Terras raras

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As chamadas terras raras, de que ninguém tinha ouvido falar, tornaram-se um recurso estratégico crítico. Algumas motivações aparentemente erráticas de Trump poderão estar relacionadas com o acesso a elementos como o ítrio, germânio, neodómio ou o disprósio – espero ter escrito bem estes nomes alienígenas para o cidadão comum. Tais elementos são fundamentais para a produção nas áreas da tecnologia, incluindo a defesa. Este é um mercado dominado pela China.Como lembrou Gideon Rachman nas suas sempre interessantes crónicas no Financial Times, Deng Xiaoping terá afirmado em 1987 que se o Médio Oriente tem petróleo, a China tem terras raras. E quando Trump disse a Zelensky que o ucraniano não tinhas as cartas na mão, não terá percebido que ele também não tem. As cartas, isto é, as terras, estão na mão da China. Como também recorda Rachman, a China pode colocar obstáculos à exportação destas substâncias, ao passo que a Europa pode boicotar a exportação de malas Gucci. Não é a mesma coisa.Os minerais raros existem em todo o mundo, mas a China tem menos rebuço em dedicar-se à sua extração. No ocidente sabemos como é o processo de produção de, por exemplo, lítio: uma disputa legal infinda. E aqui entra em cena um livro que já pus na minha lista de leitura: Breakneck, de Dan Wang. A tese do autor é que temos de um lado a China, com uma cultura de engenharia, a área de formação dos seus dirigentes; no ocidente temos culturas de litigação. Por esta e obviamente por outras menos simpáticas razões, na China as coisas fazem-se e no ocidente discutem-se. Talvez o equilíbrio esteja algures em algum meio termo.O conteúdo Terras raras aparece primeiro em Revista Líder.