Selic (ainda) em 15%: como investir na Bolsa, renda fixa, fundos e no exterior? 

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Assim como fez em julho, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu pela manutenção da Selic em 15% ao ano nesta quarta-feira (17). Nos investimentos, a decisão levanta debates sobre estratégias de alocação enquanto os juros seguem altos, mas com um ciclo de cortes no horizonte. Na renda fixa, a dúvida é sobre o peso de cada indexador na carteira, já que há oportunidades em diversos títulos. Apesar dos retornos atrativos, a classe “não necessariamente tira atratividade da Bolsa”, segundo Raphael Figueredo, o Rafi, estrategista de ações do Research da XP, que lembra da ótima performance do Ibovespa no ano mesmo diante dos juros altos.  Leia tambémSelic em 15% mantém Brasil com segundo maior juro real do mundo, a 9,51%Levantamento considera juros praticados em 40 países, descontando a taxa básica da inflaçãoCopom mantém a Selic em 15%, como esperado, e repete recado de cautelaA decisão de manutenção já era amplamente esperada pelo mercado financeiro e havia sido praticamente antecipada pela diretoria do BC na reunião de julhoNos fundos imobiliários, os FIIs de tijolo seguem pressionados, enquanto os de papel tendem a se beneficiar da decisão do Copom. Veja as estratégias recomendadas por especialistas nos principais instrumentos de investimento do País após a manutenção da Selic: Títulos públicosO cenário atual oferece oportunidades nos três principais títulos do Tesouro Direto, dizem especialistas. Por isso, a estratégia é importante agora para dosar a participação de cada indexador na carteira. Para Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia da AVG Capital, investimentos de curto prazo devem priorizar o Tesouro Selic, enquanto o Tesouro Prefixado é a melhor opção para aplicações entre dois e três anos, e o Tesouro IPCA+ é a escolha para o longo prazo. Com os olhos do mercado já mirando o início do ciclo de quedas da Selic, garantir taxas “bem atrativas para o futuro” é importante agora, segundo a especialista. Ao mesmo tempo, “manter títulos IPCA+ na carteira continua sendo fundamental para garantir um ganho real e proteger o poder de compra”, diz Gabriel Santos, especialista de investimentos de Research e Estratégia da Bloxs. Já o Tesouro Selic continua oferecendo alta rentabilidade, mesmo no papel considerado o mais seguro do País. Crédito privado A combinação de juros altos e prêmios amassados faz com que o investidor tenha que se dedicar ainda mais na pesquisa sobre a saúde financeira dos emissores de papéis como CRIs, CRAs, debêntures, LCIs e LCAs. Otávio Faria, analista de crédito da Eleven, diz que, atualmente, “há poucos bons ativos para serem comprados com algum tipo de gordura em relação aos títulos públicos”, o que torna a análise sobre a capacidade de pagamento da companhia essencial e superior em importância à remuneração e vencimento dos papéis. Para Vitor Duarte, diretor de investimentos da Suno Asset, o caminho mais interessante no crédito privado são os incentivados, com destaque para CRIs e CRAs de companhias de grande porte e LCIs e LCAs, que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Duarte recomenda “aumentar a qualidade do portfólio e fugir de ofertas que prometem rendimento um pouco maior, mas têm muito mais risco”.  Nesse sentido, as empresas de médio porte, que costumam perder espaço para as grandes em cenários de política monetária restritiva, devem ser evitadas. Na hora de decidir sobre os vencimentos, a SulAmérica Investimentos vem optando pela alocação em papéis de baixa e média duração, “que ainda têm prêmios interessantes, mas sofrem menos com possíveis aberturas de taxas no futuro”, segundo Daniela Gamboa, CIO de Crédito Privado e Imobiliário da casa.AçõesMesmo após os recentes recordes, o Ibovespa ainda tem espaço para valorização, dizem analistas. Porém, os investidores precisam “ter muito cuidado com uma possível realização (de lucros)”, segundo Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da Top Gain. Essa combinação de otimismo com cautela aproxima os especialistas da estratégia clássica, que busca focar em ações de qualidade, já consolidadas em seus setores.Sabesp (SBSP3), Eletrobras (ELET6) e Vivo (VIVT3) são citadas por Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, como boas ações para comprar agora pelo “perfil defensivo e distribuição de caixa”, enquanto Itaú e Santander (SANB11) são as escolhas no setor financeiro pela alta capacidade de pagamento de dividendos. Além da estratégia clássica, a diversificação com ações de setores cíclicos também é bem-vinda. Rafi, da XP, afirma que “dentro dos setores, temos sempre um ‘patinho bonito e outro feio’”, reforçando a importância do stock picking. Quem deseja acrescentar risco em busca de retornos maiores pode encontrar no varejo e na construção civil ações que ainda guardam potencial de valorização, segundo Santos: “Ambos (os setores) já se valorizaram, mas acredito que ainda pode ter um espaço para uma continuação do movimento.” Fundos Imobiliários Os fundos de tijolo (aqueles que investem diretamente em imóveis) e os hedge funds de FIIs (que investem tanto em ativos imobiliários como outros), são os mais pressionados pela manutenção da Selic, segundo Marcelo Aoki, sócio-fundador da Catálise.