O Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas ajuizou uma ação na Justiça Federal para obrigar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a fornecer relatórios que teriam antecipado o colapso no fornecimento de oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021. A tragédia sanitária, ocorrida durante a segunda onda da pandemia de Covid-19, resultou em dezenas de mortes por asfixia. Os documentos são considerados cruciais para a ação judicial que busca a reparação e indenização das vítimas.Segundo o MPF, informações divulgadas pela imprensa indicam que a Abin produziu alertas sobre a saturação da rede de saúde do Amazonas e a iminente falta de oxigênio, repassando-os ao governo federal. Com base nessas notícias, o MPF solicitou formalmente os documentos à agência, mas teve o pedido negado.Na ação, o MPF requer o fornecimento de todos os relatórios produzidos pela Abin entre março de 2020 e janeiro de 2021 sobre a pandemia no Amazonas, além das comunicações que comprovem o envio das informações às autoridades do Poder Executivo Federal, ao governo estadual e à prefeitura de Manaus.A Abin justificou a recusa alegando não se submeter ao controle externo do Ministério Público, mas sim ao do Congresso Nacional. O órgão argumentou ainda que a liberação dos Relatórios de Inteligência (Relints) dependeria de uma decisão do ministro-chefe da Casa Civil.Para o MPF, a negativa da Abin viola a Constituição e a Lei de Acesso à Informação (LAI), que proíbe a recusa de documentos essenciais para a defesa de direitos fundamentais. Os procuradores destacam a urgência no acesso aos relatórios, uma vez que a Ação Civil Pública para a reparação das vítimas já está em fase avançada e a ausência dessas provas prejudica a apuração e quantificação dos danos. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp O MPF pede à Justiça que determine um prazo de 48 horas para que o diretor-geral da Abin entregue os documentos, sob pena de multa diária e responsabilização. Documentos publicados pela própria Abin em 2025 e depoimentos de agentes revelam que o governo Bolsonaro foi alertado sobre a crise meses antes do colapso. Um relatório de abril de 2020, por exemplo, já alertava que, em caso de demanda exponencial por gases medicinais, poderia haver desabastecimento. Leia também STJ adia prazo para regulamentação do plantio de maconha medicinal Apesar de tarifaço, exportação de frutas registra melhor outubro em dez anos