As exportadoras brasileiras de carne bovina sofreram com a decisão do governo de Donald Trump de elevar para 50% a tarifa sobre o produto em agosto, o que reduziu quase a zero os embarques para aquele mercado. Apesar da perda, dados do JPMorgan indicam que JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) devem encerrar o terceiro trimestre deste ano (3T25) em alta, graças à demanda da China e pela diversificação de destinos.À época, o governo americano alegou que a decisão foi motivada por “ameaças à segurança nacional, à política externa e à economia norte-americana”, supostamente decorrentes de ações recentes do governo brasileiro.Leia tambémB3 enfrenta pressão de juros altos, mas há luz no fim do túnel para açõesEspecialistas da XP e JPMorgan indicam que cortes na Selic podem dar gás a volume de negociação e melhorar preços na bolsa brasileiraJBS está preparada para provável virada do ciclo pecuário no Brasil, diz diretorMas há sinais de uma menor oferta no próximo ano no BrasilA retaliação anunciada por Donald Trump não deve comprometer o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina, o que afasta receios de investidores em relação ao impacto da medida sobre o setor. Isso porque, na ponta do lápis, os analistas calculam que as vendas externas da JBS cresceram 27,8% na comparação trimestral e 53,5% em relação ao mesmo período do ano passado.No caso da Minerva, a elevação foi de 25,8% e 109,9%, respectivamente. A forte variação no desempenho da Minerva, diz o banco, tem relação direta com a liberação de licenças para plantas adquiridas em maio e junho.No mesmo período, o preço do boi gordo em dólar subiu 1,5% no trimestre e 33,6% no ano, mas esse avanço foi compensado por valores médios de exportação próximos de US$ 5,60 por quilo, o que manteve as margens em torno de 30%.JBS reinaNa avaliação do JPMorgan, a JBS continua sendo a principal escolha de investimento, classificada como compra, por apresentar menor dependência das exportações do Brasil para os Estados Unidos, presença relevante no mercado norte-americano por meio de subsidiárias e ampla diversificação de produtos e países. Para a Minerva, a recomendação é neutra, considerando a precificação em bolsa e o nível de endividamento, ainda que o banco reconheça a continuidade de ganhos.JBS e Minerva concentraram vendas no primeiro semestre, antes da tarifa dos EUA entrar em vigor. Em seguida, houve uma reorientação para a China, que absorveu volumes recordes: 300 mil toneladas da JBS e 130 mil toneladas da Minerva, ambos acima de marcas históricas.A JBS reduziu a participação dos Estados Unidos de 12,5% para quase zero em um ano, enquanto a China passou de 49% para 60%. A Minerva diminuiu a fatia norte-americana de 21,7% para 3% e viu a China subir para 43%, com ganhos também em Rússia, Chile e Filipinas.Novos mercadosEm reunião recente com investidores, a administração da Minerva disse que pretende ampliar a originação de carne na Argentina e no Uruguai para sustentar embarques aos Estados Unidos. A empresa também avalia expandir vendas para o México, que abastece o mercado de hambúrgueres norte-americano, e para países do Sudeste Asiático, como Indonésia, Filipinas e Vietnã.A Abiec disse na quarta-feira (17) que o Brasil deve aumentar entre 12% e 14% os volumes embarcados neste ano frente ao ano anterior. Segundo o presidente da entidade, Roberto Perosa, o setor tem capacidade de redirecionar cargas que antes iriam para os EUA, com demanda global firme e com novos mercados em negociação, como Japão, Turquia e Coreia do Sul.Conforme o JPMorgan, a expectativa é que a China mantenha as compras em alta entre agosto e outubro, período de formação de estoques para o Ano-Novo. Esse movimento deve sustentar os números das exportadoras brasileiras no terceiro trimestre. Para os analistas, mesmo com a política de tarifas de Washington, a procura chinesa e a entrada em novos mercados garantem fôlego para JBS e Minerva manterem volumes elevados e margens estáveis para além dos próximos meses.The post Quem tem medo do Trump? Exportadores de carne ensaiam 3º tri forte mesmo com tarifa appeared first on InfoMoney.