“Isso acontece porque o prêmio exigido pelo investidor para adquirir ativos reais sobe, enquanto muitos contratos de locação já firmados não podem ser reajustados de forma imediata”, afirma.Já os fundos de papel (que investem em títulos), explica ele, apresentam uma dinâmica distinta. Por estarem atrelados ao CDI ou à inflação, tendem a se beneficiar de juros altos no curto prazo, entregando rendimentos mais elevados para os investidores.O analista CNPI e head de fundos imobiliários da Suno Research, Marcos Baroni, tem uma visão um pouco diferente. Ele acredita que o impacto do juro à vista é marginal porque os FIIs acabam se guiando mais pelo juro futuro. E no momento, afirma, os contratos futuros de DI não sinalizam queda próxima, embora parte do mercado ventile essa possibilidade. “Agora, se vier um comunicado (do Copom) claro de que os juros caem entre o final deste ano e início do ano que vem, a gente pode ter um otimismo maior para fundo imobiliário”, diz, em especial para os FIIs de tijolo. Fundos de investimentosA Selic alta continua beneficiando investimentos em renda fixa, segundo Marcel Andrade, head de Investment Solutions da SulAmérica Investimentos, e Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset. A avaliação não muda com o possível início do ciclo de corte de juros no começo do próximo ano, já que a redução deve ser suave.No cenário atual, Ian Lima destaca os títulos atrelados ao IPCA com juros reais de cerca de 7,5% para vencimento em 10 anos. Marcel Andrade, por sua vez, ressalta que os títulos prefixados podem ser os mais beneficiados em um momento pré-corte de juros. Segundo Andrade, os prêmios na curva de juros continuam atraentes e, em um cenário de desaceleração econômica, podem ser comprimidos, valorizando esses ativos.Na renda variável, Ian Lima destaca o bom desempenho dos resultados das empresas do Ibovespa. Ele avalia que a flexibilização da política monetária, esperada para os próximos meses, deve impulsionar essa classe de ativos, que apresenta múltiplos descontados em relação à média histórica.Assim, uma estratégia eficaz seria diversificar entre renda fixa (com risco de crédito privado e títulos públicos IPCA) e renda variável. Essa abordagem se antecipa ao processo de desinflação no Brasil e as implicações nos ativos financeiros. Já os fundos multimercados são uma “uma alocação quase permanente na carteira”, na avaliação de Lima, devido à flexibilidade das posições mais defensivas em momentos de incerteza.Sobre os riscos, Marcel Andrade alerta que, embora o cenário externo pareça favorável com o início dos cortes de juros nos EUA, é preciso ficar atento a uma possível mudança na trajetória de queda de juros no país, causada pela inflação, o que poderia impactar as taxas de juros globais, incluindo a magnitude dos cortes esperados no Brasil.Investimento no exterior Apesar do nível elevado dos juros no Brasil – que garantem uma renda relativamente segura em ativos de renda fixa – e da trajetória de queda das taxas nos EUA, manter parte do portfólio no exterior continua fazendo sentido, segundo especialistas. “A diversificação internacional não deve ser vista apenas como uma aposta em juros ou câmbio, mas como uma estratégia de longo prazo de redução de risco e ampliação de oportunidades”, disse Felipe Chad, sócio e fundador da 3P Capital. Ele destaca que, mesmo em um cenário de juros altos no Brasil e em queda nos Estados Unidos, há setores e empresas globais que dificilmente podem ser replicados na bolsa brasileira, como tecnologia, saúde e inteligência artificial.Pedro Ferroni, sócio-diretor da Quartzo Capital, acrescenta que, com a gestão de Donald Trump, pode haver ainda mais cortes de juros nos EUA, o que tende a favorecer especialmente a renda variável, em particular o setor de tecnologia. “O S&P 500 está muito concentrado nas grandes big techs. Então, se essas companhias andam, possivelmente o índice também vai andar”, diz.Sobre alocação no exterior, Diego Correia, líder executivo na área de investimentos internacionais da XP, diz que o recomendado é um percentual mínimo de 15% do patrimônio financeiro investido diretamente lá fora. “Dentro desse total, a orientação é que 55% seja destinado à renda fixa internacional, sendo 42% em títulos públicos (Treasuries) e 13% em títulos corporativos, e 40% em renda variável, sendo 60% em ações americanas”.The post Selic (ainda) em 15%: como investir na Bolsa, renda fixa, fundos e no exterior?  appeared first on InfoMoney.