Confusão entre comunistas e nazistas obriga Canadá a alterar memorial

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O Memorial às Vítimas do Comunismo, inaugurado em dezembro de 2024 em Ottawa, no Canadá, ganhou um novo capítulo após o governo do país decidir, na última semana, retirar os nomes de indivíduos que eram homenageados, depois de investigações apontarem ligações da maioria deles com o nazismo ou grupos fascistas.Um ano após a inauguração, o Departamento do Patrimônio Canadense confirmou que o projeto original foi alterado e que o chamado “Muro da Lembrança” não trará mais nomes de ninguém. Desde a abertura do memorial, o espaço onde as inscrições seriam feitas permanece coberto por placas pretas.O monumento foi aprovado ainda em 2009 e comissionado pela Liberty Foundation, organização sem fins lucrativos formada por imigrantes e descendentes do Leste Europeu, regiões que estiveram sob regimes comunistas durante a Guerra Fria.Parte do financiamento veio de doações privadas, mas o governo canadense arcou com uma parcela significativa dos custos. Em contrapartida, doadores poderiam indicar nomes de cerca de 600 supostas vítimas do comunismo para serem homenageadas.O Memorial às Vítimas do Comunismo já enfrentava críticas há mais de 15 anos. Inicialmente orçado em US$ 1,5 milhão, o projeto acabou custando cerca de US$ 7,5 milhões, sendo aproximadamente US$ 6 milhões provenientes de recursos públicos. A obra foi idealizada durante o governo do ex-primeiro-ministro Stephen Harper. Leia também BrasilAluno que pintou suástica no rosto é indiciado por apologia ao nazismo MundoRelatos de sobreviventes do nazismo marcam 80 anos de Auschwitz MundoMilei oferece Argentina para nova-iorquinos fugirem do “comunismo” Distrito FederalDeputados apresentam projeto para revogar Dia das Vítimas do Comunismo Lista incluía nazistas e criminosos de guerraDurante a construção, porém, denúncias começaram a surgir na imprensa canadense apontando que a lista incluía nazistas e criminosos de guerra. Investigações conduzidas por entidades judaicas de memória do Holocausto, como os Amigos do Centro Simon Wiesenthal, identificaram nomes como o de Ante Pavelić, líder fascista croata responsável pela perseguição e morte de judeus e outras minorias por meio da milícia Ustaše.Outro nome listado era o de Roman Shukhevych, ultranacionalista ucraniano que colaborou com os nazistas, sendo associado ao massacre de até 100 mil poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Também constava Janis Niedra, envolvido diretamente na execução de centenas de judeus durante o Holocausto antes de migrar para o Canadá após o fim do conflito.Diante das revelações, o Departamento do Patrimônio do Canadá passou a exigir a revisão individual de cada nome antes de qualquer exibição pública.Mesmo assim, em dezembro de 2025, após a identificação de ao menos 330 nazistas ou colaboradores, o governo decidiu vetar definitivamente a inclusão de homenagens individuais no local.Segundo o jornal Ottawa Citizen, estavam inicialmente previstos 553 nomes no memorial. Em nota ao veículo, a porta-voz do Departamento do Patrimônio Canadense, Caroline Czajkowski, afirmou que o governo reverteu a decisão para garantir que o espaço esteja alinhado “aos valores canadenses de democracia e direitos humanos”.