Os anos 80 foram uma década de excessos. Tudo era grande, intenso e chamativo: os ternos, os carros, os cortes de cabelo e, claro, os perfumes. A masculinidade da época era construída em torno de presença, poder e confiança absoluta. O homem dos anos 80 não queria passar despercebido — ele queria ser lembrado. E o perfume era uma das ferramentas mais importantes dessa construção.Na perfumaria masculina, isso se traduziu em fragrâncias potentes, de projeção alta e personalidade forte. Eram perfumes que chegavam antes do dono, ocupavam o ambiente e deixavam rastro por horas. Muitos deles se tornaram verdadeiros símbolos culturais e ajudaram a definir o que significava “cheirar bem” naquela década.Kouros: o perfume que virou lendaO Kouros, da Yves Saint Laurent, lançado em 1981, é talvez o maior símbolo olfativo dos anos 80. Inspirado na escultura grega que representava o ideal masculino, ele entregava uma fragrância intensa e extremamente provocadora. Era um perfume que não buscava agradar, mas impor presença.Seu sucesso foi imediato e polarizador. Amado por uns, rejeitado por outros, o Kouros se tornou sinônimo de masculinidade bruta. Um detalhe pouco comentado é que ele foi um dos primeiros perfumes masculinos a assumir sem medo notas consideradas “difíceis”, algo que abriu caminho para criações mais ousadas no futuro.Drakkar Noir: o fenômeno globalO Drakkar Noir, do Guy Laroche, lançado em 1982, foi um verdadeiro fenômeno comercial. Aromático, escuro e envolvente, ele dominou academias, escritórios e encontros noturnos, especialmente nos Estados Unidos. Por anos, foi um dos perfumes masculinos mais vendidos do mundo.Parte do sucesso vinha do equilíbrio entre impacto e acessibilidade. Ele era marcante, mas não excessivamente caro, o que o transformou em escolha quase automática para uma geração inteira. Há quem diga que, nos anos 80, reconhecer o cheiro do Drakkar Noir era tão comum quanto reconhecer uma música no rádio.Polo: o cheiro do poderO Polo, da Ralph Lauren, já existia desde o fim dos anos 70, mas foi nos anos 80 que ele se consolidou como símbolo de status. Verde, denso e sofisticado, era associado a clubes exclusivos, esportes de elite e um estilo de vida aspiracional.Usar o Polo era comunicar sucesso sem precisar dizer uma palavra. Um detalhe interessante é que ele ajudou a popularizar perfumes verdes mais intensos no mercado masculino, algo que hoje é menos comum, mas que na época representava elegância e autoridade.Antaeus: masculinidade de impactoO Antaeus, do Chanel, lançado em 1981, foi outra fragrância que definiu a ousadia da década. Inspirado em um personagem da mitologia grega que só era forte quando tocava o chão, o perfume trazia couro, especiarias e notas animais.Ele era visto como sofisticado, sério e maduro, muito usado por homens que queriam se afastar de perfumes óbvios ou juvenis. Curiosamente, o Antaeus nunca foi um campeão de vendas, mas sempre manteve um público extremamente fiel, algo raro no mercado.Fahrenheit: o rebelde eleganteO Fahrenheit, da Dior, lançado em 1988, chegou no final da década, mas já carregava toda a alma dos anos 80. Sua combinação inesperada de violeta com couro e notas quentes criou uma assinatura inconfundível.Enquanto muitos perfumes apostavam no excesso, o Fahrenheit chamava atenção pela originalidade. Ele provava que ainda era possível ser marcante sem seguir a cartilha tradicional da época. Não à toa, tornou-se um dos perfumes masculinos mais reconhecíveis da história.Aramis: o clássico corporativoO Aramis, da Estée Lauder, lançado ainda nos anos 60, viveu seu auge durante os anos 80. Amadeirado, sério e sofisticado, era presença constante em ambientes corporativos.Era o perfume do executivo confiante, do homem que queria transmitir estabilidade e autoridade. Um detalhe curioso é que ele foi um dos primeiros perfumes masculinos a se posicionar claramente como fragrância de negócios, algo hoje bastante comum, mas inovador na época.Por que os perfumes dos anos 80 ainda fascinam?Os perfumes masculinos dos anos 80 representam uma era em que a perfumaria não tinha medo de exagerar. Eles eram intensos, duradouros e cheios de identidade, características que hoje despertam nostalgia e admiração.Mesmo em um mercado atual dominado por fragrâncias mais limpas e discretas, esses clássicos continuam sendo revisitados, reformulados e redescobertos. Mais do que cheiros, eles contam a história de uma década em que presença era tudo — inclusive no ar.O post Anos 80: os perfumes masculinos que dominaram a década apareceu primeiro em El Hombre.