O mercado já esperava amplamente que o Federal Reserve (Fed) cortaria os juros dos Estados Unidos (EUA) em 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (17), mas ainda há divergências sobre a continuidade do ciclo. Para especialistas, os próximos dados do mercado de trabalho serão decisivos para as próximas decisões.A redução de hoje foi justificada pela avaliação de que a atividade econômica perdeu ritmo no primeiro semestre e de que o mercado de trabalho mostra sinais de fraqueza, mesmo com a inflação ainda elevada.Com apenas um voto dissidente — de Stephen Miran, aliado de Donald Trump — o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, afirmou que o ritmo atual de cortes parece adequado.ESPECIAL COPOM: Acompanhe a decisão de juros no Brasil e nos EUA ao vivo a partir das 18:30, é só clicar aquiAs novas projeções, divulgadas junto à decisão, indicam mais duas reduções de 0,25 p.p. até o fim do ano e apenas uma em 2026. Apesar disso, o comitê segue dividido: sete dirigentes não preveem novos cortes em 2025, enquanto dois projetam apenas mais uma redução.Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, o discurso de Powell reforçou a perspectiva de que o Fed seguirá cortando juros no mesmo compasso.O presidente do Fed afirmou, em coletiva, que a instituição nos últimos anos fez aumentos e cortes “muito grandes” e que, agora, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está em uma “situação de reunião a reunião”. Ao mesmo tempo, Powell afirmou que alguns dos cenários inflacionários mais negativos enfrentados perderam força.O economista sênior do Inter, André Valério, por sua vez, observa que uma eventual reversão no mercado de trabalho pode dificultar novos cortes. Para ele, os próximos dados de emprego “serão determinantes”.O Fed ainda vê espaço para o mercado de trabalho deteriorar e projeta que a taxa de desemprego chegue a 4,5% em 2025. Para a inflação, a visão é de que os preços encerrarão o ano com alta de 3% e cairão para 2,6% em 2026.“Caso vejamos uma reversão na tendência do mercado de trabalho, com uma eventual retomada do emprego, será difícil para o comitê justificar novos cortes”, afirmou.Ele lembra que, até a próxima reunião, marcada para outubro, será divulgado mais um relatório de emprego (payroll). “Se vier em linha com os últimos dois, teremos espaço para mais um corte de 0,25 ponto”, completou.