Selic em 15%: como investir na renda fixa pública e títulos de crédito privado

Wait 5 sec.

Ao manter a taxa Selic em 15% ao ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) também manteve um cenário atrativo para os investimentos em renda fixa no Brasil. No entanto, a estratégia passa a ser ainda mais importante enquanto o mercado já se prepara para um ciclo de cortes da taxa básica de juros. Nos títulos públicos, definir o peso ideal de cada indexador é o desafio, enquanto o crédito privado ainda tem oportunidades, mas demanda cautela. Até o fim do ano, além da política monetária, o investidor deve acompanhar a trajetória da inflação – que impacta diretamente o retorno real dos títulos – e a política fiscal do governo, já que “o aumento de gastos públicos pode elevar o risco-país e, consequentemente os prêmios exigidos nos títulos”, pontua Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia da AVG Capital. Leia também: Selic (ainda) em 15%: como investir na Bolsa, renda fixa, fundos e no exterior?  Nos títulos de renda fixa emitidos por empresas, a Selic alta aumenta o risco para os investidores, alerta Otávio Faria, analista de crédito da Eleven. “Quando o investidor de crédito privado for fazer a compra de um ativo, deve se perguntar se conhece a empresa emissora e o que ela produz”, aconselha. Onde investir na renda fixa pública? No Tesouro Direto, a referência em 15% ao ano faz com que o Tesouro Selic siga como “base de qualquer carteira, principalmente para quem precisa de liquidez e para reserva de emergência”, segundo Bergamo.Para o investidor que foca no longo prazo, a proteção contra a inflação é essencial, contexto em que o destaque é o Tesouro IPCA+. A especialista diz que os papéis com vencimento a partir de 2030 “garantem ganho real”, o que deve ser valorizado em um País com histórico robusto de luta contra a alta dos preços. Já os prefixados são uma oportunidade estratégica atualmente, já que o investidor pode travar a rentabilidade em patamares ainda elevados por um período mais longo e ter na carteira títulos que pagam acima da Selic no futuro, quando os juros caírem. Hoje, os prefixados com vencimento entre 2028 e 2035 pagam de 13,23% a 13,50% ao ano, enquanto a mediana das expectativas do mercado para a Selic está em 12,38% no fim de 2026, segundo o Boletim Focus. “Para o médio prazo, o prefixado é interessante”, sugere Bergamo. A lógica é simples: “quem trava taxas altas hoje pode se beneficiar quando os juros efetivamente recuarem”.Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, ainda destaca que a queda de juros nos Estados Unidos influencia a curva brasileira e torna os prefixados atrativos. “O investidor deve priorizar os prefixados e pós-fixados no Brasil”, segundo o profissional. Crédito privado No mercado que tem debêntures, CRIs, CRAs, LCIs, LCAs e FIDCs, Faria, da Eleven, é categórico ao afirmar que os riscos aumentaram com a Selic em 15% ao ano e a inadimplência em alta: “aumentaram e esse movimento esperado, já que a taxa que o CDI está pagando é acima do que uma empresa regular costuma dar de retorno ao seu acionista”. Vitor Duarte, diretor de investimentos da Suno Asset, corrobora, destacando que “a inadimplência é uma consequência da taxa de juros mais alta”. Ele alerta que empresas de médio porte são mais vulneráveis, perdendo espaço para companhias abertas e com maior governança. Por isso, a recomendação é “escolher empresas líderes em seus setores com boa margem, alavancagem baixa” e “fugir de ativos de crédito que são do middle market” e de CCBs (Cédulas de Crédito Bancário) de “empresas que o investidor nunca ouviu falar”.Sobre as oportunidades, Duarte recomenda olhar para os incentivados, com destaque para CRIs e CRAs de companhias de grande porte e LCIs e LCAs, que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Ele indica “aumentar a qualidade do portfólio e fugir de ofertas que prometem rendimento um pouco maior, mas têm muito mais risco”.Quanto ao vencimento, o cenário de incertezas favorece prazos curtos a médios, segundo o consultor de investimentos Harion Camargo, pois “permitem capturar bons prêmios de risco sem ficar excessivamente exposto a mudanças mais bruscas na economia”. Daniela Gamboa, CIO de Crédito Privado e Imobiliário da SulAmérica Investimentos, faz coro e diz que a casa vem optando pela alocação em papéis de baixa e média duração, “que ainda têm prêmios interessantes, mas sofrem menos com possíveis aberturas de taxas no futuro”. Leia também: Quanto rendem R$ 10 mil no Tesouro Direto, CDBs e LCAs com Selic a 15%Para Camargo, as LCIs e LCAs são alternativas “seguras” por contarem com isenção de Imposto de Renda e proteção do FGC, enquanto CRIs e CRAs “são oportunidades quando bem estruturados, com garantias reais e originadores confiáveis”. Já os FIDCs oferecem retornos mais altos, mas são mais sofisticados e demandam maior tolerância a risco e capacidade de análise, segundo o especialista. Com a estabilidade da Selic em patamar elevado, a prioridade do investidor de crédito privado deve ser a segurança e liquidez da carteira, segundo Otávio Faria: “devemos ter novos pedidos de Recuperação Judicial e falências que não estão previstos pelo mercado”. Vitor Duarte concorda, priorizando “primeiro a segurança, depois a liquidez e, em terceiro lugar, a rentabilidade”.The post Selic em 15%: como investir na renda fixa pública e títulos de crédito privado appeared first on InfoMoney.