BB aposta em pacote contra inadimplência, mas payout “gordo” ainda é sonho distante

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O Banco do Brasil (BBAS3) continua no radar dos investidores, mas não pelos motivos mais otimistas: o banco enfrenta alta da inadimplência no agronegócio e entre pequenas e médias empresas, após a instituição bancária divulgar que o índice de inadimplência, medido por atrasos acima de 90 dias, subiu para 4,21% no primeiro semestre deste ano, ante 3% no mesmo período de 2023, pressionado sobretudo pelo agro.Em encontro recente com analistas, o banco avalia que medidas recentes, como o pacote de renegociação do governo, mudanças regulatórias e a perspectiva de uma safra mais favorável, podem abrir espaço para melhora nos próximos trimestres. Mas avisam que, no geral, até então, “o quadro continua negativo”.Leia tambémBB Seguridade (BBSE3): Morgan vê avaliação atrativa e eleva recomendação; ação saltaO banco também revisou o preço-alvo de R$ 33 para R$ 35Inadimplência do agro sobe e deixa Caixa e BB nas cordasMaior afetado foi o Banco do Brasil, que viu o seu lucro cair neste ano sob a influência da carteira de Para os estrategistas do JPMorgan, embora o banco brasileiro tenha perspectiva de voltar a crescer e atingir retorno sobre patrimônio líquido (ROE) na faixa de dois dígitos médios em 2026, ainda é cedo para ter visibilidade sobre o payout, que é a parcela do lucro distribuída aos acionistas como dividendos.Historicamente, o banco distribuiu cerca de 40% do lucro. Ou seja, os analistas não esperam uma definição clara sobre quanto será repassado aos investidores até que os resultados futuros e a evolução da inadimplência fiquem mais claros.Fatores de alívioEntenda os temas em que o banco se ancora para vislumbrar melhoria nas contas:SafraO JPMorgan diz que há expectativa de uma safra melhor em termos de volume e preços, o que pode aliviar parte das pressões. Os desembolsos de crédito seguem acontecendo, mas em ritmo mais lento, já que o banco tem exigido garantias mais fortes, como a alienação fiduciária, o que aumenta o tempo das operações.MP da renegociação do agroMas o foco está mesmo no pacote de renegociação anunciado pelo governo por meio da Medida Provisória 1314 deste ano, que libera R$ 12 bilhões para produtores rurais afetados por eventos climáticos. As negociações ainda não começaram porque o setor aguarda a definição de detalhes operacionais, mas a expectativa é de que esse processo contribua para melhorar os índices de atraso.A cada real renegociado em taxas de mercado gera um ganho equivalente em capital para o banco, ajudando a aliviar a pressão sobre o balanço. O limite disponível em ativos fiscais diferidos (DTAs) é de R$ 20 bilhões a R$ 24 bilhões.Dessa forma, se o Banco do Brasil renegociar cerca de R$ 7 bilhões, conseguirá compensar totalmente os 60 pontos-base de pressão previstos com o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (CPGE), que oferece crédito garantido pela União a empresas, a partir de janeiro de 2026.RegulaçãoO JPMorgan avalia que mudanças regulatórias também estão no radar do Banco do Brasil. A Resolução 5244 torna mais flexível a recuperação de operações de crédito acima de três meses, enquanto a Resolução 643 permite reconhecer juros em empréstimos de programas do governo. Novas carteiras e resultadosEm termos de resultados, a estimativa é de que o Banco do Brasil apresente no terceiro trimestre deste ano números semelhantes aos do trimestre anterior, aproximando-se do guidance no fechamento do ano.A expectativa da administração é de que, com estabilização da inadimplência, ganhos de eficiência e melhora das margens de financiamento com a queda da Selic, seja possível voltar a crescer e alcançar um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) na faixa de dois dígitos médios em 2026.O JPMorgan reiterou sua recomendação neutra para o papel do Banco do Brasil, com avaliação de que a ação BBAS3 negocia a 0,7 vez o valor patrimonial. Até o início da tarde desta sexta-feira (19), o papel estava cotado a R$ 21,96, queda de 0,72%.The post BB aposta em pacote contra inadimplência, mas payout “gordo” ainda é sonho distante appeared first on InfoMoney.