É bear market no mundo cripto. Cotado a US$ 82,7 mil, o Bitcoin (BTC) atingiu seu menor valor de mercado desde abril na sexta-feira (21). A criptomoeda enfrenta uma onda de aversão ao risco causada por dados de emprego mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos e ceticismo de investidores sobre os valuations elevados de ações ligadas à inteligência artificial. Alguns investidores podem interpretar o momento desfavorável ao Bitcoin como uma oportunidade, já que o objetivo sempre é comprar na baixa e vender na alta. Mas a queda representa uma chance ou um sinal para se manter longo da criptomoeda agora? Leia também: Bitcoin lidera aversão ao risco e cai mais 10%; criptos já desabam US$ 1,5 triPara começar a responder, é preciso entender o que trouxe o bear market ao mercado cripto. “Depois dos recordes registrados no início do mês, o mercado passou por um movimento de realização de lucros e redução de exposição ao risco. Esse cenário foi reforçado por fatores macroeconômicos, como o fortalecimento do dólar e o aumento da aversão global ao risco, estimulada por incertezas geopolíticas e pelo receio de condições financeiras mais restritivas nos Estados Unidos”, explica Ricardo Dantas, CEO da Foxbit. O mercado esperava recuperação em novembro, depois de uma perda de US$ 19 bilhões em posições alavancadas em um só dia, em 10 de outubro. No entanto, o Bitcoin cai mais de 22% em um mês e 15% na semana. A queda foi acentuada nas negociações desta quinta-feira após um Payroll mais forte do que o esperado em setembro levantar dúvidas sobre o corte de juros em dezembro nos Estados Unidos. Após a divulgação do indicador, a aposta majoritária do mercado passou para estabilidade das taxas. “A decisão do Federal Reserve de manter as taxas de juros elevadas continua pressionando ativos de risco, como o Bitcoin, e, enquanto persistir essa incerteza, parte dos investidores tende a realizar lucros e buscar posições mais conservadoras”, diz Julián Colombo, Diretor Sênior de Políticas Públicas e Estratégia para a América do Sul na Bitso.Nesse contexto, o índice Fear and Greed (medo e ganância), da CNN Business, virou para o nível de medo extremo na última semana, mostrando que o sentimento dos investidores ainda é de forte aversão ao risco. Ainda existe espaço para recuperação no curto prazo?Para os especialistas, ainda há espaço tanto para recuperação quanto para um movimento ainda mais acentuado de queda, mas eles dizem que os investidores não devem se preocupar com os movimentos de curto prazo. Uma pressão ainda maior na cotação pode vir pelas incertezas sobre a última decisão de juros do Federal Reserve em dezembro. “Apesar de o ciclo de cortes já ter começado, a probabilidade de um novo corte neste encontro diminuiu, o que reduz o apetite por ativos de risco como o Bitcoin”, diz Rony Szuster, Head de research do Mercado BitcoinEle também destaca o sentimento ainda “fragilizado” dos investidores, mostrando que o mercado ainda opera com cautela, como um fator de pessimismo no curto prazo. Por outro lado, uma melhora na liquidez global pode puxar recuperação do Bitcoin a partir de dezembro. “O Federal Reserve vai parar de reduzir seu balanço, encerrando o aperto que retirava liquidez do sistema — e isso historicamente favorece o Bitcoin”, diz Szuster. Leia também: Ações de techs ainda devem registrar entrada recorde de US$ 75 bi em 2025, diz BofAPara Dantas, da Foxbit, a correção recente “faz parte dos ciclos naturais do mercado cripto, que alterna fases de forte valorização com períodos de ajuste”. Ele afirma que a expectativa de retomada se apoia principalmente no crescimento estrutural do mercado, como o aumento da participação institucional e o fortalecimento dos ETF de Bitcoin à vista – que registraram US$ 903 milhões em saídas na quinta-feira, o segundo maior volume desde o lançamento desses produtos em janeiro de 2024.Bitcoin na promoção?Investidores brasileiros já estão tentando antecipar um movimento de recuperação do Bitcoin. Dados do Mercado Bitcoin mostram que, nos últimos 14 dias, conforme a correção se intensificou, o número de compradores cresceu 40,9% em relação às duas semanas anteriores e ficou 10% acima do nível registrado em períodos de maior otimismo. A exchange diz que a relação de compradores por vendedores subiu para 2,35 para 1, ante 1,47 para 1 em momentos de recorde e 1,58 nas duas semanas anteriores. “Esse movimento indica que muitos investidores estão aproveitando preços mais baixos para se posicionar, mas sem eliminar a necessidade de uma abordagem disciplinada, dado o aumento recente dos riscos de curto prazo”, diz Rony Szuster. Para quem pensa em lucrar com o Bitcoin no curto prazo, este não é um bom momento para comprar, segundo Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, que vê o cenário atual como uma oportunidade apenas para quem tem planos de longo prazo. “A gente não consegue ter uma perspectiva tão positiva assim no curto prazo”. Já Andre Franco, CEO da Boost Research, diz que os preços atuais podem se mostrar atrativos para compra no longo prazo, mas o mais prudente é aguardar um cenário mais claro. “Isso ajuda a evitar o risco de ‘tentar pegar a faca caindo’, já que o Bitcoin ainda pode recuar mais antes de retomar a trajetória de alta”. The post Bitcoin abaixo de US$ 85 mil é promoção antecipada de Black Friday ou cilada? appeared first on InfoMoney.