O irmão de um ministro do Superior Tribunal Militar (STM) recebeu pelo menos R$ 731 mil de um dos investigados na Farra do INSS. Francisco Joseni Parente Camelo é servidor público aposentado e irmão do atual vice-presidente do STM, o ministro Francisco Joseli Parente Camelo.Os pagamentos a Joseni foram feitos por José Lins de Alencar Neto e pela empresa AAPEN Processamento de Dados Cadastrais LTDA, que pertence a José Lins. Ele é apontado pela Polícia Federal como “dono” da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB), entidade que teve R$ 191 milhões bloqueados por ordem da Justiça Federal em junho deste ano.Um dos pagamentos foi um Pix de R$ 385.000,00 enviado no dia 05/11/2024 diretamente por José Lins. O outro, no valor de R$ 346.500,00, foi feito pela AAPEN Processamento de Dados Cadastrais LTDA.Os dados constam de um relatório de inteligência financeira (RIF), elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e encaminhado à CPMI do INSS no Congresso Nacional.O relatório diz ainda que Joseni realizou movimentações incompatíveis com a própria renda, de cerca de R$ 31 mil, no período analisado, entre junho e novembro do ano passado.“Percebemos que, no período analisado, o titular movimentou recursos incompatíveis com sua capacidade financeira, uma vez que, com renda mensal de R$ 31.623,31, movimentou, por exemplo, no mês de outubro de 2024, R$ 720.208,86 a crédito e R$ 717.857,93 a débito”, diz um trecho.A coluna tentou contato com Joseni por mensagem de texto, mas não houve resposta. O espaço segue aberto.Convocação à CPMI do INSSDiante das informações sobre os pagamentos recebidos por Joseni, a deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP) pediu a convocação dele para prestar depoimento ao colegiado.Para Adriana Ventura, o fato de Joseni ser irmão do ministro do STM reforça a necessidade de investigação. “A vinculação de um parente direto de alta autoridade do Judiciário Militar a transações suspeitas envolvendo agentes e empresas sob investigação na CPMI do INSS reforça a necessidade de apuração rigorosa”, diz um trecho do requerimento.“As movimentações do irmão do vice-presidente do STM são graves, incompatíveis com sua renda e conectadas ao núcleo da fraude do INSS. Ele recebeu mais de R$ 730 mil de articuladores da AAPB, entidade de fachada com R$ 191 milhões bloqueados. E, quando parente de alta autoridade do Judiciário aparece ligado a um esquema que rouba aposentados, a CPMI tem obrigação de apurar”, disse ela à coluna.