Brasileiros gastam quase 2 horas por dia em deslocamentos

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Neste 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, o debate sobre mobilidade urbana e sustentabilidade ganha ainda mais relevância no Brasil. O transporte público que é uma das soluções mais eficazes para a redução da pegada de carbono nas grandes cidades ainda enfrenta desafios que impactam diretamente a qualidade de vida dos usuários: o tempo médio de deslocamento diário é de quase duas horas em dez capitais brasileiras. Os dados de deslocamento para as atividades diárias integram a “Pesquisa Viver nas Cidades: Mobilidade Urbana”, que será apresentada no próximo dia 25 de setembro pelo Instituto Cidades Sustentáveis e a Ipsos-Ipec. Além do tempo gasto, o estudo revela os modais mais utilizados pelos brasileiros, os principais problemas do transporte público e a sensação de segurança ao transitar pelas ruas.Foto: Aldemir de Moraes | Prefeitura de MaringáA experiência de deslocamento nas cidades brasileiras ainda é marcada por longos trajetos e desafios estruturais.Tempo de deslocamentoOs brasileiros gastam, em média, 116,5 minutos por dia em todos os deslocamentos urbanos. Ou seja, quase duas horas diárias entre casa, trabalho, estudo e outras atividades rotineiras.Pergunta: levando em conta todos os seus deslocamentos, quanto tempo, em média, você gasta diariamente (ida e volta) para se locomover pela cidade? Considere todos os tipos de transporte que costuma utilizar.Os dados mostram que 58% dos entrevistados gastam mais de uma hora por dia em deslocamentos, enquanto apenas 7% conseguem realizar todos os trajetos em menos de meia hora. Leia também: 1.Uma bicicleta retira até 52 passageiros por mês do transporte público 2.BH aprova projetos que zeram tarifa de transporte público As capitais com maiores tempos médios de deslocamento são Belém (130 minutos) e Manaus (128 minutos). Mesmo em Porto Alegre, que registrou o menor tempo entre as cidades analisadas, os moradores ainda gastam quase 95 minutos por dia, o que evidencia o desafio de norte a sul.Transporte coletivo ainda é o mais utilizadoApesar dos entraves, o transporte coletivo segue sendo o principal meio de locomoção nas cidades brasileiras. A pesquisa aponta que 54% da população usa com mais frequência modais como ônibus, BRT, ônibus fretado, metrô, trem e lotações, contra 43% que preferem meios individuais, como carro particular, aplicativo ou bicicleta.Meio de transporte mais utilizado, por capitalO ônibus/BRT/Move lidera com 35% da preferência, seguido pelo carro particular (18%), carros por aplicativo (9%), metrô (8%) e deslocamento a pé (8%). Apenas 1% dos entrevistados usa bicicleta como principal meio de transporte.Foto: FreepikPara exemplificar, em São Paulo destaca-se o uso do metrô (16%); em Goiânia, o carro (41%); e, em Manaus, o carro por aplicativo (19%)O perfil de quem mais utiliza o transporte público coletivo é composto por jovens, pessoas das classes mais baixas e com menor renda familiar, o que reforça a importância social desse serviço.Principais problemas apontados pelos usuáriosA pesquisa também revelou os principais problemas enfrentados no uso diário do transporte coletivo. Entre os usuários de ônibus municipais, BRT ou Move, os aspectos mais criticados são a lotação, o preço das tarifas, a baixa frequência e a conservação dos veículos.Os dados regionais mostram nuances importantes:Em São Paulo, quase um terço dos usuários citam a lotação como o principal problema;Em Manaus, a tarifa é apontada como o maior obstáculo;Em Belém, destacam-se a lotação e a conservação dos veículos;Em Porto Alegre, a frequência dos ônibus é o principal ponto crítico.Problemas que devem ser resolvidos com mais urgência, segundo os usuários de ônibus, por capital (%)A pesquisa foi feita em dez capitais brasileiras e entrevistou 3.500 pessoas de forma online, nas seguintes cidades: Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.Por que é importante usar o transporte público?O uso do transporte público é uma das formas mais eficazes de combater as mudanças climáticas nas áreas urbanas. A área de transporte está entre as três que mais emitem gases de efeito estufa no Brasil, ao lado de agricultura e resíduos, segundo o relatório Net Zero Readiness Report 2023, da consultoria KPMG. O setor foi responsável por 16% das emissões desses gases no país em 2022.Apesar dos diversos desafios, a substituição de veículos individuais movidos a gasolina ou diesel por trens e metrôs reduz drasticamente o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de poluentes. Só em 2024, os serviços da CPTM e do Metrô em São Paulo Paulo evitaram juntos a emissão de mais de 1 milhão de toneladas de CO₂ equivalente na atmosfera, reafirmando o papel estratégico desse modal na construção de cidades de baixo carbono.Foto: Prefeitura de Caeté | DivulgaçãoA CPTM, por exemplo, tem como meta até 2025 a implementação de um Sistema de Gestão Energética e ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Em 2023, a companhia investiu R$ 1,5 milhão em eficiência energética, com iniciativas como a instalação de uma usina fotovoltaica na Estação Engenheiro Goulart, resultando na redução de 517 mil toneladas de CO₂ e benefícios sociais estimados em R$ 9,36 bilhões. Já o Metrô de São Paulo, que evitou sozinho a emissão líquida de 625 mil toneladas de CO₂e, também promove impactos positivos na mobilidade e segurança urbana: mais de 556 milhões de horas foram economizadas em viagens, cerca de 3 mil acidentes foram evitados nas vias urbanas e 309,8 milhões de litros de combustíveis deixaram de ser consumidos. O investimento robusto em transporte público é uma contribuição direta para a qualidade de vida nas cidades.Bicicletas no transporte público em SPApostar em vias cicláveis e apoiar a população que quer e pode se deslocar de bicicleta e outros meios de transporte ativo é outra maneira de fomentar cidades mais sustentáveis e saudáveis. No caso de São Paulo, aos sábados, domingos e feriados, os passageiros podem embarcar com suas bicicletas no Metrô e na CPTM em qualquer horário. As bicicletas devem ser de tamanho convencional e, caso sejam elétricas, de dimensões semelhantes às das convencionais. Nos dias úteis, de segunda a sexta, o embarque é permitido entre 10h e 16h e das 21h até o encerramento da operação. O embarque da bike no trem é permitido apenas no último carro, no limite de quatro bicicletas por viagem.Foto: Edson Lopes Jr. | SECOMA superlotação dos trens e metrôs pode dificultar o processo, mas é preciso analisar cada caso. A integração entre transporte público e bike garante o transporte intermodal para distâncias maiores. Uma pesquisa recente apontou que cada nova bicicleta na cidade retira até 52 passageiros – ou passagens de ônibus – do sistema por mês. Também foi constatado que o passageiro que troca o ônibus pela bicicleta raramente volta a usar o transporte coletivo, exceto em situações de clima severo, como baixas ou altas temperaturas e em dias muito chuvosos.The post Brasileiros gastam quase 2 horas por dia em deslocamentos appeared first on CicloVivo.