Os donos de uma das unidades do Instituto Terapêutico Liberte-se foram presos pela Polícia Civil (PCDF) nesta terça-feira (16/9), acusados de cárcere privado contra 27 internos.A prisão ocorreu depois de a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) apontar maus-tratos aos dependentes químicos internados no local.Segundo a PCDF, a comissão apontou graves irregularidades no local, dentre elas: cárcere privado; agressões físicas; restrição de contato com familiares; e administração irregular de medicamentos por dirigentes e coordenadores da instituição. Leia também Distrito Federal Irregulares, clínicas de dependentes químicos recebem milhões em recursos federais Distrito Federal Família ainda não buscou corpo de homem morto por incêndio em clínica Distrito Federal Tragédia em clínica: PCDF conclui identificação dos 5 mortos Equipes da 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho 2) deslocaram-se até a clínica e conduziram 27 internos até a delegacia, onde os relatos foram confirmados.Durante a operação, dois responsáveis pela unidade — de 46 e 49 anos — além de um coordenador da clínica, 40, foram presos e autuados em flagrante pelo crime de cárcere privado, permanecendo à disposição da Justiça.DenúnciaA CDH esteve na unidade do Lago Oeste e não na filial do Paranoá que pegou fogo. Os pacientes fizeram graves relatos que indicam trabalho forçado e não remunerado, tortura e maus-tratos, violência sexual, cobranças abusivas, falta de assistência médica adequada, entre outras violações de direitos humanos.A Liberte-se do Lago Oeste tem capacidade para receber 80 pessoas, mas os pacientes afirmam que mais de 100 homens vivem lá. A denúncia refuta a administração do instituto, que alegou à CDH que são apenas 72 internos.O Metrópoles tentou contato com o Instituto novamente, para ouvir a entidade a respeito dos apontamentos da Comissão de Direitos Humanos. O órgão, no entanto, não havia dado retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto.Relembre o casoNa madrugada de 31 de agosto, a unidade do Instituto Liberte-se no Núcleo Rural Boqueirão, no Paranoá, pegou fogo;Cinco pessoas morreram, e 12 ficaram feridas. Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto, Lindemberg Nunes Pinho, Daniel Antunes e João Pedro Santos faleceram carbonizadas;Aquela unidade funcionava sem alvará, segundo a Secretaria DF Legal;Em depoimento à PCDF, o proprietário do Instituto Terapêutico Liberte-se, Douglas Costa Ramos, 33 anos, confirmou que a única porta de entrada e saída da clínica estava trancada com cadeado, em razão de furtos anteriores sofridos;Douglas confessou ainda que não possuía as licenças necessárias para permitir que a unidade do Boqueirão estivesse funcionando.8 imagensFechar modal.1 de 8Cinco pessoas morreram durante um trágico incêndio em uma clínica de recuperação Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto2 de 8Lugar funcionava clandestinamenteHugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto3 de 8Delegado não descarta crime de cárcere privado Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto4 de 8Clínica fica no ParanoáFrancisco Dutra/Metrópoles5 de 8Incêndio provocou uma tragédia Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto6 de 8O Instituto Terapêutico Liberte-se, casa de reabilitação de dependentes químicos no Paranoá (DF), pegou fogo na madrugada deste domingo (31/8), por volta das 3h. Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto7 de 8Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto, Lindemberg Nunes Pinho, Daniel Antunes e João Pedro Santos morreram no local. Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto8 de 8Atualmente, a clínica contava com mais de 20 internos Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto