Reta final da COP30: entenda em cinco pontos o que está em jogo

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A COP30 entra nesta segunda-feira (17) na sua fase política, com a chegada de ministros de Estado de quase 160 países a Belém.Depois de uma primeira semana marcada por textos travados, tensões discretas e interesses distintos entre países ricos, emergentes e nações vulneráveis, a expectativa é de que a presença do alto escalão ajude a destravar acordos.A presidência brasileira reconhece que os negociadores técnicos chegaram perto do limite e aposta na política para avançar.A possível vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Belém, nesta terça-feira (18), também é vista por diplomatas como um gesto capaz de reforçar articulações brasileiras, embora ainda não haja confirmação. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) deve participar da conferência já nesta segunda. Leia Mais: Côrrea do Lago promete levar pleitos da Cúpula dos Povos à COP30 COP30: o que os números sobre a indústria da moda nos dizem? Impasse gera defesa de programa de trabalho pós-COP sobre financiamento A seguir, veja cinco pontos centrais que entrarão na mesa dos ministros — e nos bastidores — a partir de hoje.1. Financiamento climático segue sendo o maior impasseO tema domina a COP30 e segue como o ponto mais difícil de conciliar. Países vulneráveis cobram recursos novos e em maior escala, tanto para adaptação quanto para a transição energética.Já economias desenvolvidas resistem a assumir custos adicionais — cenário acentuado pela ausência dos Estados Unidos nesta edição.Sem os Estados Unidos à mesa, a pressão tem recaído principalmente sobre a União Europeia, mas também sobre China, Arábia Saudita e outros grandes emissores que evitam compromissos financeiros numéricos mais robustos.O pano de fundo é conhecido: o financiamento é considerado o motor para qualquer avanço real do Acordo de Paris. Sem clareza sobre como países vão pagar medidas de adaptação, proteção de populações vulneráveis, transição de matriz energética e redução de emissões, boa parte do pacote climático perde tração política.2. Pacote de adaptação: prioridade brasileira, mas com divisõesO Brasil tenta colocar adaptação no centro da agenda. O objetivo é entregar um Pacote de Adaptação que organize financiamento, governança e métricas para que países possam aumentar resiliência a eventos extremos.Negociadores brasileiros minimizam tensões e afirmam que há textos em discussão, mas admitem que falta convergência sobre a escala de recursos.Na COP29, em Baku, foram definidos US$ 300 bilhões para adaptação, vindos inclusive por empréstimos. A meta, agora, é triplicar o valor e transformar a maior parte em doações, não em dívidas. Países vulneráveis insistem que empréstimos não resolvem o problema estrutural da adaptação em regiões já sobrecarregadas.CNN na COP30: Impasse na 1ª semana gera reflexão do acordo de Paris | AGORA CNN3. Metas de descarbonização e ambição climática dividem paísesOutro ponto sensível é a diferença de ambição entre países sobre como e quando reduzir emissões. Nações ricas pressionam emergentes a assumir metas mais agressivas, enquanto países em desenvolvimento argumentam que precisam de apoio financeiro e tecnológico para acelerar sua curva de descarbonização.Nos bastidores, diplomatas afirmam que esse é um dos temas que mais travaram conversas na primeira semana. A sensação é de que ninguém quer “ceder primeiro” e o debate pode subir de temperatura com a chegada dos ministros.4. Transparência e critérios de dados também travaramParte dos textos segue aberta por falta de consenso sobre como medir, reportar e verificar avanços na implementação do Acordo de Paris.Há divergências sobre quais informações devem ser obrigatórias, como harmonizar metodologias e o nível de detalhamento necessário para garantir comparabilidade. É um tema menos visível, mas que costuma consumir horas de negociação e é fundamental para dar credibilidade aos compromissos climáticos.5. O “roadmap do petróleo” — e o papel da Arábia SauditaO debate sobre combustíveis fósseis entrou de vez na COP30. O Brasil tenta articular apoio ao roadmap do petróleo, iniciativa que mira limitar e reduzir drasticamente o uso de combustíveis fósseis nas próximas décadas.Sem os EUA no evento, o bloco dos grandes produtores perdeu força relativa, e o roadmap já recebeu o apoio de mais de 20 países, entre eles Alemanha e Reino Unido.Ainda assim, a Arábia Saudita mantém capacidade de frear avanços mais contundentes. Para parte das delegações, o que emerge em Belém é menos um acordo final e mais uma coalizão política.O que esperar da semanaCom ministros chegando, a expectativa da presidência brasileira é que o tom político ajude a aproximar posições e acelerar decisões.Diplomatas ouvidos pela CNN Brasil afirmam que a segunda semana costuma redefinir o ritmo das COPs, mas reconhecem que o conjunto de temas pendentes é amplo e que divergências estruturais permanecem.