Marçal diz que direita é refém de Bolsonaro e defende outsider em 2026

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Por Folha de São Paulo 22/11/2025 7h04 — emPolíticaSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando perdeu as eleições de São Paulo, em outubro do ano passado, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) rapidamente virou a página. Voltou a tocar os negócios, a viralizar na internet com conteúdos inusitados e a vender cursos para pessoas que sonham em enriquecer.Suas ações na corrida eleitoral de 2024, porém, não serão facilmente esquecidas. O empresário acusou —de maneira falsa e reiterada— o adversário, o atual ministro Guilherme Boulos (PSOL), de cheirar cocaína, inclusive com a publicação de um laudo falsificado.Em entrevista à reportagem no prédio de sua empresa em Alphaville, em Barueri (Grande SP), o influenciador fala sobre aquele período, ao qual se refere como "guerra" e "loucura". Responsabiliza seu advogado, Tassio Renam Botelho, pela publicação do laudo (ambos foram denunciados pelo Ministério Público Eleitoral) e diz que também foi difamado pelos outros candidatos.Tassio foi procurado pela reportagem, mas não respondeu. A defesa deles chegou a argumentar na Justiça Eleitoral que estava amparada no "direito à livre manifestação do pensamento" e que o conteúdo veiculado não foi fabricado, apenas divulgado.No início do mês, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo reverteu uma das condenações de Marçal na primeira instância, que tratava da gravação remunerada de vídeos para candidatos, assim como a pena de inelegibilidade. O tribunal ainda julgará outras duas decisões, e ele só será considerado inelegível se uma das sentenças for confirmada.O influenciador desconversa sobre uma possível candidatura à Presidência em 2026. Diz que está desconectado do assunto, mas não descarta concorrer. Afirma que nenhum dos presidenciáveis lhe agrada e que torce para a ascensão de um outsider. Para ele, falta protagonismo entre as lideranças de direita, que ficaram reféns do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).Marçal diz que o presidente Lula (PT) foi "a maior decepção de todos os tempos", mas também o reconhece como "o político mais influente da história". Apesar da postura agressiva que adotou na última eleição, incluindo ataques pessoais aos adversários, afirma que o Brasil precisa de pacificação: "Tinha que parar com esse auê, é muita confusão".*PERGUNTA - O que mudou um ano após as eleições?PABLO MARÇAL - A eleição é uma loucura. Não tem uma diferença na minha vida, mas aqueles 90 dias direto da eleição são um pesadelo para qualquer ser humano. Fica numa privação de não estar com quem você ama, tem que ficar rodeado por seguranças num nível assustador.Ali [na eleição] alguém precisava chamar a atenção, alguém de propósito rodou arquétipo de rebelde, de bobo da corte. Se não, não consegue chegar no ouvido de ninguém.P - Do debate o sr. saiu até com cadeirada, né?PM - Graças a Deus, aquilo ali foi bom demais, tá louco. [José Luiz] Datena pediu desculpas, eu também já resolvi com ele. Ele parece ser um cara muito bom, mas, como vi que ele tinha um emocional mais abalado que todo mundo, acabei indo para cima dele.P - O sr. se arrepende de algo?PM - Como conheço o tempo, o Cronos não permite ficar voltando atrás, mas acho que não precisa [daqui para frente] fazer a maioria das coisas. Já foi sacramentado, conhecido, eu dei o recado.P - Queria saber se o sr. sente que passou do limite em algumas situações. O sr. repetia que Guilherme Boulos tinha sido preso por porte de drogas e depois publicou aquele laudo, que todo mundo