Num momento em que o mundo do trabalho se transforma a um ritmo acelerado, os jovens enfrentam o desafio de escolher não apenas um emprego, mas um propósito. Os trabalho do futuro estão a ser definidos no presente e são os jovens que têm o poder para mudar o jogo.Esta foi a premissa que Steve Morrison, Talent Acquisition Manager Tech da Signal AI, levou ao palco da Leadership Next Gen, no dia 10 de setembro, na Nova SBE, perante uma plateia de jovens prontos a repensar o seu papel na nova era do trabalho.O que procuramos quando escolhemos um emprego?«Why do we choose the jobs we do?» foi a pergunta com que abriu – e deu nome – à sua intervenção. A resposta, confessou, é pessoal: o trabalho que desempenha permite-lhe apoiar causas como a saúde mental masculina, viajar, participar em eventos internacionais. «A minha empresa promove isso. É por isso que escolhi este trabalho», explicou.Mas rapidamente alargou o foco, convidando os presentes a refletir sobre o que leva cada um a aceitar — ou recusar — uma proposta de trabalho. Morrison organizou a sua explicação em torno da pirâmide de Abraham Maslow, adaptando as necessidades humanas ao contexto do mundo laboral.Na base da pirâmide está o mais óbvio: o dinheiro. «Se não precisássemos de salário, provavelmente não trabalharíamos», afirmou. Seguem-se a segurança no trabalho, o sentido de pertença (em equipas inclusivas com cultura positiva), o reconhecimento (como forma de reforçar o valor individual) e, no topo, a autorrealização. Aqui, Morrison apontou três ingredientes fundamentais: trabalho com propósito, projetos desafiantes e espaço para autonomia e inovação.A evolução do trabalho e a transformação das motivaçõesHá vinte anos, quando começou a recrutar, o topo da pirâmide — a autorrealização — era algo distante, pouco mencionado.«Falava-se de reformas, seguros e pensões. Mas não se falava de bem-estar, nem de propósito.» Hoje, as prioridades mudaram — e as razões são várias.O orador percorreu marcos históricos que moldaram o que se valoriza no trabalho. Em 2007, a chegada do iPhone e a massificação do Blackberry tornaram o trabalho portátil e a conectividade constante. Em 2008, a crise financeira global trouxe despedimentos em massa, instabilidade e cortes generalizados em salários e benefícios.A partir de 2010, o modelo das startups virou o jogo: liberdade no vestir, mesas de pingue-pongue, cerveja no escritório e flexibilidade passaram a ser moeda de troca na atração de talento. Redes sociais como LinkedIn, Facebook ou Glassdoor deram voz aos trabalhadores. «A cultura mudou. Se um colaborador tem uma má experiência, hoje pode partilhá-la com o mundo em segundos», lembrou. Isso gerou uma pressão acrescida sobre as empresas, onde, «de repente, accountability se tornou instantânea».Já a inteligência artificial está agora a reconfigurar competências, funções e trajetórias. «Novos cargos estão a emergir. Prompt engineering, pensamento crítico, adaptabilidade — estas são as novas moedas do mercado.» Mas Morrison alertou que esta revolução não atinge todos da mesma forma: «A adoção da IA é desigual. Alguns prosperam, outros sentem que o seu lugar está em risco», avisou.O recrutamento também mudou — e o poder é mútuo«Hoje, quando vais a uma entrevista, também estás a entrevistar a empresa», afirmou. É essencial que os candidatos se preparem para fazer perguntas: «Qual é o vosso relatório de sustentabilidade? Como trabalham a inclusão? Que medidas tomam para garantir o bem-estar da equipa?»O sentido de propósito tornou-se um dos fatores mais valorizados pelos jovens profissionais. Morrison partilhou um caso concreto: «Um candidato recusou uma oferta bem paga porque os valores ambientais da empresa não alinhavam com os seus. Isso não é exceção — é tendência.» Os dados da Deloitte confirmam precisamente que 89% dos millennials e 86% da Geração Z consideram o propósito tão importante quanto a satisfação profissional.O futuro do trabalho somos nósMorrison insistiu na urgência de cultivar quatro grandes competências para os líderes do futuro: adaptabilidade, inteligência emocional, literacia tecnológica e visão estratégica. «O mundo está a mudar depressa demais. Os líderes têm de ser capazes de ler o contexto, de antecipar tendências. E de liderar com empatia», declarou.Sublinhou também a importância crescente da formação contínua: «O reskilling não é só para manter o emprego — é para continuar a ser relevante. É sobre crescer e prosperar num mundo que nunca vai parar de mudar.»A disrupção não é a história. Nós somos a históriaConcluiu com um desafio à audiência: «As escadas já não são lineares. Agora, podemos saltar de lado, experimentar, reinventar. A pergunta não é ‘o que vem a seguir?’ A verdadeira pergunta é: ‘estás pronto para moldar o futuro?’»Assista ao momento completo aqui:Steve Morrison – Why we choose the jobs we do and trends for the future Tenha acesso à galeria de imagens aqui. Todos os momentos da Leadership Next Gen estarão disponíveis na Líder TV e nos canais 165 do MEO e 560 da NOS.O conteúdo «A disrupção não é a história. Nós somos a história»: Steve Morrison fala aos líderes do futuro aparece primeiro em Revista Líder.