Fed corta juros: Ibovespa já chegou a disparar 58% em outros ciclos; veja como se posicionar

Wait 5 sec.

O Federal Reserve confirmou o que 99% do mercado esperava: o primeiro corte dos juros desde dezembro de 2024, quando a taxa foi para 4,25% a 4,50% ao ano.Enfim, o banco central chegou à conclusão de que os indicadores nos Estados Unidos, principalmente a inflação, estão mais controlados.LEIA MAIS: A Super Quarta acontece hoje – saiba o que esperar das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos e como investir a partir de agoraAlém de dar alívio para o consumidor americano, a tesoura de Jerome Powell trará impactos diretos para a bolsa brasileira.Aliás, já traz, com o Ibovespa renovando máximas históricas, a 145 mil pontos, com alta de 20% no ano.DisparadaAo analisar o histórico, porém, em outros momentos de corte de juros, o Ibovespa chegou a saltar 58% em uma janela de seis meses, por exemplo.Isso ocorreu em 1998, quando o país vivia outro contexto econômico, é verdade.Mas é fato que, com os títulos públicos nos EUA menos atrativos, bolsas de mercados emergentes, como o Brasil, ganham mais charme.Lucas Carvalho, head do research da Toro, em entrevista ao Money Times, diz que o Brasil voltou ao radar do investidor estrangeiro, o comprador de bolsa nesse momento.“Os agentes econômicos discutiram bastante os valuations das bolsas nos Estados Unidos, e os emergentes surgiram como alternativa”, afirmou.Para ele, o efeito da queda dos juros americanos é poderoso.“Estamos falando do preço dos Treasuries, que impactam ativos no mundo todo. E não é só amanhã: há possibilidade de vários cortes até o fim de 2026. Isso gera otimismo e pode potencializar os mercados. Mas é claro que fatores domésticos também podem gerar realizações de lucro”.Além do corte, o Fed indicou que reduzirá constantemente os custos dos empréstimos até o final deste ano.Dólar fracoEle também recorda que houve enfraquecimento do dólar e busca por novas geografias.Nos últimos anos, a concentração era muito forte nos EUA, principalmente nas sete magníficas, dentro do S&P 500 (SPX).Carvalho diz que nesses ciclos o dólar se enfraquece.No ano, a moeda despenca e já negocia abaixo dos R$ 5,30, menor patamar em 15 meses.GIRO DO MERCADO: Copom decide os rumos da Selic e isso pode mexer com seus investimentos – acompanhe em edição especial do programa nesta quarta-feira“Com isso, investidores olham para o Brasil, onde a Selic em 15% está muito convidativa. Isso abre espaço para renda fixa (prefixados, indexados à inflação, ativos atrelados ao DI). Mas a renda variável também chama atenção”.Carvalho diz que, com a decisão do Fed, o BC terá mais um motivo para iniciar os cortes aquiE os juros aqui no BrasilHoje, o Banco Central no Brasil também deverá se reunir para definir o futuro dos juros, com a expectativa de manter a atual taxa de 15% inalterada.Pela leitura do mercado, os cortes só virão em dezembro ou no começo do ano que vem.Carvalho diz que, com a decisão do Fed, o BC terá mais um motivo para iniciar os cortes aqui.“Temos uma economia em desaceleração, inflação moderada (até deflação no IPCA de agosto), mercado de trabalho perdendo força e o real valorizado, ajudando no processo desinflacionário”.“É um combo: queda de juros nos EUA, condições internas favoráveis e efeito carry trade — captar em países de juros menores e aplicar aqui. Esse fluxo tem sustentado a alta do Ibovespa”.Retaliação dos EUA pode frear alta?Apesar do salto das bolsas, uma possível retaliação dos Estados Unidos ao Brasil ainda está no radar.Na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), enquanto o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país pretende anunciar, na próxima semana, sanções adicionais ao Brasil.Apesar disso, Carvalho diz que a queda dos juros nos EUA é um grande macroevento que traz forte apetite por risco.“Se o movimento continuar lá fora, o Brasil tende a se beneficiar. Mas, claro, temos que monitorar também os riscos fiscais internos”.Como se posicionar?Em relatório, a XP lembra que, em média, o Ibovespa supera os ativos de renda fixa em ciclos de queda de juros, apresentando retorno de 32,1% em reais e 41,2% em dólares um ano após o primeiro corte de juros.“Os títulos prefixados, representados pelo índice IRFM, lideram os retornos da renda fixa, mas ainda ficam atrás da performance da Bolsa”.A corretora também destaca que, em três períodos — iniciados em 2002, 2003 e 2008 —, entregaram retornos excepcionalmente elevados para o Ibovespa.CONFIRA: Está em dúvida sobre onde aplicar o seu dinheiro? O Money Times mostra os ativos favoritos das principais instituições financeiras do país; acesse gratuitamenteNo relatório, a XP destaca que os setores ligados a commodities (como papel & celulose, óleo, gás & petroquímicos e mineração & siderurgia) tendem, em média, a apresentar desempenho inferior ao Ibovespa, enquanto setores domésticos (como propriedades comerciais e educação) costumam liderar.Porém, após o primeiro corte, os setores de commodities tendem a se recuperar, superando os nomes domésticos.Palavra é diversificaçãoCarvalho diz que o cenário, de fato, está positivo para a renda variável: bolsas nas máximas nos EUA (S&P e Nasdaq) e o Ibovespa também.“Mas o investidor precisa ter alocação estruturada em renda variável internacional e no Brasil, sem abrir mão da renda fixa, que continua muito atrativa”.Ele diz que faz sentido prefixar em taxas altas agora, com produtos como CDBs, Tesouro Prefixado e letras financeiras.“Ainda há ótimo timing para a renda fixa”.Outro ponto é o ouro, que tem subido mais que os principais mercados, com disparada de quase 38% no ano.“É um ativo alternativo importante, e temos produtos estruturados, ETFs e fundos especializados”.Também há oportunidades em moedas: o DXY caiu quase 9% neste ano, rompeu o nível de 97 recentemente e está em 96.O enfraquecimento do dólar abre espaço para outras moedas, como o euro e divisas de emergentes.“Portanto, contar com gestores experientes, que possam girar posições rapidamente conforme os cortes de juros avancem, faz muita diferença”.