O São Paulo foi atingido por um novo escândalo na segunda (15): um áudio revelou um suposto esquema de comercialização irregular de camarotes do MorumBIS em dias de shows.Segundo o material obtido pelo “ge.com”, Douglas Schwartzmann, diretor adjunto das categorias de base do São Paulo, e Mara Casares, diretora feminina, cultural e de eventos do clube (e ex-esposa do presidente Julio Casares), estariam envolvidos.Na gravação, Schwartzmann admite que ele e outras pessoas teriam obtido ganhos financeiros com a prática. Leia Mais Quem assume a presidência do São Paulo em caso de impeachment de Casares? Áudio revela ação de diretores do São Paulo para venda ilegal de camarotes Quem é Mara Casares, envolvida no escândalo de camarotes do São Paulo Nesta terça-feira (16), após a divulgação dos áudios, Schwartzmann se defendeu das acusações.“Diante das matérias divulgadas envolvendo meu nome, considero necessário prestar esclarecimentos pessoais, de forma serena e responsável, em respeito ao São Paulo Futebol Clube, aos torcedores e à opinião pública. Não tive, em nenhum momento, qualquer participação em venda, negociação ou comercialização de camarotes ou ingressos de eventos realizados no Estádio do Morumbi. Nunca exerci função ligada à gestão ou locação desses espaços e jamais recebi qualquer valor, benefício ou vantagem relacionada ao SPFC”, afirmou o diretor adjunto das categorias de base do Tricolor.“Fui procurado apenas após uma situação já existente, com o único objetivo de tentar ajudar a evitar que um problema gerasse desgaste indevido ao São Paulo Futebol Clube. Minha atuação foi pontual, pessoal e sem qualquer caráter comercial, sempre com a intenção de preservar a instituição. O desconforto ocorrido decorreu exclusivamente da forma como me manifestei em uma conversa privada, ao utilizar um exemplo da minha experiência como empresário, no sentido de que atividades envolvem riscos e resultados distintos ao longo do tempo. Essas falas não refletem a realidade dos fatos, tampouco significam, em hipótese alguma, que eu tivesse qualquer ganho ou envolvimento com camarotes ou eventos.Como situação chegou à JustiçaDe acordo com o conteúdo dos áudios, o camarote 3A, identificado em documentos internos como “sala presidência”, teria sido repassado a uma intermediária, Rita de Cassia Adriana Prado, responsável por explorar comercialmente o espaço durante o show da cantora Shakira, em fevereiro.Os ingressos chegaram a ser vendidos por até R$ 2,1 mil, com faturamento estimado em R$ 132 mil apenas nessa apresentação no estádio do São Paulo.A situação ganhou contornos judiciais depois que Adriana ingressou com uma ação na 3ª Vara Cível de São Paulo contra Carolina Lima Cassemiro, da “Cassemiro Eventos Ltda”.Adriana alega que Carolina reteve, sem autorização, um envelope com 60 ingressos do camarote no dia do show, após o pagamento parcial do valor combinado. O caso também foi registrado em boletim de ocorrência.No áudio, Schwartzmann demonstra preocupação com as consequências do processo judicial e afirma que o esquema poderia ser revelado à Justiça.Em diversos trechos, ele pressiona Adriana a retirar a ação, alertando para possíveis danos à imagem de Mara Casares, de Julio Casares e do superintendente Marcio Carlomagno, citado como responsável por autorizar a cessão do camarote.O dirigente também admite, em determinado momento, que “ganhou” com o repasse de camarotes.Mara Casares, por sua vez, aparece na gravação pedindo que Adriana encerre o processo para evitar prejuízos à sua trajetória no São Paulo Futebol Clube. A diretora afirma ter planos futuros no São Paulo e diz que seria a principal prejudicada caso o caso avançasse judicialmente.Mara Casares, Diretora Feminina, Cultura e de Eventos do São Paulo • Reprodução/Instagram/@maracasaresNo processo, Adriana diz que Carolina pegou de suas mãos um envelope com os 60 ingressos do camarote 3A do Morumbis, no dia 13 de fevereiro, sem autorização. Ela afirma que os ingressos foram comprados pela empresa de Carolina por R$ 132 mil, mas apenas R$ 100 mil foram pagos.Adriana registrou um Boletim de Ocorrência na 34ª Delegacia de Polícia, em São Paulo. Por isso, ela foi pressionada pelos demais envolvidos. Os registros de um telefone foram gravados e acessados pelo “ge.com”.Quem estava responsável pelo camaroteEm nota, o São Paulo confirmou que o camarote 3A pertence ao clube e informou que, no dia do show da Shakira, o espaço estava destinado à diretoria feminina, cultural e de eventos – dirigida por Mara.O clube afirmou desconhecer o teor do áudio e negou a existência de qualquer esquema ilegal. Em nota posterior, reiterou que refuta a comercialização irregular do camarote.Punições?De acordo com o estatuto do São Paulo, condutas que causem dano à imagem do clube podem resultar em punições que vão de advertência à perda de mandato e inelegibilidade.Advogados ouvidos pela reportagem do getv avaliam que o caso pode se enquadrar no crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, com pena de um a cinco anos de reclusão, além de multa.Conselheiros que fazem parte da oposição à atual gestão do São Paulo pediram afastamento do presidente Julio Casares, diante do escândalo de venda ilegal de camarote no Morumbis.O que dizem os outros citadosMara Casares reconheceu que o espaço foi cedido à intermediária Adriana Prado, mas negou ter recebido qualquer benefício financeiro.Segundo ela, a cessão ocorreu de forma pontual e baseada em uma relação de confiança, quebrada quando Adriana teria repassado o camarote a terceiros sem autorização. A dirigente afirmou ainda que chamou Douglas Schwartzmann apenas para auxiliá-la na tentativa de resolver o conflito.Citado na gravação, Marcio Carlomagno declarou ter sido surpreendido pelo uso de seu nome e negou que o camarote tenha sido utilizado de forma clandestina.Já Carolina Lima Cassemiro afirmou que não sabia da irregularidade do espaço e alegou ter sido enganada, sustentando que cumpriu o acordo firmado.Dívida do São Paulo está na casa de R$ 900 milhões, diz dirigente