viu que era falso.PM - Menos eu, eu estava num podcast quando a equipe postou. Até hoje eu não vi esse laudo. Acho que isso foi completamente desnecessário. Se eu soubesse que era uma situação adversa da realidade jamais aprovaria.P - O sr. não viu o laudo nas redes?PM - Não vi, derrubaram as minhas redes.P - Mas o sr. nunca pediu para ver o documento?PM - Nunca toquei. Nunca mais mexi com isso, é irrelevante para mim. O que tem de gente maluca em eleição mandando dossiê, é o dia inteiro. Agora acreditar em maluco… Quem do time que bancou isso aí, postou, que responda e se resolva com isso.P - Quem foi?PM - O advogado.P - O Tassio [Renam Botelho]?PM - É. Vai dar tudo certo porque ele é um cara de boa fé, acho que alguém entrou na cabeça dele.P - O logo que está no laudo falso é da Mais Clínicas, e o sócio já tinha aparecido com o sr. no Instagram. PM - Imagina o tanto de gente que eu não tiro foto, tiro 500 fotos num dia.P - Mas não é muita coincidência, que o sr. foi na clínica do médico…PM - Fui algumas vezes e todos os lugares que eu vou, como eu sou muito influente, todo mundo quer tirar foto. Foto não vai mudar nada.P - Mas a questão não é a foto, é que o sr. conhecia esse homem e a clínica dele foi usada no laudo falsificado.PM - Não é a mesma clínica.P - Não é a clínica na qual o sr. se consultou, mas ele é o dono dessa clínica [do laudo].PM - Eu lá vou saber quantas empresas alguém tem?P - O sr. repetia nos debates que Boulos tinha sido preso por porte de drogas. Nós descobrimos que a sua campanha tinha o número de um processo, sob sigilo, referente a um homônimo. O sr. não sabia que não se tratava do verdadeiro Boulos?PM - Eu lembro de uma reportagem disso daí, mas a gente não chegou a mostrar. Acho que vocês estavam futricando numa coisa que alguém estava ameaçando postar. Mas vocês anteciparam essa notícia sem eu ter dado esse processo. Nunca vinculei a ele e nunca foi postado.P - Mas o sr. dizia que ele tinha sido preso.PM - Dizer é uma coisa, mas não trouxe o processo, vocês foram lá e caçaram. Vocês pegaram uma ilação, do tipo "o processo é esse". Eu não sabia. É o que eu te falei, muita gente fica em cima o tempo inteiro trazendo dossiê.P - Mas por que o sr. dizia com tanta certeza algo que não tinha certeza?PM - Eles falaram as mesmas coisas sobre mim. A Tabata [Amaral] falava atrocidades e nunca vi vocês questionando. Ele [Boulos] falava coisas que não faziam o mínimo sentido. Me difamaram, nunca vi vocês questionando nada.P - O sr. estaria pronto para entrar numa campanha de novo?PM - Agora não. Estou focado na família, nos negócios. Se eu sentir no meu coração, vai ser diferente, mas agora estou 100% desconectado disso. Para decepção de muita gente, inclusive a sua (sorri). No tempo certo, se meu coração falar vai, eu vou.P - Depois da eleição o seu engajamento…PM - Tem um ano caindo. Teve muita gente frustrada de não ganhar. A pessoa quer que eu fique dentro da eleição.Tem gente doente emocionalmente até hoje por causa da eleição do [Jair] Bolsonaro em 2022. Cara, vai cuidar da sua vida. No mesmo minuto que eu vi o gráfico virando, eu virei e fui embora, vamos embora trabalhar.P - Quem o sr. vê como o maior líder da direita?PM - Naturalmente a pessoa que governa o estado de São Paulo, o Tarcísio [de Freitas]. Sem a bênção do Bolsonaro, ele vale a metade. Com a bênção do Bolsonaro, sem a simpatia que deveria ter, vale uns 70% de uma pessoa que deveria disputar com o Lula.Eu estou vendo pesquisas que algumas pessoas mandam para mim e acho que o povo está meio de saco cheio dessa história de Lula e Bolsonaro. Acho que, se sai uma pessoa diferente, que mostra um caminho que a