O pai que acionou a PM para entrar na Emei Antônio Bento (Butantã) após a filha ter feito um desenho de orixá em uma atividade escolar também é um policial militar da ativa. A informação foi confirmada à CNN Brasil pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), na manhã desta quarta-feira (19).O caso ocorreu na tarde da última quarta-feira (12), quando policiais militares entraram armados na escola após receberem a queixa do homem. O pai teria dito que a filha estaria sendo obrigada a ter aula de religião africana. Leia Mais Polícia investiga ida de agentes armados a escola por desenho de orixá Policiais entram armados em escola de SP após queixa sobre desenho de orixá Polícia encontra drogas escondidas em escola durante operação no Rio Queixas recorrentesNo dia anterior ao caso, na terça-feira (11), o homem já havia ido à escola demonstrar insatisfação em relação à aula e teria se portado de maneira inadequada, ao retirar do mural o desenho de Iansã que a filha havia feito.Já na quarta, os policiais permaneceram na escola por mais de uma hora e foram embora por volta das 17h com o pai da aluna.Em nota, a diretora Aline Aparecida Nogueira informou que a escola “não trabalha com doutrina religiosa” e que o “trabalho é centrado a partir do currículo antirracista”. Ela disse ainda ter sido “coagida e interpelada pela equipe por aproximadamente 20 minutos”.O caso provocou revolta nas famílias que têm filhos na unidade escolar. Eles se dispuseram a prestar depoimento sobre o ocorrido.RepercussãoEm nota, a SSP informou que a “Polícia Militar instaurou apuração sobre a conduta da equipe que atendeu à ocorrência, inclusive com a análise das imagens das câmeras corporais”. Segundo o órgão, a professora da unidade de ensino registrou boletim de ocorrência contra o pai da estudante “por ameaça”.A Secretaria Municipal de Educação também se manifestou sobre o caso e escreveu que “o pai recebeu esclarecimento que o trabalho apresentado por sua filha integra uma produção coletiva do grupo” e que a atividade “faz parte de propostas pedagógicas da escola, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena dentro do Currículo da Cidade de São Paulo”.O Sindicato dos Profissionais de Educação manifestou apoio aos responsáveis pela Emei Antonio Bento e afirma que a entrada dos policiais na unidade “gerou constrangimento, intimidação e profundo abalo emocional na equipe escolar”. O sindicato ainda informou que a atividade desenvolvida tem respaldo pedagógico e que “repudia qualquer violação à autonomia pedagógica, qualquer forma de intimidação aos profissionais da educação e qualquer situação que coloque em risco a segurança física e emocional de educadores e estudantes”. A entidade solicita a apuração dos fatos.A deputada federal Luciene Cavalcanti e o deputado estadual Carlos Giannazi, ambos do PSOL, acionaram o Ministério da Igualdade Racial para acompanhar o caso.A CNN Brasil entrou em contato com o Ministério da Igualdade Racial e aguarda retorno. O espaço segue aberto.*Sob supervisão de Carolina Figueiredo