De Napoleão Bonaparte a Otto von Bismarck, muitos generais e líderes sempre cravaram categoricamente que é impossível vencer a Rússia. Seja pela sua geografia monstruosa ou pelas condições climáticas adversas, foram pouquíssimos os eventos militares e políticos que subjugaram o povo russo. Inegavelmente, a heróica performance e bravura do povo soviético, incluindo milhões de russos, durante a Segunda Guerra Mundial, conseguiu das valas comuns de Stalingrado renascer e dar aos Aliados a tão fundamental vitória contra os nazistas. A retórica militarista do pós-guerra e a corrida armamentista durante a Guerra Fria trouxeram à Moscou um dos mais temidos e poderosos exércitos do mundo, um arsenal invejável e a maior quantidade de ogivas nucleares. Nos espólios do colapso da União Soviética, a Federação Russa herdou de forma substancial o poderio militar soviético e sob o comando de Putin, viu avanços tecnológicos serem alcançados de maneira consistente.Em um cenário de grande desgaste após uma guerra longa, o orçamento estatal russo tem destinado cada vez mais recursos para o setor de defesa. A superioridade russa na área de tanques e blindados ainda foi mantida, assim como a competitividade na artilharia tanto rebocada, quanto autopropulsada e nos lançadores de foguetes. A centralização do poder político tem facilitado a alocação de maiores verbas para a indústria bélica nacional, mobilizando mais rapidamente recursos financeiros para a produção de armamentos e o alistamento de jovens de diversas regiões. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Dentre todos os pontos fortes, obviamente o arsenal nuclear é o elemento mais relevante, sendo o mais importante mecanismo de dissuasão utilizado contra os países da OTAN ao seu entrono. Segundo os dados mais recentes são 5977 ogivas nucleares russas totais, sendo 1550 estratégicas ativas em Mísseis Balísticos Intercontinentais, submarinos e bombardeiros, 2700 em reserva e 1200 aposentadas, números muito próximos ao arsenal nuclear da OTAN, na faixa das 5800 ogivas totais.Apesar dos investimentos constantes e da incontestável força nuclear, há muitos aspectos técnicos que apresentam desvantagem russa comparados com seus adversários ocidentais. O número de aeronaves de combate disponíveis acabam sendo cerca de 25% da quantidade da OTAN, representando uma capacidade aérea inferior para operar globalmente. O mesmo é válido para a capacidade naval ao se compara os cerca de 800 navios militares russos contra 2200 ocidentais, além de apenas 1 porta-aviões russo contra pelo menos 14 da OTAN.Saindo de apenas números brutos nas forças armadas, o nível tecnológico e o acesso aos sistemas mais modernos de satélites, acaba sendo mais um ponto negativo para Moscou. Os 32 países membros da OTAN, independentemente de seu tamanho ou poderio econômico, têm acesso aos mais avançados sistemas de satélites que garantem comunicações mais seguras, promovendo a operação furtiva dos aviões stealth, atualização de sensores e incluindo modernos elementos da Inteligência Artificial nas eventuais operações militares. Por mais que a Rússia também invista neste setor, as sanções econômicas e científicas aplicadas ao país, tornam algumas tecnologias inacessíveis aos russos e inviável a sua obtenção em curto prazo.Outro fator fundamental é o número de militares ativos. A Rússia possui cerca de 1.3 milhão de soldados ativos e pelo menos mais 2 milhões na reserva de acordo com os dados mais atualizados. Todavia, a falta de transparência sobre as baixas na Guerra da Ucrânia, considerada por muitos analistas militares uma guerra de alta letalidade para ambos os lados, faz com que os números reais sejam diferentes. A OTAN na soma de seus países membros teria pelo menos 3.4 milhões de soldados ativos e outros 4.3 milhões na reserva, dando também superioridade numérica aos ocidentais.Apesar de todos esses dados e considerações, é importante ressaltar quer em um combate convencional em solo europeu, sobretudo nas proximidades de suas fronteiras, em terrenos historicamente muito familiares para os russos, sua capacidade militar é significativa. Incluindo tanques, blindados, artilharia e mísseis de médio alcance e a forte doutrina de mobilização russa em um cenário de crescente nacionalismo, as probabilidades de sucesso em um conflito localmente limitado são grandes. Em um horizonte de guerra ramificada para várias regiões e grandes cidades, as capacidades de reabastecimento russas e os altos custos da guerra representariam um desafio extremamente difícil de ser vencido.As projeções matemáticas, os cálculos geopolíticos e análise histórica podem através de inúmeros dados traçar perspectivas e apontar vencedores, contudo seria no nonoscópico tamanho dos átomos que se mediriam as probabilidades de derrota e vitória não apenas dos envolvidos, mas de toda a humanidade. Leia também França mergulhada em mais uma crise política