Pesquisadores simularam os primórdios do Universo para entender as propriedades fundamentais da matéria escura. O grupo acredita que o estudo ajudará em futuras missões para o lado distante da Lua, onde telescópios podem captar sinais de rádio do passado do cosmos. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Astronomy na última terça-feira (16).Quase 75% do Universo é formado por energia escura, enquanto a matéria escura corresponde a 80% da parte restande, segundo as principais estimativas. Pouco conhecida, essas substâncias intrigam astrônomos por suas propriedades peculiares: não emitem, absorvem, nem refletem luz.Representação artística da matéria escura que compõe cerca de 80% da matéria do Universo. (Imagem: KIPC/SLAC?AMNH)Leia também:Buracos negros estariam impulsionando expansão do Universo, sugere estudoMatéria escura e energia escura: o que são esses mistérios da cosmologia?Nova hipótese sobre a matéria escura muda tudo o que se sabe sobre o UniversoEstudos anteriores revelaram que a matéria escura é fundamental para a formação das galáxias. Uma de suas características principais para isso é a massa de suas partículas, dividida pelos astrônomos em duas classes:Se tiverem menos de 5% da massa de um elétron, elas são leves e formam galáxias menores.Se forem mais pesadas que isso, elas são frias, o que resultará em estruturas galácticas maiores.Para determinar a massa das partículas da matéria escura, astrofísicos estudam pequenas estruturas compostas por gás e estrelas. Os dados captados são essenciais no desenvolvimento de modelos teóricos dessa substância.Matéria escura influencia sinal emitido nos primórdios do UniversoNo novo estudo, o grupo simulou o comportamento dessas pequenas nuvens de gás e estrelas nos primeiros 100 milhões de anos após o Big Bang, fase chamada de Idade das Trevas cósmica. Ao estudarem um período antes da formação das galáxias, a equipe pôde simular as primeiras estruturas cósmicas com alta precisão.O modelo de computador revelou como o gás esfriou e se uniu em pequenos aglomerados através da interação gravitacional com a matéria escura. A densidade desses grupos gasosos aumentou conforme o Universo se aqueceu. Essa variação de temperatura e densidade foi impressa no sinal de rádio de 21-centímetros, emitido pelos átomos de hidrogênio.Ao modelar esse sinal primordial, a equipe descobriu que sua intensidade depende sensivelmente se a matéria escura é quente ou fria. Essa diferença, segundo os pesquisadores, pode auxiliar futuros experimentos na Lua a distinguir entre os dois cenários. Os astrônomos preveem que o sinal surja em frequências próximas de 50 MHz, faixa que é influenciada pela temperatura da matéria escura.Uma linha do tempo do Universo, desde o Big Bang à atualidade. (Imagem: N.R. Fuller, National Science Foundation)Na Terra, essas frequências se contaminam por sinais emitidos por humanos e obscurecidas pela ionosfera. Por isso, equipes ao redor do globo planejam construir radiotelescópios no lado distante da Lua, um local mais “quieto”, já que a outra face lunar age como um escudo contra a interferência terrestre.Um projeto da China já está em andamento para construir um conjunto de telescópios lunares. O Japão, com seu projeto Tsukuyomi, também mira esse objetivo.Os cientistas da nova pesquisa esperam que sua pesquisa colabore para essas missões. Essas simulações podem servir como um guia teórico para maximizar a eficiência científica dos futuros estudos lunares.O post Simulações da “Idade das Trevas” cósmica revelam segredos da matéria escura apareceu primeiro em Olhar Digital.