TCE-RJ alertou risco de investimento bilionário do Rioprevidência no Master

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A prisão do controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, e a liquidação extrajudicial determinada pelo Banco Central acenderam o alerta no governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 17 de outubro, segundo reportagem do Globo, técnicos do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) identificaram que entre maio e julho o Rioprevidência, fundo de pensão estadual responsável por aposentadorias e pensões de mais de 235 mil servidores, aportou cerca de R$ 1 bilhão no Master, apesar de um alerta emitido pela Corte meses antes. Leia tambémComo fica o Will Bank com a liquidação do Master? Entenda medida do BCBanco digital, sob o guarda-chuva do Banco Master Múltiplo, segue operando mesmo após medida do Banco CentralBloqueios, FGC: entenda o processo de liquidação do Master e o que acontece agoraProcesso envolve suspensão de atividades, nomeação de liquidante e avaliação de dívidas e ativos Em maio, ao encontrar “graves irregularidades”, o tribunal advertiu que novas operações representariam “a integral assunção do risco de possíveis irregularidades pelo RioPrevidência e por seus agentes, pessoalmente”.Com os novos aportes, o TCE apontou uma “concentração crítica” de recursos na instituição: cerca de R$ 2,6 bilhões, — o equivalente a 25% de todos os recursos aplicados pelo fundo — estavam alocados em títulos ou em fundos administrados pelo conglomerado de Daniel Vorcaro. Número contestado pelo fundo, que reafirma ter investido apenas R$ 960 milhões.A relatora do caso, conselheira Mariana Montebello Willeman, disse que os aportes indicam “agravamento do cenário e irregularidades” e evidenciam “uma gestão possivelmente irresponsável dos recursos”. Em decisão unânime, o TCE determinou que o Rioprevidência se abstenha de novas aplicações em instrumentos ligados ao Master e intimou o governador Cláudio Castro a avaliar intervenção na autarquia.DenúnciaA apuração do TCE iniciou no ano passado, a partir de denúncia do deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSD), que voltou a cobrar responsabilidades após a operação policial de hoje. Após a prisão do controlador do Master, o parlamentar reforçou ter alertado repetidas vezes para o risco das aplicações.— Venho apresentando sucessivas denúncias aqui no Estado do Rio de Janeiro em relação às aplicações do Rio Previdência e da Cedae no Banco Master. Um banco de terceira linha classificado pelo Banco Central, que oferecia investimentos com 130% acima do CDI. Isto é, investimento com grande possibilidade de não ter retorno e se transformar numa pirâmide — afirmou.Luiz Paulo lembrou que, quando apresentou a denúncia ao TCE, o Rioprevidência “já tinha alocado R$ 900 milhões, que tendem a virar pó”. Segundo ele, a investigação conduzida pela conselheira Mariana Montebello elevou o potencial da exposição para R$ 2,6 bilhões, considerando títulos e fundos relacionados ao Master.— Diante disso tudo, foi definitivamente denunciado e apurado pelo Tribunal de Contas. Não resta dúvida de que essa operação da Polícia Federal vai dar grandes desdobramentos, quiçá no próprio Estado do Rio de Janeiro e nessas instituições que estão jogando dinheiro do aposentado e pensionista no ralo, porque corre o risco de virar pó — disse o deputado.Ele também destacou que a Cedae, igualmente denunciada por ele, teria aplicado mais de R$ 200 milhões em CDBs do Master. E citou ainda relações do grupo com operações de crédito consignado:— Diga-se de passagem que no Rio Previdência também, o Crede Sexta é uma organização pertencente ao Banco Master que empresta dinheiro no consignado. É muita coisa para ser apurada, investigada. E agora a Polícia Federal vai devassar tudo — afirmou.O que disse o RioprevidênciaDurante audiência no TCE, o ex-diretor de investimentos do Rioprevidência, Euchério Lerner Rodrigues, explicou que, até 2023, os recursos estavam concentrados em grandes instituições financeiras e que bancos menores, como o Master, foram cadastrados para diversificação. Segundo ele, os aportes ocorreram por dois motivos: as taxas oferecidas — superiores a 130% do CDI — e o fato de o banco ter contrato com o governo do Rio para crédito consignado a servidores ativos e inativos.Em nota na época, o Rioprevidência negou irregularidades. A fundação afirmou que Banco Master S.A. e Master Corretora de Valores são instituições distintas, com naturezas jurídicas e estruturas operacionais diferentes, e sustentou que os recursos aplicados “nunca transitaram nem foram alocados em ativos do Banco Master”, mas diretamente nos ativos dos fundos, compostos por títulos públicos federais e ações negociadas na B3. O órgão disse ainda que não realizou novas aplicações no conglomerado desde agosto de 2024 e que está rebatendo tecnicamente todos os pontos do relatório do TCE, com documentação, pareceres e dados auditáveis que, segundo o instituto, comprovariam regularidade, prudência e legalidade das decisões.The post TCE-RJ alertou risco de investimento bilionário do Rioprevidência no Master appeared first on InfoMoney.