Troca de cotas por imóveis vira aposta de FIIs; mas modelo gera preocupações

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O amadurecimento da indústria de fundos imobiliários já coloca o setor diante de debates regulatórios que, até poucos anos atrás, sequer existiam. Com um mercado maior, mais complexo e pressionado pela dificuldade de captar novos recursos em um ambiente de juros elevados, operações estruturadas — como a compra de ativos por meio de pagamento com cotas — viraram o centro das discussões. Para Flávio Pires, analista de FIIs do Santander, o avanço recente da CVM ( Comissão de Valores Mobiliários) em abrir consulta pública para ajustes nas regras dos fundos é um sinal positivo de que o setor caminha para padrões mais próximos ao de empresas listadas.“O FII deixou de ser apenas um veículo para alocar imóveis e hoje se aproxima de uma S.A., com obrigações e complexidade muito maiores. Natural que as regras também evoluam”, afirmou no Liga de FIIs, programa semanal do InfoMoney.Segundo ele, o documento divulgado pela CVM traz pontos importantes para aprimorar governança, transparência e mecanismos de proteção ao cotista. Neste contexto, uma das sugestões avaliadas pelo Santander para envio à CVM trata da compra de ativos mediante pagamento em cotas — operação que, na visão de Pires, deveria obrigatoriamente passar por votação dos investidores.“Quando um fundo compra um imóvel pagando com cotas, ele traz não apenas um ativo, mas também novos cotistas — e isso muda o perfil do fundo. A base atual deveria poder aprovar essa transformação”, diz.Leia Mais: A vez dos esquecidos? Santander mira FIIs que podem subir em 2ª onda de valorizaçãoRisco de “oba-oba” e comparação com 2019Com captação mais difícil, muitos gestores têm recorrido a esse tipo de transação para crescer sem depender de novas emissões. O movimento, embora eficiente, desperta preocupações.“O risco é virar uma oba-oba. Ativos que não conversam com o portfólio podem entrar, e isso destrói valor para quem está lá desde o começo”, alerta Pires.Pires relembra 2019, quando a forte onda de emissões levou parte do mercado a aceitar operações ruins, que mais tarde se tornaram problemas crônicos em alguns FIIs. Segundo ele, o mecanismo de troca de cotas pode repetir esse caminho caso não haja freios adequados. “Pode vir uma primeira onda de operações boas, mas e depois? Qual será a cauda? Não dá para repetir o que foi em 2019”, conclui.Leia Mais: FIIs deixam fundos DI para trás em 2025 — alguns já acumulam retornos de mais de 40%The post Troca de cotas por imóveis vira aposta de FIIs; mas modelo gera preocupações appeared first on InfoMoney.