Se o Banco do Brasil (BBAS3) passou por 2025 meio esquecido em razão de resultados fracos, os investidores estrangeiros trataram de recolocar o papel no radar.Segundo analistas do BTG Pactual, que estiveram nos Estados Unidos em roadshow para avaliar o sentimento dos investidores em relação ao setor financeiro, o banco despertou “interesse real”.O principal motivo é o preço. Investidores questionam se o BB pode ser uma oportunidade diante do forte desconto em relação ao valor patrimonial.Outro ponto favorável é o agronegócio, que segue como o carro-chefe da economia brasileira — e tem no Banco do Brasil o seu principal financiador.“A percepção geral é de que o Brasil tem vantagem competitiva no agronegócio e que, em algum momento, a qualidade dos ativos deve se normalizar de forma cíclica, levando a melhores resultados para o BB”, dizem os analistas.As eleições também entram na conta. Caso um candidato de centro vença o pleito, investidores se perguntam quanto as ações do Banco do Brasil poderiam subir e a quais múltiplos passariam a negociar.Uma pergunta válida, já que, como visto nesta matéria, a queda neste ano, junto com um cenário eleitoral favorável, pode criar uma oportunidade de ouro.As estatais, vale lembrar, são extremamente sensíveis ao chamado “risco político” — e hoje restam apenas duas empresas desse tipo com peso relevante no mercado: Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil.Bradesco também foi citadoO Bradesco (BBDC4) também apareceu nas conversas. O banco apresentou forte valorização em 2025, impulsionado pela melhora do ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) e dos resultados operacionais.Entre as principais dúvidas levantadas pelos investidores, estão:o Bradesco é apenas uma oportunidade tática ou passa por uma transformação estrutural que o torne novamente um papel de buy-and-hold?qual seria o impacto de um ambiente de juros mais baixos sobre os lucros e o valuation?o que, de fato, está acontecendo com a carteira de crédito ao agronegócio do Banco do Brasil?trata-se de um problema cíclico ou estrutural?“Assim como na Europa, observamos alguns hedge funds posicionados em Bradesco — movimento semelhante ao dos investidores locais — com o argumento de que os ROEs vêm subindo, tendência que deve continuar por mais alguns trimestres, enquanto o valuation segue pouco exigente”, afirma o BTG.Ainda assim, do ponto de vista tático, o banco prefere Bradesco ao Banco do Brasil, “embora o Itaú continue sendo nossa única recomendação de compra entre os bancos incumbentes no Brasil”.