Ensino superior EaD chega a 61% dos municípios do Brasil, diz Censo

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Aproximadamente 61% dos municípios do país têm cursos superiores na modalidade de ensino a distância (EaD), afirma o Censo da Educação Superior de 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta segunda-feira (22/9). Entre os 5.571 municípios brasileiros, 3.387 oferecem pelo menos um curso a distância, seja combinado com cursos presenciais ou exclusivamente EaD.O dado evidencia a expansão do ensino a distância, que pela primeira vez superou o total de alunos matriculados em cursos presenciais. Nas localidades que oferecem EaD e presencial, estão 4,6 milhões de estudantes, representando 89% das matrículas de EaD. Outros 2.300 municípios oferecem apenas cursos a distância, com 532 mil alunos.O crescimento da modalidade, no entanto, ainda é desigual. Nas instituições privadas, 73% dos ingressantes em 2024 escolheram EaD, enquanto na rede pública 84% optaram por cursos presenciais.Além disso, a concentração geográfica é evidente: apenas quatro estados — Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro — concentram 88% das matrículas de EaD. Leia também Conteúdo especial Goiás alcança maior taxa de jovens de baixa renda no Ensino Superior Brasil Diploma de papel do ensino superior passa a não ter validade. Entenda Brasil Vício com bets pode impedir 986 mil alunos de ingressar no ensino superior Brasil Sisu: saiba como concorrer a vagas no ensino superior com nota do Enem Após o alto número de matrículas para a educação a distância, o MEC decretou, neste ano, novas regras para esse tipo de ensino no país. A preocupação do governo se dá por conta de questionamentos sobre a qualidade dessa formação.O decreto proíbe a ministração de cursos de graduação 100% à distância e fixa em, pelo menos, 20% da carga horária dos cursos EaD de forma presencial, na sede da instituição ou em algum campus externo, com todos os participantes fisicamente presentes, ou por atividades síncronas mediadas.Além disso, o modo Ead foi proibido para os cursos de Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia, que devem ser ofertados exclusivamente no formato presencial.De acordo com a pesquisa, o número de ingressantes em cursos on-line em 2024 – 3,3 milhões – foi o dobro das graduações presenciais – 1,6 milhões de pessoas.Nos cursos presenciais, predomina o bacharelado. Já no ensino EaD, a distribuição é diferente: 43% das vagas estão em cursos tecnológicos, 33% em bacharelados e 20% em licenciaturas.Focando no bacharelado, foram ofertadas aproximadamente 10 milhões de vagas. Deste total, 61% na modalidade EaD, o que mostra o peso da rede privada nesse cenário.Nas licenciaturas, a concentração é ainda maior: 89% das vagas foram oferecidas a distância. Nos cursos tecnológicos, a predominância do EAD é quase absoluta — 93% das vagas, contra apenas 7% presenciais.Setor privadoA Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) destaca que o Censo da Educação Superior 2024 reforça a centralidade do setor privado no acesso à graduação no Brasil. Cerca de 90% das instituições são particulares, concentrando quase 80% das matrículas, com mais de 8 milhões de estudantes. Entre 2014 e 2024, o crescimento das matrículas na rede privada foi de 39%, impulsionado principalmente pelo ensino a distância (EaD), que em 2024 superou pela primeira vez o volume de ingressantes do presencial.Apesar do avanço da EaD, a modalidade pode ter atingido seu pico, apresentando crescimento limitado desde 2022 e altos índices de evasão. Nesse contexto, o modelo semipresencial surge como alternativa estratégica para atrair novos estudantes. Mais de 80% dos concluintes de 2024 estudaram em instituições privadas, evidenciando o papel decisivo do setor particular na formação de profissionais, especialmente em regiões com presença pública reduzida