A temporada de dividendos segue aquecida na Bolsa brasileira — e ainda pode render bons cheques aos acionistas. Segundo um levantamento do Itaú BBA, ao menos 20 empresas listadas na B3 ainda podem anunciar dividendos até o fim de 2026, com retorno potencial acima de 5%.Desde outubro, as companhias já anunciaram R$ 124,1 bilhões em dividendos, sendo R$ 52,9 bilhões com pagamento até o fim de 2025 e outros R$ 57,8 bilhões previstos para 2026.O volume representa uma aceleração relevante em relação a trimestres anteriores e, na avaliação do banco, funciona como um vetor de curto prazo positivo para o mercado, com as companhias buscando evitar a nova tributação sobre proventos, que entra vigor no primeiro dia de janeiro.“No quarto trimestre de 2025, o volume de dividendos anunciados já supera com folga o do terceiro trimestre e também o do mesmo período do ano passado”, destaca o time de estratégia do Itaú BBA, liderado por Daniel Gewehr.Financeiras e materiais puxam o volumeEm termos de valores absolutos, os setores financeiro e de materiais lideram os anúncios recentes. Apenas as empresas financeiras somam R$ 36,4 bilhões em dividendos declarados, enquanto o setor de materiais responde por R$ 18,4 bilhões. O segmento de consumo básico aparece na sequência, com R$ 13 bilhões.Entre as companhias individuais, três nomes se destacam pelo volume distribuído desde o quarto trimestre de 2025:Vale (VALE3): R$ 15,3 bilhõesPetrobras (PETR4): R$ 12,2 bilhõesAmbev (ABEV3): R$ 11,5 bilhõesO banco lembra que essas empresas combinam forte geração de caixa, políticas claras de remuneração ao acionista e balanços robustos — fatores que ajudam a sustentar dividendos elevados.Quando o critério passa a ser dividend yield, o ranking muda. Entre os destaques, aparecem empresas do setor imobiliário e de incorporação:Direcional (DIRR3): 9,2%Syne : 8,6%Cyrela (CYRE3): 8,6%Já no recorte setorial, o Itaú BBA aponta que os maiores dividend yields médios estão em saúde, com 7,1%, bens materiais, 4,5%, e financeiras, também com 4,5%.Muito dividendo para sairO ponto central do relatório, porém, está no que ainda não foi anunciado. Após conversar com analistas setoriais e avaliar reservas de lucros, caixa disponível e estratégias de alocação de capital, o Itaú BBA estima que o potencial de dividendos ainda por vir pode ser de magnitude semelhante ao já divulgado.Segundo o banco, cerca de 20 empresas têm espaço para anunciar dividendos com yield acima de 5%, com destaque para companhias dos setores financeiro e imobiliário.No longo prazo, o argumento também joga a favor das estratégias focadas em dividendos. De acordo com o Itaú BBA, carteiras de ações com foco em proventos historicamente superam os principais índices da Bolsa brasileira, reforçando o apelo da tese para investidores que buscam renda recorrente — especialmente em um cenário de juros ainda elevados.