O ano era 2010 e um programador da Flórida chamado Laszlo Hanyecz usava seu tempo livre para estudar sobre o bitcoin. Laszlo foi um dos primeiros a minerar a criptomoeda, e debatia sobre o futuro das finanças com seus colegas online em um blog chamado BitcoinTalks.O programador pensava que o bitcoin não poderia ser considerado uma moeda. Afinal, ninguém nunca havia aceitado a criptomoeda antes em troca de algum bem físico. Foi neste momento que ele resolveu provar o seu ponto, e de tantos outros entusiastas da tecnologia com quem conversava.No dia 18 de maio de 2010 ele publicou um pedido no fórum. Laszlo queria que alguém pedisse uma pizza para sua casa, e em troca ele enviaria ao intermediador 10 mil unidades de bitcoin. Um dos membros do blog, apelidado de Jericos, topou o desafio. Leia Mais Bitcoin ensaia recuperação e sobe, retomando patamar acima de US$ 90 mil Por que o bitcoin caiu após alcançar a maior cotação da história? Morgan Stanley projeta Ibovespa a 200 mil pontos no fim de 2026 Jeremy Sturdivant, o nome por trás do pseudônimo, também foi peça-chave nessa transação. Contudo, respondendo a primeira dúvida que surge na cabeça de todos: ele não segurou seus 10 mil bitcoins.Em entrevistas, Jericos afirmou que vendeu ao longo dos meses seguintes quando o preço ainda estava na casa dos centavos ou alguns poucos dólares. “Ele usou esse dinheiro para comprar jogo de videogame e viajar pelos Estados Unidos. Ele também não é um multibilionários nos dias de hoje”, diz Luis Pedro Oliveira, head de criptoativos no Nord Investimentos, em entrevista ao CNN Money. “Laszlo queria mostrar que o bitcoin poderia servir como moeda de troca, assim como dólar e real, no dia a dia. E esse é um pouco muito sensível para muitos criptoativos. A gente não consegue enxergar para muitos criptoativos uma utilidade real para aquelas moedinhas da internet”, pontua Oliveira.Poucos dias após aceitar a proposta de Laszlo, Jericos então pediu especificações de sabores e o local da entrega. No dia 22 de maio, pediu duas pizzas grandes da rede Papa John’s. Jeremy então pagou com seu cartão de crédito e em troca recebeu 10 mil bitcoins de Laszlo.Na época, as pizzas foram compradas por cerca de US$ 41, visto que cada BTC valia US$ 0,0041. Na contação desta terça-feira (18), cada unidade vale cerca de US$ 90 mil — cerca de R$ 478 mil. Se fosse hoje, cada pizza sairia por algo ao redor de R$ 4,8 bilhões — com uma única fatia na bagatela de R$ 350 milhões. Sem arrependimentosO programador já afirmou em diversas entrevistas que não guarda arrependimentos. O motivo é que foi um marco necessário na história da criptomoeda, segundo afirmou em algumas ocasiões. E, de fato, essa transação marcou a primeira compra de um bem físico com bitcoin. O feito foi tão marcante que até hoje os entusiastas de bitcoin, ou bitcoiners, comemoram o dia 22 de maio como “O Dia da Pizza”. Para os que gostam de eventos promocionais, a semana do Dia da Pizza é um prato cheio.O Cripto Na Real desta terça-feira (18) foi até a Pizzaria Moraes, no centro de São Paulo, que aceita a criptomoeda como forma de pagamento. No estabelecimento, o Bitcoin Pizza Day é mais movimento que feriados.“Para nós é um movimento mais forte que Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal”, disse Rodrigo Martins, sócio da pizzaria.Diversas exchanges celebram o dia com promoções, cashbacks ou eventos que promovem um dos maiores marcos da criptomoeda. Mercado de luxo no Brasil supera ritmo global, revela estudo