A Sabesp vai aumentar o período em que a pressão da água é reduzida na região metropolitana de São Paulo. A partir de segunda-feira (22/9), a medida será adotada das 19h às 5h, um aumento de duas horas em relação ao esquema atual — que funciona das 21h às 5h.Segundo a companhia, a medida temporária será aplicada até que o nível dos mananciais esteja regularizado. Além disso, também foi determinado o gerenciamento de pressão no período diurno em patamares que garantam o abastecimento na cidade. Leia também São Paulo Crise hídrica? Entenda cenário que fez Sabesp reduzir pressão da água São Paulo Em meio à seca, SP desperdiça quase 1/3 de água tratada São Paulo Cratera na Marginal Tietê deve ser resolvida só em 2026, diz Sabesp São Paulo Cortes de água já afetavam bairros antes de Sabesp reduzir pressão As novas medidas restritivas foram adotadas com base no primeiro boletim do Comitê de Integração das Agências para a Segurança Hídrica, composto pela agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e SP Águas.6 imagensFechar modal.1 de 6Volume de águas nas represas de São Paulo é o menor desde o auge da crise hídrica em 2015Reprodução/Wikimedia Commons2 de 6Represa Billings, na área da zona sul de SPOmar Matsumoto, Gabriel Inamine, Luciana Nascimento e Nilson Sandré, PMSBC3 de 6Hidroavião cai na represa Jaguari (SP)Reprodução/Prefeitura de Bragança Paulista4 de 6Sistema Cantareira, responsável por abastecer a Grande SPDivulgação/Sabesp5 de 6Sistema Cantareira abastece cerca de 7,3 milhões de pessoas por dia. Divulgação/Sabesp6 de 6Sistema Cantareira, em SPGoverno de São PauloA primeira fase da redução foi implantada no final de agosto e, segundo a Sabesp, cumpriu o resultado esperado. “A economia prevista era de 4 m³/s, e o volume alcançado foi de 4,2 m³/s. A medida evitou uma queda maior do nível dos mananciais”, diz uma nota à imprensa.Mesmo assim, a ampliação do período de restrição será adotada para recuperar os reservatórios diante “dos eventos climáticos e cenário de chuvas abaixo do esperado.”O boletim aponta que o sistema responsável pelo abastecimento da região metropolitana de São Paulo opera atualmente com 32,8% do volume útil. Os sistemas Cantareira e Alto Tietê, que concentram a maior parte da capacidade do sistema, registram 30,3% e 26,1% de armazenamento, respectivamente.“O cenário hídrico justifica a manutenção de medidas preventivas para aumentar a oferta de água e reduzir a captação, além de preparação para medidas mais restritivas em caso de agravamento”, disse a presidente da SP Águas, Camila Viana. Segundo ela, a agência monitora a situação dos mananciais em tempo real e está preparada para adotar novas medidas.Como funciona a redução de pressãoA redução de pressão é a diminuição do volume de água na rede de abastecimento. Isso ajudaria a diminuir a perda física de água, que é, grosso modo, o volume que vaza pelos canos no trajeto entre a estação de tratamento e os imóveis.Especialista com mais de 50 anos de experiência em saneamento e ex-diretor da Sabesp, João Jorge da Costa explica que o consumo cai à noite e, por isso, a rede de abastecimento fica cheia, com uma pressão estática.“Resulta numa pressão muito maior. E a perda é proporcional à pressão”, afirma.Segundo ele, isso pode provocar alguns transtornos. “Você tem que calcular direitinho, porque, às vezes, num lugar mais alto, ao invés de ter reduzido a pressão, você não vai ter pressão nenhuma”, afirma.Esse tipo de problema aconteceu com frequência em bairros como Jardim Ângela, na zona sul, e Brasilândia, na zona norte, por exemplo, durante a crise hídrica de 2014-2015.Mesmo após esse período crítico, muitos moradores de bairros da periferia da capital paulista passaram a enfrentar o desabastecimento noturno, principalmente nos pontos mais altos.Desde que teve início esse tipo de manobra, o governo estadual sempre disse que quem tem caixa d’água não deveria sentir os efeitos da redução de pressão.A expressão “redução de pressão” surgiu com forma de evitar que o governo estadual, na ocasião sob comando do atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), então no PSDB, abordasse a situação como um racionamento de água no período eleitoral.