Transformar o turismo rural em uma experiência possível e inesquecível para todos é o que move a Rede dos Sonhos Hotéis Fazenda. Pioneira em acessibilidade na hotelaria brasileira, hoje a rede conta com três unidades em São Paulo e uma em Minas Gerais, mas a história da empresa começou de forma simples e cheia de propósito.Foi em Socorro (SP), no Hotel Fazenda Campo dos Sonhos, que o fundador José Fernandes Franco percebeu que muitas famílias deixavam de viajar porque não encontravam hospedagens preparadas para receber pessoas com deficiência. Motivado por essa demanda, o empreendedor sentiu que precisava mudar essa dura realidade.“Hoje, a Rede dos Sonhos é sinônimo de hospitalidade, natureza e inclusão. Cada detalhe foi pensado para que ninguém fique de fora: rampas de acesso, apartamentos e banheiros adaptados, piso tátil, sinalização em braile e áreas comuns planejadas para facilitar a circulação”, explica o fundador.Mas para José, acessibilidade vai muito além da estrutura, ela precisa estar também nos momentos de diversão. Por isso, a Rede dos Sonhos oferece diversas atividades que convidam todos a viver o campo com liberdade.Foto: DivulgaçãoTirolesa e cavalgada inclusivasTirolesa e cavalgada inclusivas, charrete adaptada, trilhas com veículos especiais, pescaria e piscina com rampa de acesso são apenas algumas das experiências disponíveis para o público PcD. José conta que os hotéis recebem frequentemente famílias e grupos com pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.“É sempre uma alegria proporcionar experiências completas e acolhedoras. Nosso maior orgulho é ver cada hóspede vivendo o campo com autonomia e segurança, sem precisar abrir mão de nada”.Durante essa jornada, o caminho da Rede dos Sonhos Hotéis Fazenda se cruzou com o do Sebrae. E assim, o negócio já participou de várias iniciativas como o Check-in Turismo em Serra do Cipó (MG), o Fórum de Diversidade, Empreendedorismo e Negócios, o seminário Caparaó em Rede e outras ações que fortaleceram a missão de tornar o lazer no campo verdadeiramente inclusivo.Turismo muito além dos olhosUm acidente mudou radicalmente a vida de uma jovem universitária, ativa e independente, que perdeu a visão no auge de sua juventude. A limitação, no entanto, não foi suficiente para diminuir sua vontade de viver, viajar e se divertir.Ao tentar retomar as atividades turísticas, Simone Freire percebeu que mundo ainda não estava preparado para receber pessoas com deficiência. Faltavam condições para que elas pudessem viajar de forma plena e autônoma.Em muitos casos, a participação em passeios e atividades só era permitida mediante a presença de um acompanhante. O que além de limitar a independência, gerava custos adicionais para quem é deficiente visual.Simone Freire, empreendedoraFoi dessa frustração que nasceu a Vilacessível, uma iniciativa criada para promover um turismo verdadeiramente inclusivo. A empresa oferece pacotes de viagem, hospedagem, roteiros, serviços de guias e acompanhantes para pessoas com deficiência visual conseguirem viajar sozinhas com autonomia e segurança.A trajetória da fundadora não foi fácil. Além das barreiras físicas, enfrentou preconceitos e desafios burocráticos para consolidar o negócio. Se antes era difícil ser reconhecida como turista, como empreendedora cega os obstáculos se multiplicaram, mas também se tornaram combustível para sua luta por um setor mais acolhedor e preparado.Atualmente o Vilacessível é referência na promoção de acessibilidade no turismo, inspirando empresas e destinos a criarem experiências que respeitam e valorizam todas as pessoas, independentemente de suas limitações.Um refúgio acolhedorO projeto foi um sucesso tão grande que, em outubro, a empreendedora vai inaugurar a Vilacessível Pousada. O novo espaço será um refúgio acolhedor, criado para promover a convivência entre pessoas com e sem deficiência visual, em um ambiente de inclusão e respeito.“Sabemos que a acessibilidade vai além de rampas e elevadores. Para os deficientes visuais, a comunicação clara e objetiva é fundamental. É como sempre digo, a deficiência visual está nos olhos, não nas pernas. Por isso, estamos investindo pesado no treinamento de nossos colaboradores”, reforça.Até a escolha do local foi pensada para o conforto das pessoas com deficiência visual. A opção foi por Porto de Galinhas, uma das praias mais belas de Pernambuco. “Nossa pousada fica a apenas 300 metros da praia e a dez minutos de carro do Centrinho da Vila, com facilidades como cafeteria e conveniência próximas”, convida Simone.Foto: DivulgaçãoApoio do Sebrae ao turismo acessívelO Programa Turismo Futuro Brasil, resultado de um convênio entre o Sebrae Nacional e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), está apoiando 12 cidades brasileiras na implementação de estratégias para se tornarem destinos turísticos inteligentes.São Luís, no Maranhão, foi uma das cidades contempladas e, a partir de uma consultoria especializada, recebeu um plano de ação para desenvolver iniciativas voltadas ao turismo. Como parte desse plano, a Secretaria Municipal de Turismo de São Luís escolheu trabalhar o eixo da acessibilidade, com o apoio do Sebrae e da Paju Consultoria.O trabalho já passou pelas etapas de mapeamento e curadoria dos atrativos turísticos que serão analisados e contemplará também a criação de materiais educativos, como cartilhas voltadas para o trade turístico. Iniciativas voltadas a pessoas com deficiência, seja como um público consumidor, seja como um público empreendedor, precisam ser fortalecidas, afirma Alessandra Ciuffo, coordenadora da Unidade de Empreendedorismo Feminino, Diversidade e Inclusão do Sebrae Nacional e gestora nacional do Programa Plural do Sebrae.Temos hoje 14 milhões de pessoas com deficiência no Brasil e somente 28% delas estão hoje no mercado de trabalho. Então, você imagina o potencial que o mercado tem para capacitar essas pessoas com deficiência, seja para irem para o mercado de trabalho ou também serem donos do próprio negócio.Alessandra Ciuffo, gestora nacional do Programa Plural do SebraeO Sebrae tem promovido promovendo cursos e capacitações sobre acessibilidade, reunindo parceiros do setor de hotelaria, agências de viagem e guias de turismo, fortalecendo a construção coletiva de um destino mais inclusivo.