O encerramento da temporada de balanços do terceiro trimestre de 2025 (3T25) trouxe um veredito duro para o mercado. Segundo o BTG Pactual, apenas 36% das empresas sob cobertura do banco reportaram resultados considerados sólidos.O número representa uma queda de 6 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, evidenciando a dificuldade das companhias em transformar eficiência operacional em lucro final diante de um cenário macroeconômico adverso.LEIA TAMBÉM: O Money Times liberou, como cortesia, as principais recomendações de investimento feitas por corretoras e bancos — veja como acessar A análise divulgada nesta terça-feira (18) mostra que, operacionalmente, as empresas até conseguiram entregar crescimento. Excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), a receita líquida consolidada avançou 10% na comparação anual, enquanto o Ebitda subiu 7%.No entanto, a linha final do balanço não resistiu ao peso dos juros. O lucro líquido consolidado (desconsiderando Petrobras e Vale) tombou 22% em relação ao ano anterior.Para o BTG, a principal explicação para esse descompasso reside no custo da dívida. A taxa Selic média no trimestre foi de 15%, significativamente superior aos 10,5% registrados no terceiro trimestre de 2024.Mesmo ao ajustar os números para excluir eventos não recorrentes que impactaram empresas como Vibra Energia (VBBR3), Sabesp (SBSP3) e Cemig (CMIG4) no ano passado, o lucro das companhias ainda apresentaria uma retração de 11%.Os analistas não consideraram Petrobras e Vale pelo entendimento de que as empresas de commodities frequentemente reportam resultados distorcidos devido a grandes exposições a dívidas denominadas em moeda estrangeira, que geram impactos significativos.Quem conseguiu crescer?Na contramão das dificuldades financeiras, o setor imobiliário emergiu como um dos grandes destaques de receita, impulsionado especificamente pelas construtoras de baixa renda.Beneficiadas pelas condições favoráveis do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), as companhias registraram fortes vendas e lançamentos, o que se traduziu em um salto de 23% na receita líquida agregada do segmento na comparação anual.Dentro deste grupo, a disputa por crescimento foi acirrada, mas a Cury (CURY3) liderou o desempenho com um avanço de 34% em sua receita líquida frente ao ano anterior.A Direcional (DIRR3) veio logo em seguida, reportando crescimento de 27%, enquanto a Tenda (TEND3) também mostrou força com uma expansão de 24%.Para os analistas, o desempenho satisfatório das incorporadoras confirma a resiliência do segmento de habitação popular.Quem mais venceu e quem perdeuAlém da construção civil, o setor de alimentos foi fundamental para sustentar os números da bolsa, sendo o maior contribuinte para o crescimento da receita total (+R$ 21,2 bilhões), com a JBS (JBSS32) apoiada por preços e volumes maiores em proteínas, segundo o BTG. Já no setor de aluguel de carros, empresas como Movida (MOVI3) e Localiza (RENT3) conseguiram expandir seu Ebitda em 19% e 7%, respectivamente, por meio de movimentos de reprecificação de tarifas para recompor margens.Outro contraponto positivo veio do setor de mineração e siderurgia (excluindo a Vale). O segmento foi o principal responsável por segurar a queda geral dos lucros da bolsa, registrando um salto de 92% na última linha do balanço (+R$ 1 bilhão).O desempenho foi impulsionado pelos números fortes da CSN (CSNA3) e da CSN Mineração (CMIN3), além da Aura Minerals (AURA33), que surfou a alta do ouro.Segundo o BTG, além da operação, essas companhias foram beneficiadas pela valorização do real no período, que aliviou o peso das dívidas dolarizadas.No varejo, o trimestre ficou ligeiramente abaixo das expectativas, refletindo um cenário de consumo ainda desafiador. Mesmo assim, a receita consolidada das varejistas cresceu 5% na base anual.O banco destaca as líderes de nicho: a RD Saúde (RADL3) e a Smart Fit (SMFT3), que conseguiram entregar expansão de receita de 13% e 28%, respectivamente, ignorando as dificuldades macroeconômicas.Por outro lado, o agronegócio foi o grande detrator de receitas da temporada, encolhendo R$ 10,6 bilhões (-13%) em relação ao ano anterior. Já na análise do lucro líquido, o setor de Serviços Básicos (Utilities) e o de Bancos puxaram o resultado para baixo.No caso dos bancos, apesar do resultado sólido do Itaú (ITUB4), o desempenho agregado foi prejudicado pelo Banco do Brasil (BBAS3), que viu seu lucro cair mais de 60% na comparação anual.Já em Utilities, Sabesp e Cemig tiveram quedas expressivas de 80% e 76% no lucro, afetadas por bases de comparação difíceis devido a eventos pontuais de 2024.Mercados de olho no balanço da Nvidia e payroll nos EUA; confira análise no Giro do Mercado: