Por que a investida de Trump para acabar com os relatórios trimestrais pode ter sucesso desta vez

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O renovado esforço do presidente Donald Trump para eliminar as divulgações corporativas trimestrais, uma iniciativa que não avançou em seu primeiro mandato, tem mais chances de sucesso desta vez, à medida que a Casa Branca assume maior controle sobre a agenda da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC).Na segunda-feira (15), Trump pediu que a SEC permita que empresas listadas nos EUA divulguem seus resultados a cada seis meses, em vez de apresentar relatórios trimestrais. Ecoando argumentos de grupos empresariais, Trump afirmou que a mudança reduziria os custos das empresas e permitiria que as equipes de gestão focassem no longo prazo.Giro do Mercado: Inscreva-se gratuitamente para receber lembretes e conferir o programa em primeira mãoApesar da provável oposição de alguns investidores, alguns analistas disseram esperar que a SEC caminhe para um sistema no estilo europeu, no qual as empresas são obrigadas a divulgar resultados apenas a cada seis meses até 2027, embora muitas grandes companhias provavelmente optem por manter o regime trimestral atual.Trump fez um apelo semelhante em meados de seu primeiro mandato, e alguns meses depois, a SEC, então liderada por Jay Clayton, abriu uma consulta pública sobre o tema. No entanto, com uma agenda já sobrecarregada e a pandemia de Covid-19 alterando as prioridades do governo, a SEC acabou mantendo o regime atual.Desta vez, a ideia tem uma chance real de se concretizar, em parte porque o presidente da SEC, Paul Atkins, um republicano defensor do livre mercado que critica o excesso de burocracia corporativa, está trabalhando em estreita colaboração com a Casa Branca, que agora exerce mais controle sobre agências independentes, segundo analistas e fontes em Washington.Em uma mudança incomum, a Casa Branca revisou a agenda regulatória da SEC e tem impulsionado outras mudanças importantes na política da agência, como regulações sobre criptomoedas e cortes na força de trabalho da SEC.Neste mês, a SEC divulgou essa agenda ampla, que incluía um item, provisoriamente agendado para abril, com o objetivo de racionalizar as divulgações corporativas, criando uma possível oportunidade para iniciar um processo formal de consulta pública.Atkins também terá um Congresso mais favorável e um sistema judiciário com inclinação conservadora, além de mais tempo para conduzir o processo, muitas vezes demorado, de elaboração de regras, o qual exige que a SEC avalie o impacto das mudanças na eficiência do mercado, na concorrência e na formação de capital, além de buscar comentários do público.“A administração Trump 2.0 é muito diferente da administração Trump 1.0. A Trump 2.0 é mais ousada que a Trump 1.0, então talvez vejamos ação de fato”, disse James Angel, especialista em regulação financeira da Escola de Negócios McDonough da Universidade de Georgetown, observando os movimentos rápidos e favoráveis à indústria cripto por parte da SEC. “Acho que agora as chances são bem melhores”.Investidores devem se oporNa noite de segunda-feira, um porta-voz da SEC disse que a agência está priorizando a proposta, mas se recusou a comentar mais no dia seguinte. Jay Clayton, agora principal procurador federal em Manhattan, também se recusou a comentar. No passado, ele afirmou que a SEC poderia reduzir o ônus dos relatórios corporativos sem prejudicar os investidores.A Casa Branca está trabalhando com o restante da administração para alcançar “uma restauração de longo prazo da grandeza americana”, disse a porta-voz Taylor Rogers em um comunicado.Brian Gardner, estrategista-chefe de políticas em Washington da Stifel, afirmou em nota na terça-feira que a SEC poderia apresentar uma proposta regulatória já este ano.Grandes grupos empresariais, como a Câmara de Comércio dos EUA e a Business Roundtable, há muito defendem regras de divulgação mais enxutas.“Modernizar as divulgações pode ajudar a aliviar exigências de conformidade caras e onerosas, ao mesmo tempo em que simplifica a capacidade dos investidores de focar nas informações mais importantes”, disse Bill Hulse, vice-presidente sênior da Câmara de Comércio dos EUA, em comunicado.Falando sob condição de anonimato, um executivo de um grupo comercial em Washington familiarizado com o assunto disse que o forte interesse da Casa Branca no trabalho da SEC torna mais provável que a mudança se concretize, mas reconheceu que alguns investidores podem se opor.“A ideia de que os investidores se concentrariam no longo prazo em vez dos dados trimestrais parece boa. No entanto, isso provavelmente criaria mais volatilidade nos resultados, já que o intervalo de possíveis resultados seria maior”, disse Andrew Horowitz, consultor de investimentos em Fort Lauderdale, na Flórida.O Council of Institutional Investors (Conselho de Investidores Institucionais), um importante grupo que representa fundos de benefícios trabalhistas e poupadores para aposentadoria, disse à Reuters que sua posição não mudou desde 2019, quando se opôs à possível mudança, argumentando que os relatórios trimestrais são um guia necessário para as decisões de investimento.Ainda assim, alguns investidores que pressionam empresas a adotarem práticas mais sustentáveis a longo prazo manifestaram apoio cauteloso à ideia.