Assim como havia consenso entre os agentes do mercado de que a decisão do Copom nesta quarta-feira (17) seria a de manutenção da taxa Selic em 15% — como anunciado esta noite – a leitura que os economistas fizeram do comunicado do BC também foi parecida. Para eles, mesmo com os sinais de desaceleração na inflação de curto prazo, o Copom acertou em manter o tom cauteloso e não suavizar seu comunicado sobre a política monetária.Leia tambémCopom mantém a Selic em 15%, como esperado, e repete recado de cautelaA decisão de manutenção já era amplamente esperada pelo mercado financeiro e havia sido praticamente antecipada pela diretoria do BC na reunião de julhoPara Caio Megale, economista-chefe da XP, o Copom fez o que era esperado, que era manter a taxa em 15% e sinalizar juros nesse patamar por um longo tempo adiante. Ele avaliou ainda que dois pontos foram um pouco mais duros do que o mercado esperava.“Primeiro, foi ter deixado no final do comunicado que pode voltar a subir se for necessário (…) O segundo ponto foi nas projeções apresentadas pelo Comitê. Para o horizonte relevante, de 18 meses à frente – 1º trimestre de 2027 – 3,4% [de inflação]. O mercado esperava algo como 3,2% ou 3,3%. Esses 10 bps parece pouco, mas sinalização é muito importante”, comentou, explicando que essa projeção ainda mostra uma inflação significativamente acima da meta e, portanto, um desafio importante de política monetária.Para Megale, esses trechos da comunicação reforçam que muito dificilmente haverá corte de juros no curto prazo, ou seja, até o final deste ano. O economista-chefe da XP disse ainda que o BC claramente está jogando a possibilidade deum início de flexibilização para o primeiro trimestre do ano que vem.Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, concordou que o Copom entregou um comunicado bastante “hawk” (duro). “No conjunto, a decisão veio na cauda mais dura do espectro de possibilidades: manteve a projeção de inflação em 3,4% apesar da melhora do câmbio, não suavizou a avaliação do cenário e reforçou o risco fiscal como motivo de cautela”, analisou.A economista também disse que, dada a comunicação de hoje, flexibilizações em 2025 só ocorreriam diante de melhora relevante de cenário. “Mantemos nossa projeção de cortes apenas no primeiro trimestre de 2026.”,Na avaliação de Danilo Passos, economista da WHG, com a atividade desacelerando, o câmbio se apreciando e as expectativas de inflação recuando levemente, alguns economistas apontavam para a possibilidade de o BC ser um pouco mais “dovish” (suave), mas nenhum desses pontos apareceu no comunicado. “Logo, o BC continua reafirmando seu compromisso de manter a Selic em 15% por mais algumas reuniões, em linha com a nossa expectativa de juros estáveis até o final do ano”, dissePedro Moreira, sócio da One Investimentos, por sua vez, destacou que o mercado de trabalho no Brasil continua resiliente e é um dos pontos de impacto de aumento na inflação citados pelo BC.Na visão de Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, a decisão foi acertada, com o BC reconhecendo que o atual processo de desinflação ainda não é estrutural. “A persistência de uma inflação de serviços elevada sugere que a economia opera próxima ou acima do seu produto potencial, o que reforça a necessidade de uma postura monetária restritiva”, comentou.Para Simioni, cortes prematuros na taxa Selic poderiam sinalizar complacência, desancorando as expectativas de inflação futura e exigindo posteriormente uma resposta mais agressiva.CredibilidadeA opinião de Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, é que os membros do Copom optaram por manter um tom hawkish para potencializar ganhos de credibilidade, com o intuito de ajudar no processo redução da desancoragem das expectativas de inflação que está em curso.“Olhando adiante, acreditamos que a evolução do cenário econômico levará o Copom a mudar o tom de sua comunicação nos próximos meses, para preparar o terreno para o início de um ciclo de corte de juros a partir do início de 2026”, projetou.Cezário afirmou ainda que com o Fed cortando juros nos EUA, o ambiente externo continuará ajudando a apreciar o Real. “Além disso, estimamos que a atividade econômica continuará enfraquecendo em resposta ao aperto da política monetária já implementado. Com isso, acreditamos que o Copom iniciará um ciclo de redução do grau de aperto da política monetária a partir de janeiro, reduzindo a taxa Selic para 12,00% até o final de 2026.”A avaliação de Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, vai na mesma linha de raciocínio. “O tom ainda foi bem “hawkish”, sem dar espaço para discussão sobre corte de juros no curto prazo, apesar da melhora recente no cenário externo, com o corte de juros pelo Fed e a valorização do câmbio desde a última reunião”, comentou.Assim, a perspectiva de corte de juros ainda em 2025 fica mais distante, acredita Rafaela, opinando que esse deve ser o cenário mais apropriado, tendo em vista a defasagem da política monetária e o patamar bastante restritivo da Selic. “Para 2026, no entanto, com projeção de inflação de 3,4% em 2027, deve-se consolidar no mercado a expectativa de um espaço para cortes de cerca de 300 bps”, estimou.The post Copom não dá espaço para apostas de corte de juros no curto prazo, dizem economistas appeared first on InfoMoney.