Pré-hipertensão faz mal para a saúde? Ou só quando a pressão alta? Entenda mudanças

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Nesta quinta-feira, novas diretrizes brasileiras sobre hipertensão arterial passaram a trazer a classificação de “pré-hipertensão”, atribuída a casos em que a pressão já passa de 12 por 8 (120 mmHg sistólica e/ou 80 mmHg diastólica). O estágio é um alerta para os pacientes e demanda medidas de tratamento para evitar o quadro de pressão alta propriamente dito, definido a partir de 14 por 9 (140 mmHg sistólica e/ou 90 mmHg diastólica).Mas a pré-hipertensão já faz mal à saúde? A resposta é sim, um aumento da pressão, ainda que não suficiente para ser diagnosticado como hipertensão, já é associado a maiores riscos à saúde e pode se beneficiar de um tratamento. As evidências sobre o tema foram justamente o que levou tanto as entidades brasileiras, como as europeias e americanas a mudarem suas regras.Leia tambémBrasil muda padrão para hipertensão arterial e 12 por 8 deixa de ser “normal”Atualização das sociedades médicas brasileiras traz mudanças importantes para prevenção e controle da hipertensão, com foco em risco cardiovascular, SUS e saúde da mulherA diretriz do Brasil, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), cita uma metanálise de 24 estudos clínicos que englobaram cerca de 48 mil indivíduos e investigaram o efeito da redução da pressão sobre os desfechos cardiovasculares entre aqueles na faixa da pré-hipertensão.Os resultados mostraram uma redução significativa no risco de acidente vascular cerebral (AVC), de 60%, a partir da diminuição de 10 mmHg na pressão sistólica, e de 5 mmHg na diastólica, entre pacientes pré–hipertensos e de alto risco para doenças cardíacas. Essa mudança é como sair de 13 por 8 para 12 por 7, por exemplo.O documento da diretriz destaca ainda que as alterações nas regras para incluir o alerta sobre pré-hipertensão foram feitas com o objetivo de “identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas para prevenir a progressão para HA (hipertensão arterial)”.— Estudos têm demonstrado que as pessoas na pré-hipertensão já têm maior risco de desenvolver hipertensão e outras complicações cardiovasculares do que aqueles que têm a pressão menor que 12 por 8. Então é uma faixa em que temos um potencial de prevenção de doenças cardiovasculares muito grande, então vale a pena investirmos nela. As medidas não medicamentosas devem ser aplicadas de forma muito rigorosa nessa etapa — explica a cardiologista Andréa Brandão, coordenadora da diretriz da SBC.O especialista do Instituto Nacional de Prevenção e Saúde Cardiovascular da Irlanda, John William McEvoy, autor das diretrizes europeias que fizeram a mesma mudança, resumiu na época que “o risco de doenças cardiovasculares atribuível à pressão alta está em uma escala de exposição contínua, e não é uma escala binária de normotensão (pressão normal) versus hipertensão”.De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 365.952 mortes por doenças do aparelho circulatório em 2024. Segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 54% desses óbitos são atribuíveis à pressão alta como principal fator de risco.Tratamento da pré-hipertensãoEm relação a como tratar os casos de pré-hipertensão, as diretrizes orientam mudanças de estilo de vida, como não fumar, ter hábitos alimentares saudáveis, perder peso, reduzir ingesta de sal e aumentar a de potássio, realizar atividade física, diminuir o consumo de álcool e controlar o estresse. Veja detalhes:Manter o peso adequado: IMC deve ficar abaixo de 25 kg/m² em adultos e de 27 kg/m² em idosos;Intervenções dietéticas: Reduzir ingestão de sódio, a menos de 2g/dia (equivalente a menos de 5g/dia de sal) e aumentar consumo de potássio, para 3,5g/ dia ou mais. Priorizar hábitos da dieta DASH;Atividade física: Deixar o sedentarismo e realizar ao menos 150 minutos por semana de exercício aeróbico moderado, 75 minutos por semana de aeróbico vigoroso ou uma combinação equivalente. Aliar a treinamento de resistência (musculação);Reduzir álcool: Limitar ingestão de álcool a 2 doses ou menos por dia no caso dos homens, e até 1 dose por dia no das mulheres. A dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou um shot de destilado;Deixar o tabagismo: Parar de fumar, tanto cigarros convencionais, como outros modelos a exemplo de cigarros eletrônicos e narguilés;Controlar o estresse: Adotar técnicas de controle do estresse, como meditação, respiração lenta e práticas de espiritualidade e religiosidade.No entanto, se o paciente pré-hipertenso já estiver com a pressão acima de 13 por 8, tiver alto risco cardiovascular e não conseguir controlá-la com três meses de mudanças nos hábitos, os remédios passam a ser indicados.The post Pré-hipertensão faz mal para a saúde? Ou só quando a pressão alta? Entenda mudanças appeared first on InfoMoney.