Explorando Marte há quase cinco anos, o rover Perseverance, da NASA, fez uma descoberta intrigante que está desafiando os cientistas. Trata-se de uma rocha que parece não pertencer ao planeta.A rocha, batizada de Phippsaksla, foi localizada na região de Vernodden, dentro da Cratera Jezero, onde o rover pousou em fevereiro de 2021. Com cerca de 80 centímetros de largura, ela se destaca na paisagem marciana.Em poucas palavras:O rover Perseverance encontrou uma rocha rica em níquel e ferro em Marte;A composição sugere meteorito formado no núcleo de asteroides antigos;Sistema de lasers do robô da NASA confirmou a química incomum;Há quase cinco anos, o rover coleta amostras para buscar indícios de vida passada;Sua navegação autônoma quebrou o recorde de distância percorrida por veículo terrestre em outro planeta.O rover Perseverance capturou esta imagem em close-up que mostra a textura cavernosa de erosão de uma rocha incomum batizada de “Phippsaksla”, selecionada para investigação devido à sua aparência que a diferenciava das rochas mais baixas ao redor. Crédito: NASA/JPL-Caltech/ASURocha descoberta pela NASA tem composição química incomumO que a torna peculiar é sua composição química atípica, rica em ferro e níquel. Essa combinação sugere que a rocha pode ser um meteorito que colidiu com Marte em algum momento. Meteoritos desse tipo são formados tipicamente a partir do núcleo de grandes asteroides. Eles surgem quando minerais pesados afundam no interior de rochas aquecidas nos primórdios do Sistema Solar.A rocha chamou a atenção inicialmente por seu formato e tamanho singulares, parecendo maior e mais esculpida que as vizinhas. O Perseverance, então, usou o Mastcam-Z, um sistema avançado de câmeras instaladas no mastro do rover, para tirar fotos detalhadas. Para confirmar a composição, o robô utilizou o instrumento SuperCam, que emprega lasers e espectrômetros. Essa análise precisa revelou o alto teor de ferro e níquel, reforçando a hipótese de ser um visitante espacial.Embora a descoberta seja inédita para o Perseverance, meteoritos de ferro-níquel já foram encontrados em outros locais de Marte. Portanto, sua presença na Cratera Jezero não é totalmente inesperada, mas é notável que o robô não tenha encontrado nenhum antes.A rocha “Phippsaksla”, que se suspeita ser um meteorito devido ao seu alto teor de ferro e níquel, está ao fundo, no canto superior esquerdo desta imagem feita pelo rover Perseverance, da NASA, em Marte. Crédito: NASA/JPL-Caltech/ASUAnálises adicionais serão necessárias para confirmar se a Phippsaksla é realmente um meteorito. Caso se confirme, será mais uma pista importante para desvendar a história e a formação de Marte.O Perseverance é pioneiro na coleta de amostras de rochas marcianas usando uma broca especializada. O material é examinado em um laboratório em miniatura que ele carrega para identificar suas origens geológicas. Se a NASA considerar a Phippsaksla valiosa, um fragmento pode ser armazenado para um futuro transporte das amostras coletadas pelo rover à Terra. No entanto, ele não consegue fazer o envio sozinho, sendo necessária uma futura missão para resgatá-las.Leia mais:Vida em Marte pode ter sido descoberta (e destruída) pela NASA há quase 50 anos“Caça ao tesouro” encontra pistas que podem revelar vida antiga em MarteMistério das “estrias” nas encostas de Marte pode ter sido desvendadoPerseverance estabeleceu recorde em MarteDesde que pousou no Planeta Vermelho, o Perseverance tem investigado antigos leitos de lagos e coletado indícios promissores de que a vida pode ter existido por lá. Ao longo desses quatro anos e nove meses de missão, o rover estabeleceu uma marca impressionante em mobilidade.Ele detém o recorde de maior distância percorrida em um único trajeto por um veículo terrestre em outro planeta. Graças ao seu avançado sistema de navegação autônoma, chamado AutoNav, o explorador robótico conseguiu percorrer até 411 metros de uma só vez em um único dia marciano, em junho deste ano.Dese fevereiro de 2021, o rover Perseverance, da NASA, investiga tanto a história antiga quanto os processos atuais que moldam o planeta Marte. Crédito : Merlin74 – ShutterstockEsse recorde destaca a diferença de desempenho em relação aos seus antecessores. Rovers anteriores dependiam mais de comandos e validações diárias da Terra, o que limitava a velocidade e a distância percorrida. O Perseverance, por outro lado, usa Inteligência Artificial para planejar sua rota sozinho, desviar de obstáculos e alcançar alvos com grande eficiência. Essa autonomia permite que a equipe da NASA explore uma área muito maior da Cratera Jezero em menos tempo.O rover continua fornecendo visões detalhadas da paisagem marciana, como vulcões, que não são possíveis de se obter com telescópios terrestres. Sem uma data final definida para a missão, esse destemido explorador ainda tem muito mais a nos apresentar sobre Marte.O post Mistério em Marte: NASA descobriu uma rocha que não deveria estar lá apareceu primeiro em Olhar Digital.