Filme que encerra a jornada das bruxas de Oz estreia em 20 de novembroWicked: Parte 2 chega com a responsabilidade de dar continuidade ao bem sucedido primeiro filme, lançado no ano passado, e de resolver um segundo ato que, no palco, sempre soou apressado e até meio cansativo. No cinema, porém, ele finalmente respira. O diretor Jon M. Chu encontra tempo e espaço para organizar as peças, aprofundar relações e expandir Oz de um jeito que a montagem teatral nunca permitiu. O resultado é um filme mais seguro, mais completo e, sobretudo, mais emocional do que seu antecessor.A história avança um pouco no tempo e muda de temperatura. Agora não há mais encanto estudantil, intrigas de colégio ou rivalidade leve. Aqui lidamos com exílio, propaganda política, perseguição e fraturas irreversíveis. Elphaba (Cynthia Erivo) é a Bruxa Má do Oeste e é caçada como uma ameaça pública; Glinda (Ariana Grande) é a Bruxa Boa do Norte, transformada numa peça de propaganda. Chu abraça esse peso e leva essas personagens e sua relação ao extremo.Cynthia Erivo carrega boa parte desse amadurecimento emocional. Sua Elphaba é uma personagem partida. Existe algo de silenciosamente devastador na maneira como ela se coloca: sempre entre o controle e a urgência.Ariana Grande, por sua vez, entrega sua performance mais completa até agora. Seu talento vocal já era esperado, mas o que surpreende é a precisão dramática. Se antes Glinda era quase exclusivamente o alívio cômico, agora ela enfrenta dilemas, pressões e escolhas que exigem muito mais da atriz. Sua Glinda ainda tem humor, vaidade e brilho, mas também dúvidas, culpa e fragilidade. A atriz — que é uma das popstar mais famosas do mundo — desaparece atrás da personagem.Quando as duas estão juntas, o filme realmente encontra seu pulso. A amizade, agora quebrada e remendada várias vezes, ganha dimensão emocional que a Parte 1 apenas insinuava.Há também um cuidado evidente na maneira como o roteiro conecta os eventos do musical com O Mágico de Oz. Nada é jogado. O filme se dedica a alinhar os acontecimentos, a amarrar cada gesto e cada decisão de forma clara. Quem conhece a história vai perceber detalhes plantados com carinho; quem não conhece não se perde em momento algum. É uma adaptação que respeita o original, mas se permite a ir a além.O único ponto em que a Parte 2 inevitavelmente perde para a primeira está nos números musicais. O primeiro filme tem canções que já nascem memoráveis; aqui, as músicas são menos marcantes. Há um ou outro número realmente poderoso, mas o impacto não é o mesmo. Ainda assim, a emoção das cenas e a força das performances compensam esse desequilíbrio.Ao final, o que fica é aquele sentimento de despedida. Wicked: Parte 2 respeita sua própria grandiosidade, mas não tem medo de ser terno. Jon M. Chu entrega um filme de espetáculo que nunca esquece do íntimo. É bonito, bem resolvido e emocional na medida certa.Consegue ser fiel ao musical, mas amplia o universo de forma a tornar o segundo ato mais satisfatório do que nunca. É difícil imaginar fãs do musical decepcionados, e quem gostou apenas do filme certamente vai se sentir contemplado. É, sem dúvida, a peça que faltava para transformar Wicked em uma das obras mais amadas e conhecidas da cultura pop.Wicked: Parte 2 estreia em 20 novembro nos cinemas.