Moradores da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, protestam nesta segunda-feira (15/12) contra uma obra na Praça Rosa Alves da Silva que vai acabar com um amplo gramado natural, para, no lugar, instalar um campo de grama sintética. Um abaixo-assinado contra a intervenção já conta com quase 1.500 assinaturas.As primeiras máquinas chegaram nesta segunda-feira para uma obra contratada pela subprefeitura da Vila Mariana por R$ 4,4 milhões para construir uma quadra de pickleball (uma espécie de tênis em espaço bastante reduzido), substituir um gramado por um campo cercado e com arquibancada para a prática de rúgbi, além de outras intervenções menores, como playground para crianças atípicas e substituição do piso de concreto existente.De acordo com moradores, o chamado “campão” é hoje usado por pessoas de diferentes perfis que promovem atividades diversas, como partidas de futebol, vôlei, atividades de ciclismo, piqueniques familiares, educação física de escolas do entorno, brincadeiras infantis e banhos de sol.“Acreditamos que as melhorias na praça devem ser realizadas de maneira não excludente e designar o campo como área para rúgbi seria reduzir o uso do espaço a uma das muitas atividades que acontecem nele”, dizem eles no abaixo-assinado. Leia também São PauloEsquerda protesta na Paulista contra PL da Dosimetria. Veja imagens São PauloProtesto em SP cobra justiça por mulher arrastada pelo ex na Marginal Demétrio VecchioliControladores relatam intoxicação por gás, mas voos não param em SP Demétrio VecchioliPrefeitura de SP revoga alvará e suspende obras em bosque No documento, também alegam que a substituição de grama natural por gramado sintético, de plástico, borracha e base asfáltica, contribui para aquecimento local (ilhas de calor), aumentando a aumenta demanda por refrigeração nos arredores. Além disso, o micro plástico é carregado para córregos e rios, e a troca da grama viva por plástico elimina a biodiversidade do solo e inviabiliza a permeabilidade natural, de acordo com os moradores.Só a instalação de gramado artificial, de acordo com planilha da empresa contratada para a obra, vai custar R$ 800 mil aos cofres públicos. O restante da estrutura do novo campo de rúgbi sairá por R$ 1 milhão.A obra tem mobilizado vereadores. Na sexta, Marina Bragante (Rede) enviou ofício à prefeitura questionando a obra. No documento, citou um estudo técnico sobre permeabilidade da Bacia do Córrego Aclimação, destacando que impermeabilizar adicionalmente a área do campo – localizada sobre uma das galerias do sistema de drenagem – pode agravar alagamentos e reduzir a eficiência hídrica da região, causando transtornos que já são sentidos em dias de chuva forte.“Segundo informações recebidas por este gabinete, o CADES Vila Mariana e o Conselho Participativo afirmam não ter deliberado favoravelmente sobre essa alteração específica, o que levanta dúvidas sobre a aderência do ETP às manifestações comunitárias que deveriam fundamentar o processo. Os moradores do entorno, inclusive, apontam a ausência de participação social neste processo, uma vez que não houve oportunidade de consulta pública e houve falta de comunicação prévia sobre a obra”, escreve Bragante.Nesta segunda, Nabil Bonduki (PT) criticou a obra pelo X. “A comunidade não é contra a reforma da praça. Pelo contrário, luta por isso há anos. Todavia, já se manifestou diversas vezes, por meio do conselho da praça, de forma contrária à colocação da grama sintética. Além das questões de saúde para os praticantes de esportes, a grama natural em uma praça cumpre função fundamental na drenagem e na regulação da temperatura do ambiente. Estou oficiando a Prefeitura e, se necessário, entrarei com ações judiciais para que essa obra seja suspensa”, afirmou.Procurada, a prefeitura de São Paulo não respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.