Nas últimas semanas, um vídeo sobre como evitar ataque de cobras circulou nas redes sociais. Nele, um homem, segurando um réptil, mostra que virar o rosto pode ser fundamental ao se deparar com o animal. Leia também É o bicho! Cobras em casa: veja as espécies mais comuns e como agir com segurança Ciência Veneno de cobras mambas pode “driblar” ação de antídoto. Entenda Distrito Federal Cascavel e jararaca: ataques de cobras aumentam 41% no DF em 2025 Vida & Estilo Quais árvores frutíferas podem atrair escorpiões e cobras em casa O rapaz explica que as serpentes não identificam apenas movimentos, mas o calor também. Seguindo essa lógica, virar o rosto pode impedir que elas sintam o calor que sai das narinas e da boca dos humanos.Clique aqui para seguir o canal do Metrópoles Vida&Estilo no WhatsAppO rapaz do vídeo diz que virar o rosto evita que as cobras identifiquem o calor das narinas e da bocaAo utilizar um pano azul aquecido, ele simula a temperatura do corpo humano e demonstra a situação. O resultado, de fato, segue o que ele afirmou: a cobra ataca o pano. No entanto, surge a dúvida: esse pensamento tem explicação científica?A explicaçãoSegundo Nathalie Citeli, especialista em serpentes, não existe nenhuma comprovação de que virar o rosto seja uma medida eficiente para evitar um ataque. “De modo geral, não todas, mas a maioria, não tem uma boa acuidade visual. Elas não enxergam muito bem.”Ela explica que, por isso, esse movimento não tem grande relevância na atitude do animal. “Os ataques, na verdade, são acidentes. As pessoas podem pisar, colocar a mão e se aproximar muito do espaço que o animal considera como dele.”“No país existem cerca de 500 espécies. Eu posso garantir que elas vão preferir fugir do que atacar uma pessoa. As serpentes só atacam quando se sentem ameaçadas, encurraladas e estão numa situação de vida ou morte. Poucas espécies dão bote, uma cobra só vai dar bote no momento em que se sente desesperada para salvar sua vida”, esclarece.Não fazer nenhum tipo de contato físico é o primeiro passo para evitar acidentesNathalie acrescenta que nenhuma espécie de cobra presente no Brasil tem o instinto de “correr” atrás das pessoas. “A primeira opção é escapar, porque elas sabem que os seres humanos são animais agressivos e que podem levá-las à morte.”O que realmente fazerDe acordo com a especialista, o primeiro passo é evitar o contato físico. Ela orienta para que as pessoas não encostem, não coloquem a mão e evitem qualquer tipo de manejo. “Quando a gente não conhece, não pode tentar identificar, se aproximar e nem nada do tipo.”Em caso de acidentes com as cobras, a orientação é para, primeiramente, acalmar a vítima. “É difícil, porque a pessoa sofreu um acidente por serpente, mas o ideal é que quem está em volta tente manter essa pessoa calma e hidratada.”“Não faça nenhum tipo de amarração. Prender o membro, colocar algum tipo de produto, amarrar corda, amarrar fita e passar remédios, nada disso funciona”, salienta.Depois de um acidente, é fundamental manter a calma e ir para uma unidade de saúdeO que realmente deve ser feito é lavar o local da picada e se dirigir o mais rápido possível para um hospital, de preferência um que tenha soro antiofídico. “Mas qualquer hospital que a pessoa chegue já vai fazer todo o tratamento inicial.”Nathalie explica que a equipe começa introduzindo hidratação e cuidados direcionados para os sintomas. Depois, tenta identificar o animal para iniciar o processo de utilização do soro, que neutraliza o veneno.Orientação práticaSe acontecer um acidente com cobra, esse é o passo a passo simplificado do que uma pessoa deve fazer:Manter a calma para tomar decisões assertivas;Evitar esforço físico;Não passar nenhum tipo de remédio ou produto no local da picada;Ir para o hospital ou uma unidade de saúde o mais rápido possível.