Países do Golfo consideram formar “Otan Árabe” após ataque no Catar

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Líderes do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) — organização política de países árabes — consideram formar uma aliança militar inspirada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).A proposta tem como objetivo aumentar laços de defesa para repelir ameaças ao bloco e se intensificou após a ofensiva de bombardeios israelenses no Catar. O comunicado foi postado na agência oficial do CCG nessa quinta-feira (18/9). Leia também Claudia Meireles Conselho de Cooperação do Golfo celebra 3ª edição de Iftar de Ramadã Claudia Meireles Conselho de Cooperação do Golfo recebe convidados em Iftar do Ramadã Mundo Lula liga para emir do Catar e se solidariza após ataque de Israel Mundo Auxiliar de Trump encontra premier do Catar após ataque israelense O ataque israelense mirou o assassinato de líderes do grupo palestino Hamas, que estavam em um escritório político na capital do Catar, em Doha, para discutir meios para um cessar-fogo com Israel. Potências ocidentais condenaram a ofensiva, sobretudo nações árabes, que intensificaram o apoio ao Catar, reacendendo a proposta de formar uma aliança.“O Conselho de Defesa Conjunto do CCG realizou uma reunião urgente em Doha para avaliar a situação de defesa dos estados do CCG e as fontes de ameaça à luz da agressão israelense contra o Estado-irmão do Catar, e para instruir o Comando Militar Unificado a tomar as medidas executivas necessárias para ativar os mecanismos de defesa conjunta”, destacou o comunicado.Segundo o texto, “o Conselho também afirmou que a agressão contra o Estado do Catar é uma agressão contra todos os Estados do CCG”.O encontro emergencial ocorreu nessa segunda-feira (15/9) e reuniu líderes dos seis países que compõem o bloco: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein, Catar e Omã. No evento, foram discutidos questões e tópicos relacionados à agressão israelense e à “flagrante violação da soberania e integridade” do Catar, bem como a ameaça à segurança.O CCG considerou que a ofensiva militar representa uma escalada perigosa e inaceitável, além de violar os princípios de direito internacional previstos na Carta das Nações Unidas.O site de cobertura de notícias do Oriente Médio Breaking Defense questionou uma das lideranças do Kuwait, o coronel aposentado da força aérea Zafer Al Ajami, que falou sobre a possibilidade de uma Otan formal.“Os ataques recentes intensificaram os debates sobre a segurança coletiva do Golfo, expondo lacunas críticas na defesa aérea e antimísseis. No entanto, divisões políticas podem dificultar uma aliança árabe-Otan formal”, ponderou Al Ajami.O coronel mencionou que a formação de uma nova Otan pode esbarrar em interesses de outros países, como aconteceu em 2015. À época, a proposta egípcia foi elaborada em resposta à tomada de grandes áreas do Iêmen pelos houthis, apoiados pelo Irã, para se firmar e se proteger de países que ameaçassem o bloco. Mas considerações sobre soberania, interesses conflitantes e estrutura de comando atrapalharam a formação da aliança.Ataque israelense ao Catar intensificou segurança nos países árabesO bombardeio israelense sucedeu uma série de mecanismos de defesa entre os países árabes. Durante a reunião, líderes mencionaram que o Catar é um dos principais mediadores de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, argumentando que a ofensiva israelense era um ataque aos esforços diplomáticos e de mediação empreendidos pelo país para alcançar um cessar-fogo.Os líderes do CCG concordaram que a segurança dos países membros é “indivisível”, segundo as disposições do Acordo Conjunto de Defesa e propôs as seguintes medidas:aumentar o compartilhamento de inteligência por meio de um comando militar unificado;trabalhar para transferir a imagem da situação aérea para todos os centros de operações nos países do GCC;acelerar o trabalho da Força-Tarefa Conjunta do Golfo para o Sistema de Alerta Antecipado contra Mísseis Balísticos; eatualizar planos conjuntos de defesa em coordenação entre o Comando Militar Unificado e o Comitê de Operações e Treinamento dos países do GCC.Ataque israelense em Doha, no CatarO exército israelense atingiu a sede do escritório político do grupo palestino Hamas, com o objetivo de atingir os líderes que estavam em reunião para discutir formas de alcançar um acordo de cessar-fogo com Israel.Entre os sobreviventes estão Khalil al-Hayya, um alto funcionário do Hamas que encabeça as discussões sobre o cessar-fogo na Faixa de Gaza. Ainda assim, seis membros ligados ao grupo palestino foram mortos nos bombardeios.Segundo a presidência do Egito, um dos mediadores das negociações de cessar-fogo, em comunicado, alegou que “o ataque constitui uma flagrante violação do direito internacional e dos princípios de respeito à soberania dos Estados e à sua inviolabilidade territorial”.As forças israelenses declararam, momentos após a ofensiva, que os alvos do ataque “lideraram as atividades terroristas do Hamas por anos e são diretamente responsáveis pelo massacre de 7 de Outubro e pela gestão da guerra contra Israel”.