A música sempre teve um papel fundamental nos momentos críticos da democracia brasileira. Durante a década de 1960, a Música Popular Brasileira (MPB) se tornou um veículo de resistência contra a ditadura militar. Agora, a participação de ícones como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil em um protesto contra a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas do 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ser um ponto de virada significativo. Outros nomes da música, como: Djavan, Marina Sena, Ivan Lins, Maria Gadú, Paulinho da Viola e Lenine, também estiveram presentes.Neste domingo (21), em Copacabana, no Rio de Janeiro, o ato uniu a música e ativismo político e contou com 41,8 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Público da USP. Em São Paulo, mais 42,2 mil pessoas marcaram presença na Avenida Paulista, e levaram uma grande bandeira do Brasil em um contraponto ao símbolo dos Estados Unidos exibido por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) em ato a favor da anistia no dia 7 de Setembro. No ato bolsonarista pró-anistia foram 42,2 mil. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse durante manifestação na Avenida Paulista, que o Congresso precisa derrotar o que chamou de “anistia light” aos condenados nos ataques de 8 de Janeiro. “Não tem meio termo”, afirmou. Os atos convocados por centrais sindicais, partidos de esquerda e artistas ocorrem em pelo menos 25 capitais e 30 outras cidades brasileiras neste domingo, 21, contra a anistia a golpistas e a PEC da Blindagem. O ex-ministro José Dirceu (PT) criticou duramente o Congresso Nacional, durante manifestação em apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizada em Brasília e em mais de 30 cidades pelo país.“Temos que tomar consciência de que, para mudar esse País, temos que mudar o Congresso Nacional”, afirmou Dirceu, ao criticar a aprovação da chamada PEC da Blindagem e a tentativa de anistia a envolvidos em atos golpistas. Segundo ele, o Legislativo se recusa a debater projetos do governo, como a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e o fim da escala 6 por 1. A PEC da Blindagem, que dificulta a investigação de parlamentares, exige que o Legislativo autorize qualquer processo contra eles, o que levanta preocupações sobre a impunidade. A presença de Chico, que tem se mantido mais reservado nos últimos anos, indica um retorno à cena pública em um momento crucial.A bancada do PT no Senado anunciou, neste domingo, ser unanimemente contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, aprovada pela Câmara dos Deputados na última semana. Em nota, o grupo disse que o texto é um “atentado” contra a Constituição. “Ao criar privilégios injustificáveis para parlamentares, subverte-se a lógica elementar do Estado Democrático de Direito: o mandato não é um salvo-conduto para a impunidade”, escreveram os nove senadores petistas.A manifestação, que ganhou força nas redes sociais, é um reflexo do engajamento desses artistas em questões sociais e políticas. Caetano Veloso fez um apelo à população e à classe artística para se unirem ao protesto, ressaltando a importância da música como um meio de expressão política. A MPB sempre foi um espelho das lutas sociais, desde os anos 1930 até a resistência durante a ditadura, e essa nova mobilização busca resgatar esse legado.Entretanto, a situação atual apresenta desafios para a esquerda, uma vez que a música não ocupa mais o mesmo espaço na sociedade que teve em décadas passadas. O bolsonarismo, por sua vez, continua a mobilizar seus apoiadores nas ruas, criando um cenário polarizado. Leia também Ato contra PEC da Blindagem e anistia leva 42,4 mil pessoas à Avenida Paulista 'A política tem que traduzir o que de fato incomoda a maioria da população', diz Edinho Silva sobre manifestação *Com informações do Estadão Conteúdo