Desde que Edu Falaschi deixou o Angra, em 2012, a relação entre a banda e o vocalista foi cheia de altos e baixos. A polêmica de anos chegou ao fim, agora que o grupo fará um show especial com o retorno do vocalista, do baterista Aquiles Priester e do guitarrista Kiko Loureiro no festival Bangers Open Air 2026, em 26 de abril. Todavia, muita coisa aconteceu nesse tempo.Inicialmente, tudo parecia bem. Edu chegou a participar de alguns shows do projeto Angra & Friends, como convidado, até que o cantor, já em carreira solo, resolveu colocar na estrada uma turnê cantando músicas do Angra. O nome da excursão seria “Edu Falaschi: Angra Years”.O começo do problema com o AngraEm 2017, Falaschi alegou ter recebido uma notificação extrajudicial por parte do Angra – na pessoa do guitarrista Rafael Bittencourt – ameaçando processá-lo se o nome da turnê não fosse alterado. Três anos depois, em entrevista ao Flow Podcast, o vocalista detalhou:“Quando começamos (a carreira solo), o meu empresário, que era o mesmo do Angra, sugeriu o nome: ‘Edu Falaschi Angra Years’. Só que, aí, o Rafael Bittencourt mandou, através do advogado, uma notificação extrajudicial, tipo: ‘vou te processar’. Fiquei muito triste, pois eu estava na Itália, fazendo shows, e falei: ‘caraca, não acredito que estou recebendo esse e-mail de um advogado do cara que tem meu telefone’. Era só me ligar, né? E estava de boa, não tínhamos treta.”Edu Falaschi (Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox)Na época, durante live no Facebook, Edu comunicou os fãs de que a turnê seria renomeada para “Rebirth of Shadows”, por conta da notificação. Na mesma rede social, Rafael Bittencourt resolveu se posicionar. Segundo transcrição do Whiplash, o guitarrista disse:“Esta semana aconteceu algo chato. Um lapso de comunicação que culminou nos fãs mais uma vez divididos, cheios de dúvidas sobre quem santificar e quem crucificar. Na minha opinião, ninguém merece algum destes destinos. Como o Edu é uma pessoa que admiro e respeito, não fiz um vídeo ou depoimento dizendo meu ponto de vista ou sobre o que entendo ser verdade.Porque isto apenas pioraria a situação. Não gosto de ver os fãs se alimentando de situações que devem ser resolvidas nos bastidores. Os fãs devem colher arte e entretenimento de nós. Para resolver isto, entrei em contato com o Edu e fiz um vídeo diretamente para ele. Mas para mim é importante dizer que não havia e não há nenhuma oposição sobre ele tocar as músicas do Angra. Apenas aconteceu uma má comunicação no que tange à autorização do uso do nome.”Rafael Bittencourt (Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show)Edu Falaschi e “Temple of Shadows in Concert”As coisas se complicaram ainda mais quando Edu Falaschi e sua banda solo lançaram o DVD/Blu-Ray “Temple of Shadows in Concert” (2020), que como o título indica, traz a execução na íntegra do disco “Temple of Shadows” (2004), do Angra, com orquestra. O produto foi lançado inicialmente apenas no Japão, segundo Edu, por problemas burocráticos no Brasil.Aquiles Priester, ex-baterista do Angra e membro da banda solo de Falaschi, colocou o dedo na ferida. Em entrevista ao Podihhcast, o músico deu sua opinião sobre os motivos do não lançamento no Brasil: veto do Angra. Ele disse:“Os autores das músicas lá no Angra não querem liberar, não querem chegar a um acordo financeiro para que seja lançado no Brasil, porque eles viram a qualidade que tem o produto. Eles sabem que se isso for lançado no Brasil, vai ser de fácil acesso para todos. As pessoas vão comparar: isso aqui é o Edu, o Aquiles e o Fabio Laguna (tecladista), com o Roberto Barros (guitarrista), Diogo Mafra (guitarrista) e Raphael Dafras (baixo), com uma p*ta orquestra, fazendo o show mais importante da história do heavy metal brasileiro.”Aquiles Priester (Foto: André Tedim @andretedimphotography)Em conversa com o canal Heavy Talk, Bittencourt se defendeu. Além de negar o veto ao material, o guitarrista fez duras críticas a Falaschi, classificando o vocalista como “ingênuo”, “paranoico” e “antiprofissional”. Rafael explicou uma situação que teria sido criada por Edu e dificultado o lançamento do vídeo:“Ele fez um contrato com uma editora musical e em um anexo ao contrato, ele colocou as obras dele, com as autorias dele, só que completamente diferentes dos cadastros já feitos, ou seja, acordos existentes. Nessa lista, tem músicas que nem são dele. Tem músicas do Andre Matos, músicas até de outras bandas. Ele assinou para a editora constando, por exemplo, músicas do Iron Maiden e do Genesis.”Na mesma entrevista, sobrou também para Priester, que sempre teve relação difícil com o Angra depois de sua saída, em 2007. Sobre o baterista, Bittencourt afirmou:“O Aquiles falou que não vai tocar com o Angra, que tem os brothers dele, que eles tocam direito. Vai tomar banho. Você se vale disso, só coloca os vídeos do Angra, fala que é ex-Angra. O distintivo ‘ex-Angra’ está no peito e fala que não vai subir no palco. E outra: é um mentiroso, desculpa. Não tenho problema em tocar com nenhum ex-Angra. O que vale é o público, é para eles o show. O trabalho está acima das picuinhas. É por isso que eu sobrevivi. Acho uma babaquice. O Aquiles se mostrou um cara com o caráter fraquíssimo. Mas se tiver que subir no palco, claro, [subirei] com o Angra e os fãs acima.”Na mesma época, em entrevista conduzida pelo empresário do Angra, Paulo Baron, Edu Falaschi afirmou que a banda devia cerca de R$ 40 mil a ele e a Aquiles em “direitos digitais”. O vídeo “Temple of Shadows in Concert” foi lançado no Brasil em 2024, com mais uma turnê comemorativa em 2025.Edu Falaschi (Foto: Paty Sigiliano @paty_sigilianophotos)O “primo” EduardoOutro episódio que marcou o mal estar entre Angra e Edu Falaschi nos últimos anos aconteceu em 2022, quando Paulo Baron postou nos Stories de seu perfil do Instagram as imagens do público em um show do Angra em Fortaleza, no Ceará. O empresário ironizou:“Eduardo, não se preocupa… você vai cantar assim também. E aí vamos caprichar na produção.”Falaschi afirmou que era por esse tipo de situação que não havia aceitado nenhum convite de voltar a cantar com o Angra. Paulo Baron, por sua vez, justificou no canal de Regis Tadeu, que o “Eduardo” citado era um de seus primos e não o ex-vocalista do Angra.Edu Falaschi e Paulo Baron (Foto: reprodução / Instagram)Angra e Edu Falaschi rumo à reconciliaçãoNos últimos anos, a relação parece estar bem mais tranquila, muito devido à interferência do baixista do Angra, Felipe Andreoli, nas conversas entre a banda e Edu. Em 2024, falando ao Nordecast, Falaschi já demonstrava uma postura diferente quando perguntado sobre a possibilidade de uma reunião:“Eu acho que voltar não vai existir – e nem é por minha causa. Agora, algo pontual, algo celebrativo, talvez role. Digo, por mim, eu não teria problema. Como eu falei em entrevistas, se for de boa, sem dor de cabeça, vamos lá, vamos nos divertir, vamos fazer acontecer. Aí eu faço, não tenho muito problema com isso, sou bem leve nesse sentido. Mas tem que ser bom. Tem que ser divertido, no mínimo.”O vocalista completou:“Eu espero que cada vez mais a gente se aproxime. Porque eu gosto dos caras, não tenho nada pessoal contra ninguém, o que rolou foram coisas profissionais, desgaste, desentendimentos, desacordos e só. Sempre fui grato pra caramba, sempre falei em todas as entrevistas: eu só sou o Edu Falaschi por causa do Angra, isso é fato.”Quer receber novidades sobre música direto em seu WhatsApp? Clique aqui!Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.O post A linha do tempo da briga entre Angra e Edu Falaschi — até reconciliação apareceu primeiro em Igor Miranda.