A fuga do talento jovem em Portugal é uma questão que tem inundado o debate público, pelo impacto que tem feito sentir na sociedade. Os incentivos governamentais surgem, mas a discussão não amaina, uma vez que os números não mentem: já 30% dos jovens nascidos em Portugal escolheram abandonar o país. A questão que se impõe é como fazer com que os jovens escolham ficar, sem se sentirem obrigados a sair.Carla Rodrigues, Secretária de Estado Adjunta da Juventude e Igualdade, defende que esta lacuna deve ser colmatada pelo Governo, envolvendo os setores público e privado. «O importante é que os jovens tenham liberdade para decidir: se querem sair ou ficar. E não serem obrigados por falta de condições», remata.A Secretária de Estado trouxe estas conclusões para a conversa A porta está aberta: sair atrás dos sonhos ou ficar?, que inaugurou a primeira edição da Leadership Next Gen. A conversa foi moderada por Leonor Wicke, coordenadora editorial da Revista Líder.O evento destacou-se como a maior cimeira de liderança para jovens em Portugal e teve lugar no dia 10 de setembro, na Nova SBE.A conversa com a Secretária de Estado Adjunta inaugurou o programa da Leadership Next Gen.«A imigração jovem não é um problema, desde que seja uma escolha livre»Perante uma plateia cheia de jovens, a Secretária de Estado começou por desmistificar a perceção negativa em torno da emigração. «Emigrar não é necessariamente mau. Pelo contrário: é enriquecedor e até potenciador das vossas competências», afirmou. O que preocupa o Governo, disse, é que esta mobilidade seja forçada, uma tendência que se tem verificado mais real. «O que não queremos é que a vossa geração seja obrigada a emigrar.»Num contexto de globalização crescente, Carla Rodrigues defendeu que o mais importante é garantir que os jovens possam escolher livremente onde viver e trabalhar, tendo condições para permanecer ou regressar a Portugal, se assim o desejarem. «O mundo tornou-se extraordinariamente pequeno. É bom conhecer outras realidades, mas também é bom ter condições para voltar», remata.Estratégias para fixar talento: salários, habitação e apoio à emancipaçãoQuestionada sobre o que está a ser feito para combater a fuga de talento, Carla Rodrigues foi clara: «Primeiro, boas condições financeiras: bons ordenados e benefícios fiscais». Entre as medidas em curso, destacou o IRS Jovem, aprovado na anterior legislatura, como uma forma de «ter mais rendimento ao fim do mês».No campo da habitação, apontou várias isenções fiscais para jovens na compra da primeira casa e referiu que já «mais de 30 mil jovens beneficiaram destas medidas». Falou ainda da Garantia Jovem, uma linha de apoio para permitir financiamento bancário a 100%, sem necessidade de entrada inicial.«O Governo não faz nada sozinho»A governante frisou ainda que o setor privado, as autarquias e o setor social não estão esquecidos nas políticas de juventude. «A esmagadora maioria de vocês vai trabalhar para empresas, e é essencial que estas saibam valorizar o vosso talento», afirmou. «Estamos também a acompanhar a alteração da legislação laboral para que vá ao encontro das novas necessidades dos jovens.»Reforçando a necessidade de adaptar a legislação às expectativas da nova geração, deixou uma provocação: «Quem é que quer arranjar um emprego e ficar nesse emprego a vida toda?» A plateia respondeu com poucos cartões verdes — e muitos vermelhos.Um país onde se pode voltar, viver e crescerNum momento de interação com o público surgiu a intervenção de Cláudia, uma jovem de 29 anos que, depois de viver em sete países, quer regressar a Portugal. «Estou no desemprego, mas continuo a defender o sonho de voltar e aplicar tudo o que aprendi», partilhou. A Secretária de Estado aproveitou o momento para sublinhar a importância de políticas de reintregação e apoio a quem volta.A concluir, Carla Rodrigues anunciou que está a ser desenvolvida a Agenda Nacional da Juventude, uma estratégia integrada com base em mais de 2.500 jovens ouvidos em todo o país. «Vai entrar em consulta pública ainda este ano, e será um documento de referência para orientar as políticas de juventude em Portugal». O objetivo central é tornar Portugal «um país amigo dos jovens», onde se possa «estudar, trabalhar, formar família, ter filhos — e, acima de tudo, escolher».Assista ao momento na íntegra aqui:Carla Rodrigues, Leonor Wicke – A porta está aberta: sair atrás dos sonhos ou ficar?Tenha acesso à galeria de imagens aqui. Todos os momentos da Leadership Next Gen estarão disponíveis na Líder TV e nos canais 165 do MEO e 560 da NOS. O conteúdo «A juventude é uma prioridade do Governo», defende Carla Rodrigues aparece primeiro em Revista Líder.