Com R$ 60 bilhões, resgate do Master é o maior da história do FGC; há risco sistêmico?

Wait 5 sec.

O Banco Master entrará para história do sistema financeiro como o maior resgate da história dos 30 anos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).Segundo dados de março do BC, o banco soma ativos de R$ 87 bilhões e passivos de R$ 83 bilhões.Ainda de acordo com o sistema IF.data, do BC, o Master tinha aproximadamente R$ 60 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura, número distante do socorro do Banco Nacional, que quebrou em 1995, com rombo de R$ 5 a R$ 10 bilhões, que poderia chegar a R$ 25 a R$ 50 bilhões nos valores atuais.Veja outros bancos que foram resgatados:BamerindusIntervenção do BC decretada em 1997.Banco apresentava R$ 4,2 bilhões em patrimônio negativo.Liquidação extrajudicial iniciada em 1998 e encerrada em 2014.Parte boa do banco foi vendida ao HSBC na época.Em 2013, o BTG comprou parte do espólio do Bamerindus.Cruzeiro do SulLiquidação extrajudicial anunciada em setembro de 2012.Motivo: rombo de R$ 1,3 bilhão.Processo encerrado pelo BC em setembro de 2015.Justiça decretou oficialmente a falência da instituição na mesma data.Banco SantosBanco do empresário Edemar Cid Ferreira.Intervenção decretada em novembro de 2004.Intervenção transformada em liquidação extrajudicial em março de 2005.Em setembro de 2004, a Justiça decretou a falência do banco.O tamanho do buraco MasterMais cedo, a Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta terça-feira (18), Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, durante a Operação Compliance Zero, que cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.De acordo com informações da Reuters, o empresário foi preso pelos agentes federais quando tentava embarcar para o exterior.A ação da PF mira um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional. O órgão apura crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, em depoimento na CPI do Crime Organizado, no Senado, a fraude que desencadeou a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro pode girar em torno de R$ 12 bilhões.“Essa operação de hoje a fraude é de R$ 12 bilhões. Não sei quanto que vamos conseguir bloquear. Sei que já em dinheiro apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão em dinheiro nessa operação de hoje”, disse.Risco sistêmico?Apesar do tamanho do Master, especialistas que conversaram com o Money Times descartam que a interversão no banco possa provocar algum efeito no sistema.Isso porque o Master é considerado um banco menor e sem tanta correspondência bancária.“O Master não é um banco com relacionamento interbancário significativo. Sim, alguns bancos compram papéis, mas não na magnitude de grandes instituições. Então, o Master não oferece risco sistêmico”, diz Luis Miguel Santacreu, gerente de análise da Austin Rating.Quem perderia, segundo ele, seriam os depositantes acima de R$ 250 mil e algumas entidades que compraram letras financeiras.“Mas isso não afeta o sistema bancário. Risco sistêmico seria um Itaú ou Bradesco, que têm milhões de depositantes. O Master tem milhares”.Outro ponto importante é que o Master captou recursos de forma pulverizada.“Muitos aplicaram até o limite de R$ 250 mil, protegidos pelo FGC. Então, em caso de liquidação, o grande perdedor seria o FGC”.O FGC é uma entidade privada que protege investidores, mas não oferece crédito.No primeiro trimestre, o patrimônio do fundo atingiu R$ 153,5 bilhões, crescimento de 6,1% em relação a dezembro de 2024, quando o valor registrado foi de R$ 132,7 bilhões.“Claro, se tiver que honrar muitos depósitos, os bancos terão de recompor o fundo, o que pode aumentar custos. Isso pode refletir em juros mais altos, mas não em risco de quebra em cadeia”.Ou seja, não é um risco sistêmico. Haveria impactos no FGC e, indiretamente, no custo do crédito.Claudio Gallina, diretor da Fitch, em entrevista ao Money Times em setembro, afirmou à época que o Master é um banco administrável, de menor relevância.“Mesmo que tivesse problema, não haveria impacto estrutural em outros bancos. Ele não é sistemicamente importante. Por isso, classificamos como No Support, diferente de bancos como Bradesco (BBDC4) ou Itaú (ITUB4), que têm suporte implícito do governo”, afirma.