gente ainda não seguiu e que não é apadrinhado de ninguém, tem chance de romper isso aí.P - E essa pessoa não vai ser o sr.PM - Hoje eu não consigo te responder isso. Mas tem que ser alguém com o perfil parecido, outsider, próspero.P - Uma coisa que surpreendeu na eleição de São Paulo foi que, pela primeira vez, uma figura política, o sr., conseguiu contornar a influência que Bolsonaro tinha sobre os eleitores. Bolsonaro está enfraquecido?PM - A direita e a esquerda não têm dono, falta protagonista. Bolsonaro até me apoiaria, não me apoiou porque precisava do MDB e do [Michel] Temer para resolver esses processos aí. Acabou que não resolveu. Mas sim, eu tenho que rezar a cartilha dele para ele apoiar. Eu fui conversar com ele, e ele falou que a eleição iria cair no meu colo.P - O sr. acha que ele se vendeu para o centrão?PM - Vendeu não, política é desse jeito. O cara começa prometendo que é puro, depois acaba fazendo algumas coisas que não fazem sentido e, para resolver, em vez de assumir, acaba tendo que negociar. O centrão manda no país, não tem esse negócio de esquerda e direita. Quem manda no país não são os caras que pregam princípio, são os caras que pregam dinheiro.P - Em 2026 Lula leva ou tem chance para a direita?PM - Do jeito que está hoje, Lula não perde para ninguém. Infelizmente o Lula é o político mais influente da história.[Mas] Cada ano do Lula agora representa 10 mil, pelo fato de ele estar senil. Se nesse ano ele tiver a queda que o [Joe] Biden teve, aí é uma probabilidade de dar 100% errado para ele. A parte boa é que, como Lula é a única esperança, ele não está formando ninguém.P - Há novas lideranças na direita? O Nikolas [Ferreira] seria um exemplo?PM - Nikolas precisa de presença de comando e de idade. A vida está tão ruim que a opção acaba sendo o menos pior. Para mim não tem que ser nenhum dos que estão aí. O problema da ansiedade da política é que todo mundo acha que as opções estão aí. Não estão. Você constrói quando não está feliz, quando não quer. Peço a Deus que pessoas novas se levantem. Fica todo mundo refém de Bolsonaro.P - O sr. está esperando a resolução dos seus processos na Justiça Eleitoral para falar sobre candidatura?PM - Não, zero. Ficam toda hora me ligando e eu [falo] "não enche meu saco, não". Eu não sei nem por que eu aceitei essa entrevista. Começa a acionar desejo que não faz sentido em um monte de gente.Eu acredito na justiça de Deus e acredito muito em gente sensata no Judiciário. Tem muita gente que é insensata, como em todo lugar.P - A direita bateu no sr. no ano passado porque o sr. não levantou [a voz] contra o ministro Alexandre de Moraes.PM - Falei do Alexandre. O negócio é que não falo o que não quero. Não sou obrigado.P - O sr. colocaria Moraes na coluna dos juízes íntegros ou não íntegros?PM - Não conheço os processos. Bolsonaro puxou muito para uma radicalização e o Moraes puxou para o outro lado. O Brasil tem que voltar para a pacificação, se não a gente vai viver nessa guerra. A gente tinha que parar com esse auê, é muita confusão.*RAIO-X- PABLO MARÇAL, 38Influenciador, palestrante e empresário. Bacharel em direito pela Universidade Paulista, foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB nas eleições de 2024, com 28% dos votos no primeiro turno.Bastidores da PolíticaNo país das cotas, Lula cria a sua no STF"; // imagens[1] = // ""; // imagens[4] = // ' source src = "/sites/all/themes/v5/banners/videos/vt-garcia-07-2023.mp4" type = "video/mp4" >'; // imagens[2] = // ""; // imagens[4] = // ""; // imagens[3] = // ""; // imagens[4] = // ""; index = Math.floor(Math.random() * imagens.length); document.write(imagens[index]);]]>