A maior parte do mercado está otimista com as ações da Vale (VALE3), mas também há uma parte significativa dos analistas ainda cautelosa com os ativos, seguindo com recomendação neutra para os papéis da mineradora. Morgan Stanley, XP Investimentos e UBS BB estão entre as casas que possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos, ainda que tenham visto uma melhora do ponto de vista micro para a companhia.A cautela reside muito nas perspectivas não muito positivas para o minério de ferro. O Morgan possui recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à manutenção) para o ADR (recibo de ações negociado na Bolsa de Nova York) VALE. Embora continue a enxergar valor a longo prazo nos ativos da empresa e esteja otimista com a visão clara para 2030 e a sólida equipe de gestão, espera que a alta incerteza em relação às perspectivas de oferta e distribuição de minério de ferro e a possibilidade de preços mais baixos impactem negativamente o desempenho das ações.“Além disso, os maiores pagamentos referentes ao acordo de Mariana limitarão a geração de fluxo de caixa livre da Vale, resultando em rendimentos de fluxo de caixa livre menores em comparação com as principais empresas do setor de minério de ferro na América Latina e no mundo”, avalia. O preço-alvo por ADR é de US$ 13.A XP também mantém recomendação neutra para a Vale em meio a preocupações relacionadas ao minério de ferro, mas reconheces melhorias bottom-up (micro) importantes na história da ação.Embora o UBS BB ainda veja continuidade na melhora operacional, avalia que esse avanço já está devidamente precificado. O banco destaca que a alta das ações, que subiram 35% em 2025, é merecida. Em março, o UBS BB já projetava que a evolução operacional impulsionaria o desempenho da mineradora. Esperava-se que, em três a quatro anos, a Vale entregasse um aumento de cerca de 20% na produção, para aproximadamente 360 milhões de toneladas por ano, redução de 15% no custo total, próximo de US$ 50 por tonelada, corte de 20% no capex e recuperação da unidade de metais básicos (VBM).O banco avalia que esse processo ainda pode continuar a expandir a geração de fluxo de caixa livre nos próximos anos. Além disso, os esforços em ESG têm sido reconhecidos por gestores globais, que retiraram a Vale de listas restritivas em 2025, liberando bilhões em fluxo para a ação. Há também impacto positivo de ETFs na bolsa brasileira, embora parte tenha sido revertida na última semana. Mesmo assim, o UBS BB considera que investidores devem começar a perceber que os ganhos da melhora operacional já estão refletidos no preço.A XP também destacou, após reunião recente com o diretor de RI da Vale, Thiago Lofiego, a melhora na história da companhia. A instituição continua a observar uma postura otimista quanto à perspectiva de crescimento do volume da Vale, com a meta anual de produção de 360 milhões de toneladas até 2030 sustentada por esforços contínuos de flexibilidade no portfólio.Em um nível macro, as discussões reforçaram a visão da casa de que os preços do minério de ferro estruturalmente acima dos US$ 100 a tonelada, com o esgotamento compensando as expectativas de aumento de capacidade, enquanto a expansão de Simandou pode enfrentar atrasos devido a desafios logísticos e geológicos.Além disso, a XP observa um sentimento mais otimista em relação aos Metais Básicos, apoiado por um plano de expansão mais concreto do cobre em direção a 700 mil toneladas até 2035 e uma meta de equilíbrio de níquel até 2026.Após anunciar um dividendo extraordinário de cerca de US$ 1 bilhão, a Vale reiterou suas metas de dívida líquida expandida em aproximadamente US$ 15 bilhões, dentro de uma faixa de US$ 10 a 20 bilhões. Considerando o atual perfil de geração de caixa da companhia, a XP Investimentos aponta que existe espaço para distribuições extraordinárias adicionais de dividendos caso os preços do minério de ferro se mantenham na faixa de US$ 100 a 105 por tonelada ao longo de 2026.The post VALE3: o que pensam os analistas que estão cautelosos com as ações da Vale? appeared first on InfoMoney.