Um esquema estruturado de tráfico e comercialização de animais silvestres foi alvo de uma ofensiva da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) nessa terça-feira (16/9). A operação, batizada de “São Francisco”, foi classificada pelas autoridades policiais como a maior já deflagrada no país nesse setor.As investigações revelaram a crueldade por trás da ambição dos criminosos. As espécies eram retiradas de seus habitats, dopadas e transportadas sem o aparato necessário. Posteriormente, os animais eram mantidos em condições cruéis. Leia também Mirelle Pinheiro A justificativa de Marcola para negar ligação com execução de delegado Mirelle Pinheiro Nairobi e comparsas: presos do CV operavam rede de extorsão e tráfico Mirelle Pinheiro “Ameaçada”: mulher dá facada em ex-companheiro e o mata no meio da rua Mirelle Pinheiro Ex-diretor filmado dando palmadas em aluno de 12 anos vira alvo do MP Entre os pontos invadidos pelos criminosos estão o Parque Nacional da Tijuca e o Horto Florestal, no Rio de Janeiro (RJ).Áudios obtidos pela coluna ilustram a desumanidade. Em uma gravação, usada pela polícia durante a investigação, um homem diz que alguém o aconselhou a medicar as aves com dipirona.Ouça:“O outro amigo lá, o outro matou o outro lá também. Falou que a remessa do dele que veio morreu dez, tá ligado? Aí mandou pingar gotinhas de pirona na água pra quebrar a choca, entendeu? Já está morrendo por causa da choca (sic).”Em outra gravação, um homem reclama que das 17 aves que “chegaram para ele”, 11 morreram.Além das aves e dos primatas flagrados em jaulas, entre os 700 animais resgatados, os investigadores se depararam com centenas de tartarugas e até uma cobra da espécie píton.Em nota, o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado do Rio, Bernardo Rossi, repudiou a prática dos criminosos. “Esse tráfico de animais não é apenas crueldade: é um corredor da morte.”O chefe da pasta ressaltou que muitos animais morrem antes mesmo de chegarem à venda, o que evidencia a brutalidade do comércio ilegal.4 imagensFechar modal.1 de 4Filhotes de papagaio também eram comercializadosDivulgação/PCERJ2 de 4Cnetenas de tartarugas foram encontradas Divulgação/PCERJ3 de 4Um homem solicitou filhotes de macaco-prego e prontamente um participante mandou imagens d dois filhotesDivulgação/PCERJ4 de 4Uma imagem de um macaco vestido foi enviada no grupo Divulgação/PCERJLigação com facçõesAs investigações apontam que a rede de tráfico mantinha relações próximas com facções criminosas, o que garantia a circulação de animais em feiras clandestinas dentro de comunidades dominadas pelo tráfico de drogas. Além de macacos, diversas espécies silvestres eram vendidas, todas em situação irregular.Na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, foi montada uma base de apoio para receber os animais apreendidos, que passam por atendimento veterinário e avaliação de peritos antes de serem encaminhados a centros de triagem.Parlamentar envolvidoO ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, preso há duas semanas por ligação com o tráfico de drogas, foi um dos alvos a operação. o de negociações envolvendo primatas silvestres. Endereços ligados a ele, na Zona Oeste do Rio, foram alvos da Operação São Francisco, deflagrada nesta terça-feira (16/9) pela Polícia Civil.Fontes da investigação confirmaram que TH Joias aparece em apurações relacionadas à negociação de macacos traficados, um dos mercados mais lucrativos da organização. Em áudios obtidos pela coluna, um traficante negocia a venda de um macaco-prego e afirma que o animal é “inteligente”. Em outro trecho, faz referência direta ao primata adquirido pelo ex-deputado Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, dizendo que o bicho estava “super esperto”.