UNICEF alerta sobre riscos de ultraprocessados na infância

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou no início de dezembro a publicação Alimentos Ultraprocessados e Crianças – Uma revisão atualizada. O documento reúne, de forma inédita, as evidências mais recentes sobre os impactos do consumo de ultraprocessados na saúde de crianças e adolescentes.O lançamento ocorre em complemento à recém-lançada série de artigos da revista The Lancet, intitulada Alimentos Ultraprocessados e Saúde Humana e apresentada também nesta quarta em um evento com a participação do UNICEF, na sede da Fiocruz, em Brasília.Elaborada por especialistas internacionais, a publicação do UNICEF aprofunda o debate sobre os efeitos dos ultraprocessados no desenvolvimento infantil, destacando seu papel decisivo no desequilíbrio nutricional e sua associação com sobrepeso, obesidade, erosão dentária e cáries.Foto: Herney Gómez por PixabayA análise também reúne evidências emergentes que relacionam o consumo desses produtos a outras formas de desnutrição, como atraso no crescimento e anemia, maior risco de diabetes tipo 2 na vida adulta e possíveis impactos na saúde mental. Leia também: 1.98,8% dos ultraprocessados tem excesso de sódio, gordura e açúcar 2.Médico explica os riscos de alimentos ultraprocessados Para o representante do UNICEF no Brasil, Joaquin Gonzalez-Aleman, proteger meninos e meninas da exposição intensiva a produtos ultraprocessados é necessário para que eles possam crescer, se desenvolver e viver plenamente.“Se os adultos já sofrem com esse ambiente alimentar, as crianças e adolescentes são ainda mais vulneráveis. Por isso, o UNICEF trabalhou para reunir e sintetizar as evidências sobre como os ultraprocessados impactam diretamente a nutrição e a saúde infantis, um campo em que ainda há menos estudos focados. Esperamos que essa revisão, lançada globalmente, contribua para orientar políticas públicas mais protetivas para as novas gerações”, afirmou.A revisão reúne análises de diversos estudos feitos por instituições de referência, como a Universidade de São Paulo, o Instituto Nacional de Saúde Pública do México, a Universidade de Sidney e a Universidade de Gana. Os capítulos tratam desde respostas de políticas públicas e transformações necessárias nos sistemas alimentares até evidências sobre bebidas açucaradas, produtos ultraprocessados destinados a bebês e crianças pequenas e tendências em regiões emergentes, como a África Ocidental.É importante conhecer a composição dos alimentos oferecidos aos bebês. | Foto: hui sang | UnsplashObesidade supera a desnutrição globalmenteEm setembro, o UNICEF divulgou o relatório “Alimentando o Lucro: Como os Ambientes Alimentares estão Falhando com as Crianças”, que revelou que, pela primeira vez, a obesidade superou a desnutrição entre crianças e adolescentes em idade escolar no mundo. O documento expõe como ambientes alimentares cada vez mais marcados pela presença de ultraprocessados, inclusive em países de baixa e média renda, estão afastando crianças e adolescentes de dietas tradicionais e as conduzindo a padrões alimentares prejudiciais à saúde.No Brasil, a obesidade superou a desnutrição como o tipo de má nutrição mais comum desde antes do ano 2000. Naquele ano, o percentual de meninos e meninas brasileiros de 5 a 19 anos com obesidade era de 5%. Esse número triplicou até 2022, quando chegou a 15%. Já o número de meninos e meninas em desnutrição aguda (baixo peso para altura) diminuiu de 4% para 3% no mesmo período. O percentual de crianças e adolescentes com sobrepeso no país também cresceu, dobrando de 18%, em 2000, para 36% em 2022, nessa faixa etária.Foto: iStockSegundo Joaquin Gonzalez-Aleman, o Brasil avançou com medidas como a implementação da rotulagem frontal e aspectos da recente reforma tributária. Ainda assim, é necessário enfrentar as ações negativas da indústria e fortalecer a ação dos governos.“A criação de ambientes escolares saudáveis, incluindo com a restrição da oferta e comercialização de alimentos pouco saudáveis nesses espaços é uma frente prioritária para o UNICEF. Por isso, estamos acompanhando a tramitação do PL 4.501/2020, um passo fundamental para garantir que meninos e meninas estejam menos expostos a ultraprocessados no ambiente escolar. O UNICEF também espera que o imposto seletivo sobre bebidas açucaradas, proposto na reforma tributária brasileira, seja implementado”, finaliza o representante. Leia também: 1.Pará inclui açaí e cupuaçu na merenda escolar 2.Projeto inclui mais proteínas vegetais em merendas escolares Série The LancetO lançamento da publicação ocorre no mesmo dia em que o UNICEF participou de um evento realizado na Fiocruz, em Brasília, dedicado à apresentação da Série Lancet: Alimentos Ultraprocessados e Saúde Humana. Durante o encontro, os pesquisadores Carlos Monteiro, Patrícia Jaime e Phillip Baker, que também contribuíram para a revisão global do UNICEF, apresentaram evidências científicas centrais sobre os impactos dos ultraprocessados na saúde humana e nas transformações dos sistemas alimentares.Acesse o estudo completo clicando aqui.Muitos alimentos infantis contêm excesso de calorias e oucos nutrientes. Foto: Jack Sellaire por PixabayThe post UNICEF alerta sobre riscos de ultraprocessados na infância appeared first on CicloVivo.