nota zero, sem apresentar qualquer iniciativa para proteger trabalhadores, que são, em geral, os mais afetados por eventos climáticos extremos.Outros dados alarmantes da pesquisa também incluem os seguintes dados:Apenas 12% das marcas mostram redução real de emissões em relação ao ano-base de suas metas;Somente 27% publicam metas climáticas validadas cientificamente;80% não têm compromissos públicos de desmatamento zero;Apenas 23% divulgam a origem de pelo menos uma de suas matérias-primas, etapa onde há maior risco de desmatamento;Nenhuma marca divulga investimentos em adaptação climática para seus fornecedores;As emissões de Escopo 3 de somente 22 marcas já somam 59,3 milhões de CO₂ (mais do que as emissões anuais de Portugal).Desempenho das marcas no Índice de TransparênciaAs marcas Renner e Youcom lideram o ranking com 76% de transparência, seguidas por Adidas, Ipanema e Melissa, que alcançaram 65%.Na outra ponta, 27 empresas — Amaro, Besni, Brooksfield, Caedu, Carmen Steffens, Cia. Marítima, Colcci, Dakota, Di Santinni, Dumond, Ellus, Fórum, Gabriela – Studio Z, Havan, Klin, Leader, Lojas Avenida, Lojas Pompéia, Marisol, Moleca, Osklen, Penalty, Puket, Sawary, Shoulder, TNG e Torra — obtiveram pontuação zero, indicando ausência total de transparência em relação a compromissos climáticos.Saiba o que é moda sustentável