Por Folha de São Paulo 17/11/2025 20h12 — emVariedadesBELÉM, AL (FOLHAPRESS) - Esta segunda-feira (17) marcou o início da segunda parte da COP30, a conferência sobre mudança climática das Nações Unidas, na qual o debate que até aqui foi mais técnico ganha um teor político.Essa etapa é chamada de segmento de alto nível, e a principal mudança é a chegada dos ministros de diversos países, que passam a comandar a negociação.Além disso, a presidência brasileira da COP30 afirma que as negociações diplomáticas não terão hora para acabar, podendo atravessar a madrugada geralmente são das 9h às 18h. As reuniões serão estendidas para tentar entregar dentro do prazo original, até sexta-feira (21), o chamado "Pacote de Belém", como foi batizado o futuro acordo.A principal expectativa é o desfecho das consultas paralelas conduzidas pela presidência brasileira da COP30 sobre os temas mais polêmicos: financiamento, metas climáticas, medidas unilaterais de comércio e relatórios de transparência. Também estão no foco as tratativas sobre adaptação climática (a forma como os países podem lidar com os efeitos da crise já em curso) e gênero.Os debates também devem consolidar a posição de cada país no tabuleiro geopolítico diante do boicote dos Estados Unidos às negociações. Finalmente, a presidência brasileira da COP30 tenta ampliar o apoio ao mapa do caminho para que o mundo mobilize US$ 1,3 trilhão em financiamento climático meta traçada na COP anterior, no Azerbaijão.AS NEGOCIAÇÕESNos dois primeiros dias da semana, acontecem os discursos nos quais o mais alto representante de cada país faz uma declaração de cerca de três minutos, que dá o tom do que sua delegação defenderá nas discussões.Depois, cada um dos temas da agenda é negociado separadamente, e os países tentam avançar com um texto em comum.Paralelamente, os quatro pontos polêmicos que buscavam espaço na agenda continuam sendo debatidos entre os países em consultas mediadas pela presidência da COP, nas quais o Brasil tenta conseguir construir um acordo para dar algum tipo de encaminhamento sobre eles.CHEGADA DOS MINISTROSEssa é a semana na qual as decisões precisam ser tomadas e, por isso, as equipes ministeriais passam a participar das discussões, pois essas escolhas ganham um peso político. Sem os ministros, os representantes que já estavam em Belém tinham menos poder de decisão. O trabalho técnico feito até aqui é aproveitado, e os países tentam chegar a consenso sobre os temas.CONSENSOO principal desafio é que as negociações da COP exigem consenso, ou seja, qualquer decisão só pode ser tomada se nenhum país se opuser.A proposta é que o pacote de decisões saia em duas partes: a primeira até quarta-feira (19) e a segunda no final da semana, para quando está previsto o final da COP30. Caso seja bem-sucedida, a primeira entrega deverá coincidir com a passagem do presidente Lula (PT) pela capital paraense.Os países buscam um consenso total, que deve ser aprovado em uma plenária final, marcada para a tarde de sexta-feira. Há a expectativa, porém, de que as discussões sejam demoradas e possam chegar até o sábado (22) ou até o domingo (23).DISCUSSÕES PARALELASToda COP tem, por regra, uma agenda prevista com antecedência. No primeiro dia oficial do evento, os países podem demandar acréscimo ou exclusão de novos itens dessa pauta, e a lista final precisa ser acordada por consenso total a negociação de fato só começa depois disso.O que acontece é que algumas nações aproveitam esse momento para fazer suas reivindicações e, até que sejam atendidas, travam a definição da agenda. Foi o que aconteceu nas reuniões preparatórias de Belém.Uma das primeiras grandes vitórias do Brasil na atual conferência foi conseguir que as negociações não fossem barradas logo na largada. Foi feito um acordo para que os quatro temas mais polêmicos não fossem debatidos dentro dos itens de negociação formal, mas em consultas paralelas entre os países.Ou seja, eles não precisam, obrigatoriamente, de aprovação na plenária. Mesmo assim, o principal desafio da presidência brasileira é conseguir encaminhar algum entendimento em comum sobre esses temas. Isso porque, caso as divergências persistam, os desentendimentos podem transbordar para as negociações formais e atrapalhar o andamento da agenda obrigatória.DECISÃO FINALDiferentemente de outras COPs, a atual não tem um único grande tema sob os holofotes. Em vez disso, há várias discussões importantes, como adaptação climática, transição justa ou questões de gênero.Além disso, os temas mais polêmicos ganharam importância ao serem levados para o debate paralelo.Não é obrigatório que, ao fim da COP30, exista um grande documento final. Mas uma das possibilidades estudadas entre os negociadores para tentar dar um encaminhamento às divergências é a chamada decisão de capa. Trata-se de um texto comum que propõe encaminhamentos sobre diversos temas e que pode ser usado para construir um acordo sobre os pontos mais polêmicos da discussão paralela e contemplar as reivindicações dos países.ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA, PRIORIDADE DO BRASILA discussão sobre adaptação climática gira em torno da definição dos indicadores que devem mostrar como o mundo está avançando nesta área e mostrar quais setores estão mais atrasados.Essa área inclui investimentos em cidades e construções mais resistentes a eventos extremos, a prática de uma agricultura sustentável ou a implementação de sistemas de alerta e monitoramento de fenômenos climáticos em todo o mundo.Os países precisam definir quais índices serão utilizados (por exemplo, tipos de financiamento e aplicação de parâmetros para a engenharia civil) e a partir de quando eles estarão vigentes.Os países africanos temem que esses indicadores acabem criando novas barreiras para o acesso a recursos financeiros. Defendem ainda que eles sejam aplicados apenas daqui a dois anos quando a COP está inclusive marcada para acontecer na Etiópia.Este tema foi eleito como prioridade do Brasil, país que recentemente sofreu com tragédias climáticas, como as enchentes no Rio Grande do Sul.QUAIS FORAM AS POSIÇÕES ATÉ AQUINa primeira semana de negociações, os países árabes e africanos tiveram as posições mais firmes da COP30. O segundo grupo tem se destacado na discussão sobre a criação de indicadores de adaptação climática, que é uma das prioridades do Brasil, e até aqui freou o avanço do consenso neste tema.Já os países árabes lideram as reivindicações mais exigentes dentro dos debates paralelos sobre os temas polêmicos, sobretudo exigindo uma decisão clara sobre financiamento climático. O impasse nesse tema é a resistência dos países ricos em contribuir com nações em desenvolvimento.Bastidores da PolíticaA vida do outro não tem valor..."; // imagens[1] = // ""; // imagens[4] = // ' source src = "/sites/all/themes/v5/banners/videos/vt-garcia-07-2023.mp4" type = "video/mp4" >'; // imagens[2] = // ""; // imagens[4] = // ""; // imagens[3] = // ""; // imagens[4] = // ""; index = Math.floor(Math.random() * imagens.length); document.write(imagens[index]);]]>O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.